Dom Schneider: 10 elementos de Renovação da Liturgia

Dom Schneider: 10 elementos de Renovação da Liturgia

 Do OnePeterFive

 

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“Já aqui este mistério te faz a terra, céu. Abre, pois, as portas do céu e olha; ou antes, não do céu, mas do Céu dos céus, e então poderás ver a verdade de tudo quanto te foi dito. De facto, como num palácio real, a parte mais sumptuosa de todas não é dada nem pelos muros nem pelos tecto de ouro, mas pelo corpo do rei que se senta no trono; o mesmo vale para o corpo do Rei que está nos Céus. Pois bem, este corpo agora é-te possível vê-lo aqui, na terra. Eu mostro-te, de facto, não anjos, nem arcanjos, não céus e céus dos céus, mas o seu próprio Senhor”

– São João Crisóstomo, Homilia em I Coríntios, citado em Dominus Est, pelo bispo Athanasius Schneider, p. 34

 

 

Em 14 de fevereiro de 2015, Dom Athanasius Schneider de Astana, Cazaquistão, deu uma palestra em Washington, DC patrocinada pelo Instituto Paulus. Durante a palestra, ele propôs ações concretas – dez elementos essenciais – que devem ser implementadas para realizar a renovação litúrgica.

Como participante, fiquei impressionado mais uma vez pela preocupação de sua excelência para com a reverência e a devoção no culto católico. Por causa do valor profundo dos insights que ele apresentou, eu gostaria de oferecer-vos o meu próprio resumo de seus principais temas.

O bispo instruiu que, desde os tempos apostólicos, a Igreja procurou ter a Liturgia Sagrada, e que é somente através da ação do Espírito Santo que se pode verdadeiramente adorar Cristo. Gestos exteriores de adoração que expressam reverência interior são vitais dentro do contexto da liturgia. Estes incluem reverências, genuflexões, prostrações, e semelhantes. Sua excelência citou os escritos de São João Crisóstomo sobre a liturgia, particularmente enfocando o seguinte tema: A liturgia da Igreja é a participação, e deve ser modelada, em cima da liturgia celeste dos anjos.

A noção de liturgia celeste, e nossa participação nela no Santo Sacrifício da Missa, oferece alguma perspectiva para aqueles de nós que podem ser tentados a dar como certo o milagre incrível em nosso meio. A realidade é que cada igreja Católica é, em si, um lugar em que habitam os anjos, arcanjos, o reino de Deus, e o próprio Ser Celestial de Deus. Se tivéssemos alguma forma capaz de sermos transportados para a liturgia celeste, não ousaríamos falar mesmo com aqueles que conhecemos e amamos. Quando estamos dentro de uma Igreja, devemos, portanto, falar reservadamente, e depois só de coisas sagradas.

Na igreja primitiva, o altar e outros objetos sagrados foram velados por respeito para com o Mistério Sagrado em que eles desempenharam um papel. Não houve, ao contrário da crença popular em nosso tempo presente, uma celebração versus populum da Missa ou até mesmo uma prática generalizada da comunhão na mão. O padre e as pessoas olhavam juntos para Deus no Oriente litúrgico.

Quando celebramos a liturgia, é Deus quem deve estar no centro.

O Deus encarnado. Cristo. Ninguém mais.

Nem mesmo o padre que atua em seu lugar.

Empobrece a liturgia quando nós reduzimos os sinais e gestos de adoração. Qualquer renovação litúrgica deve, portanto, restaurar os sinais e trazer um caráter mais cristocêntrico e transcendente da liturgia terrestre que é mais uma reminiscência da liturgia angelical.

Dez Elementos de Renovação

Dom Schneider ofereceu estes 10 pontos de aplicação que ele vê como fundamentais para a renovação litúrgica:

 

O tabernáculo, onde Jesus Cristo, o Deus encarnado, está realmente presente sob as espécies do pão deve ser colocado no centro do santuário, porque em nenhum outro sinal nesta terra é Deus, o Emmanuel, portanto, realmente presente e tão perto do homem como no tabernáculo. O tabernáculo é o sinal que indica e que contém a Presença Real de Cristo e, portanto, deve estar mais perto do altar e constituir com ele o sinal central, indicando o Mistério Eucarístico. O Sacramento do Tabernáculo e do Sacrifício do Altar não devem, portanto, estar em oposição ou separados, mas ambos em lugar central e juntos no Santuário (Presbitério). Toda a atenção daqueles que entram numa igreja deve espontaneamente ser direcionada para o tabernáculo e para o altar.

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“O tabernáculo, (…) deve ser colocado no centro do santuário”

Durante a Liturgia Eucarística – pelo menos durante a oração eucarística – quando Cristo, o Cordeiro de Deus é imolado, o rosto do padre não deve ser visto pelos fiéis. Mesmo os serafins cobrem seus rostos (Isaías 6, 2) quando adorando a Deus. Em vez disso, o rosto do padre deve ser voltada para a cruz, o ícone do Deus crucificado.

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“Durante a Liturgia Eucarística o rosto do padre não deve ser visto pelos fiéis.”

Durante a liturgia, deve-se haver mais sinais de adoração – especificamente genuflexões – especialmente cada vez que o sacerdote toca a hóstia consagrada.

 

Os fiéis que se aproximam para receber o Cordeiro de Deus na Sagrada Comunhão deve saudá-lo e recebê-lo com um ato de adoração, de joelhos. Que momento na vida dos fiéis é mais sagrado do que este momento de encontro com o Senhor?

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“Os fiéis que se aproximam para receber o Cordeiro de Deus na Sagrada Comunhão deve saudá-lo e recebê-lo com um ato de adoração, de joelhos. “

 

Deve haver mais espaço para o silêncio durante a liturgia, especialmente durante os momentos que expressam mais plenamente o mistério da redenção. Especialmente quando o Sacrifício da Cruz torna-se presente durante a oração eucarística.

 

Deve haver mais sinais exteriores que expressem a dependência do sacerdote de Cristo, o Sumo Sacerdote, e mostrar mais claramente que as palavras que o sacerdote pronuncia (ie., “Dominus Vobiscum“) e as bênçãos que ele oferece aos fiéis dependem e fluem de Cristo, Sumo Sacerdote, não dele, a pessoa privada. Não “Saúdo-vos” ou “eu te abençoo”, mas “eu, o Senhor” faço essas coisas. Cristo. Esses sinais podem ser (como foi praticado por séculos) o beijo do altar antes de cumprimentar as pessoas para indicar que esse amor não flui do sacerdote, mas a partir do altar; e também diante de bênção, para beijar o altar, e depois abençoar as pessoas. (Isto foi praticado por milênio, e, infelizmente, no Novo Rito foi abolido). Além disso, curvando-se em direção à cruz do altar, para indicar que Cristo é mais importante do que o sacerdote. Muitas vezes na liturgia – no Rito Antigo – quando um sacerdote expressava o nome de Jesus, ele teria que voltar-se para a cruz e fazer uma reverência para mostrar que a atenção deve estar em Cristo, e não ele.

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“Deve haver mais sinais exteriores que expressem a dependência do sacerdote de Cristo”

 

Deve haver mais sinais que expressem o mistério insondável da redenção. Isto poderia ser alcançado através do véu dos objetos litúrgicos, porque o uso do véu é um ato da liturgia dos anjos. Velar o cálice, velar a patena com o véu umeral, o velamento do corporal, velar as mãos do bispo quando celebra-se uma solenidade, o uso de mesas de comunhão, também, para velar o altar. Também sinais – sinais da cruz pelo sacerdote e os fiéis. O sacerdote fazer sinais da cruz durante a oração eucarística e pelos fiéis durante outros momentos da liturgia; quando estamos benzendo-nos com a cruz é um sinal de bênção. Na antiga liturgia, três vezes durante a Gloria, o Credo, e o Sanctus, os fiéis faziam o sinal da cruz. Estas são expressões do mistério.

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“Deve haver mais sinais que expressem o mistério insondável da redenção. Isto poderia ser alcançado através do véu dos objetos litúrgicos,”

 

Deve haver um sinal constante que expressa o mistério também por meio da linguagem humana– isto é, o latim é uma língua sagrada exigida pelo Concílio Vaticano II na celebração de cada Santa Missa e em cada lugar uma parte da oração eucarística deveria sempre ser dito em latim.

 

Todos aqueles que exercem um papel ativo na liturgia, como leitores, ou aqueles que rezam a oração dos fiéis, devem estar sempre vestidos com paramentos litúrgicos; e somente os homens, sem as mulheres, porque este é um exercício no Santuário, próximo ao do sacerdócio. Mesmo ler o lecionário é direcionado à liturgia onde estamos a celebrar a Cristo. E, portanto, somente homens vestidos com vestes litúrgicas devem estar no santuário.

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“Todos aqueles que exercem um papel ativo na liturgia,(…) devem estar sempre vestidos com paramentos litúrgicos”

 

A música e as canções durante a liturgia devem mais verdadeiramente refletir o caráter sagrado e devem se parecer com o canto dos anjos, como oSanctus, a fim de serem realmente mais capazes de cantar a uma só voz com os anjos. Não só oSanctus, mas toda a Santa Missa. Seria necessário que o coração, a mente e a voz do sacerdote e dos fiéis sejam direcionada para o Senhor. E que este seria manifestada por sinais e gestos exteriores também.

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“A música e as canções durante a liturgia devem mais verdadeiramente refletir o caráter sagrado “

 

Há uma grande quantidade de matéria para se refletir sobre isso aqui. Cada um desses dez pontos parece, pelo menos para mim, indispensável em nossa busca de culto verdadeiramente reverente em nossas igrejas. Nenhum desses pontos é incompatível com qualquer liturgia antiga da Igreja ou, talvez mais importante, com a liturgia imaginada pelos Padres conciliares na Constituição Sacrosanctum Concilium.

 

Seria uma tremenda bênção se mais bispos usassem estes dez pontos como diretrizes essenciais para a liturgia em suas dioceses. Convido você a enviá-los à seu próprio bispo para sua consideração. Houve mais pérolas nas questões, que eu tenha optado por não transcrever devido ao comprimento.

 

Eu também tive a oportunidade de conhecer brevemente o bispo na conclusão do seu discurso. Quando eu agradeci a ele por sua liderança em um momento em que parece que muitos dos nossos pastores não estão anunciando com vozes claras os ensinamentos da Igreja, ele me disse: “É você quem deve fazer isso. Você, os fiéis, as vossas famílias. Você deve ser santo. Você deve ensinar a fé a seus filhos. Você deve inspirar os sacerdotes“. Sobre o tema das vocações, ele disse que devemos oferecer aos nossos filhos a Deus, se quisermos para que eles recebam uma vocação. Parece que com este conselho – emparelhado com as sugestões concretas que anteriormente oferecidos em seu artigo publicado no início deste ano – Ele está chamando-nos, os leigos, para começar uma revolução de santidade, se quisermos ver a reforma da Igreja.

 

Parece que seria melhor começar.

Fonte :http://www.movimentoliturgico.org/10-elementos-de-renovacao-da-liturgia/

Reencarnação – Argumentos católicos contra os fundamentos do espiritismo

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Por: Orlando Fedeli

A doutrina da reencarnação é comum a vários sistemas religiosos, todos de fundo gnóstico. Ela provém de um erro a respeito do problema do mal e da justiça divina. Modernamente, a doutrina da reencarnação se tornou muito difundida pelo espiritismo.

Os reencarnacionistas defendem a tese de que cada pessoa teria várias vidas, e se reencarnaria para pagar os pecados de uma vida anterior. Desse modo, cada vida nos seria concedida para expiar erros, que não conhecemos, de uma vida que teríamos tido. Cada reencarnação seria um castigo pelos males que praticamos em vidas anteriores. Não haveria inferno. O castigo do homem seria viver neste mundo material, e não tornar-se puro espírito. Para os reencarnacionistas, “o inferno é aqui”.

Eles recusam admitir que esta vida é única, e que, após a morte, somos julgados por Deus e premiados com o céu, ou punidos temporariamente no purgatório, ou condenados eternamente ao inferno. Exigem uma “nova oportunidade”, enquanto recusam mudar de vida agora. A eles poderia ser aplicado o que diz um autor a respeito do tempo e do adiamento dos deveres: “Por que prometes fazer, num futuro que não tens, aquilo que recusas fazer no tempo que tens?”. Assim também o que defende a teoria da reencarnação pretende melhorar nas futuras vidas – que imagina terá – o que se recusa a melhorar já, na vida que tem.

Para os hinduístas, a reencarnação poderia se dar pela transmigração do espírito até no corpo de um animal ou planta. Para os espíritas, a reencarnação se daria apenas em corpos humanos.

REFUTAÇÃO

Se a alma humana se reencarna para pagar os pecados cometidos numa vida anterior, deve-se considerar a vida como uma punição, e não um bem em si. Ora, se a vida fosse um castigo, ansiaríamos por deixá-la, visto que todo homem quer que seu castigo acabe logo. Ninguém quer ficar em castigo longamente. Entretanto, ninguém deseja, em sã consciência, deixar de viver. Logo, a vida não é um castigo. Pelo contrário, a vida humana é o maior bem natural que possuímos.Se a alma se reencarna para pagar os pecados de uma vida anterior, dever-se-ia perguntar quando se iniciou esta série de reencarnações. Onde estava o homem quando pecou pela primeira vez? Tinha ele então corpo? Ou era puro espírito? Se tinha corpo, então já estava sendo castigado. Onde pecara antes? Só poderia ter pecado quando ainda era puro espírito. Como foi esse pecado? Era então o homem parte da divindade? Como poderia ter havido pecado em Deus? Se não era parte da divindade, o que era então o homem antes de ter corpo? Era anjo? Mas o anjo não é uma alma humana sem corpo. O anjo é um ser de natureza diversa da humana. Que era o espírito humano quando teria pecado essa primeira vez?Se a reencarnação fosse verdadeira, com o passar dos séculos haveria necessariamente uma diminuição dos seres humanos, pois que, à medida que se aperfeiçoassem, deixariam de se reencarnar. No limite, a humanidade estaria caminhando para a extinção. Ora, tal não acontece. Pelo contrário, a humanidade está crescendo em número. Logo, não existe a reencarnação.Respondem os espíritas que Deus estaria criando continuamente novos espíritos. Mas então, esse Deus criaria sempre novos espíritos em pecado, que precisariam sempre se reencarnar. Jamais cria ele espíritos perfeitos?Se a reencarnação dos espíritos é um castigo para eles, o ter corpo seria um mal para o espírito humano. Ora, ter corpo é necessário para o homem, cuja alma só pode conhecer através do uso dos sentidos. Haveria então uma contradição na natureza humana, o que é um absurdo, porque Deus tudo fez com bondade e ordem.Se a reencarnação fosse verdadeira, o nascer seria um mal, pois significaria cair num estado de punição, e todo nascimento deveria causar-nos tristeza Morrer, pelo contrário, significaria uma libertação, e deveria causar-nos alegria. Ora, todo nascimento de uma criança é causa de alegria, enquanto a morte causa-nos tristeza. Logo, a reencarnação não é verdadeira.Vimos que se a reencarnação fosse verdadeira, todo nascimento seria causa de tristeza. Mas, se tal fosse certo, o casamento – causador de novos nascimentos e reencarnações – seria mau. Ora, isto é um absurdo. Logo, a reencarnação é falsa.Caso a reencarnação fosse uma realidade, as pessoas nasceriam de determinado casal somente em função de seus pecados em vida anterior. Tivessem sido outros os seus pecados, outros teriam sido seus pais. Portanto, a relação de um filho com seus pais seria apenas uma casualidade, e não teria importância maior. No fundo, os filhos nada teria a ver com seus pais, o que é um absurdo.A reencarnação causa uma destruição da caridade. Se uma pessoa nasce em certa situação de necessidade, doente, ou em situação social inferior ou nociva — como escrava, por exemplo, ou pária – nada se deveria fazer para ajudá-la, porque propiciar-lhe qualquer auxílio seria, de fato, burlar a justiça divina que determinou que ela nascesse em tal situação como justo castigo de seus pecados numa vida anterior. É por isso que na Índia, país em que se crê normalmente na reencarnação, praticamente ninguém se preocupa em auxiliar os infelizes párias. A reencarnação destrói a caridade. Portanto, é falsa.A reencarnação causaria uma tendência à imoralidade e não um incentivo à virtude. Com efeito, se sabemos que temos só uma vida e que, ao fim dela, seremos julgados por Deus, procuramos converter-nos antes da morte. Pelo contrário, se imaginamos que teremos milhares de vidas e reencarnações, então não nos veríamos impelidos à conversão imediata. Como um aluno que tivesse a possibilidade de fazer milhares de provas de recuperação, para ser promovido, pouco se importaria em perder uma prova – pois poderia facilmente recuperar essa perda em provas futuras – assim também, havendo milhares de reencarnações, o homem seria levado a desleixar seu aprimoramento moral, porque confiaria em recuperar-se no futuro. Diria alguém: “Esta vida atual, desta vez, quero aproveitá-la gozando à vontade. Em outra encarnação, recuperar-me-ei” . Portanto, a reencarnação impele mais à imoralidade do que à virtude.Ademais, por que esforçar-se, combatendo vícios e defeitos, se a recuperação é praticamente fatal, ao final de um processo de reencarnações infindas?Se assim fosse, então ninguém seria condenado a um inferno eterno, porque todos se salvariam ao cabo de um número infindável de reencarnações. Não haveria inferno. Se isso fosse assim, como se explicaria que Cristo Nosso Senhor afirmou que, no juízo final, Ele dirá aos maus: “Ide malditos para o fogo eterno”? (Mt. XXV, 41)Se a reencarnação fosse verdadeira, o homem seria salvador de si mesmo, porque ele mesmo pagaria suficientemente suas faltas por meio de reencarnações sucessivas. Se fosse assim, Cristo não seria o Redentor do homem. O sacrifício do Calvário seria nulo e sem sentido. Cada um salvar-se-ia por si mesmo. O homem seria o redentor de si mesmo. Essa é uma tese fundamental da Gnose.Em conseqüência, a Missa e todos os Sacramentos não teriam valor nenhum e seriam inúteis ou dispensáveis. O que é outro absurdo herético.A doutrina da reencarnação conduz necessariamente à idéia gnóstica de que o homem é o redentor de si mesmo. Mas, se assim fosse, cairíamos num dilema:Ou as ofensas feitas a Deus pelo homem não teriam gravidade infinita;Ou o mérito do homem seria de si, infinito.

Que a ofensa do homem a Deus tenha gravidade infinita decorre da própria infinitude de Deus. Logo, dever-se-ia concluir que, se homem é redentor de si mesmo, pagando com seus próprios méritos as ofensas feitas por ele a Deus infinito, é porque seus méritos pessoais são infinitos. Ora, só Deus pode ter méritos infinitos. Logo, o homem seria divino. O que é uma conclusão gnóstica ou panteísta. De qualquer modo, absurda. Logo, a reencarnação é uma falsidade.

Se o homem fosse divino por sua natureza, como se explicaria ser ele capaz de pecado? A doutrina da reencarnação leva, então, à conclusão de que o mal moral provém da própria natureza divina. O que significa a aceitação do dualismo maniqueu e gnóstico. A reencarnação leva necessariamente à aceitação do dualismo metafísico, que é tese gnóstica que repugna à razão e é contra a Fé.É essa tendência dualista e gnóstica que leva os espíritas, defensores da reencarnação, a considerarem que o mal é algo substancial e metafísico, e não apenas moral. O que, de novo, é tese da Gnose.Se, reencarnando-se infinitamente, o homem tende à perfeição, não se compreende como, ao final desse processo, ele não se torne perfeito de modo absoluto, isto é, ele se torne Deus, já que ele tem em sua própria natureza essa capacidade de aperfeiçoamento infindo.A doutrina da reencarnação, admitindo várias mortes sucessivas para o homem, contraria diretamente o que Deus ensinou na Sagrada Escritura.

Por exemplo, São Paulo escreveu:

“O homem só morre uma vez” (Heb. IX, 27).

Também no Livro de Jó está escrito:

“Assim o homem, quando dormir, não ressuscitará, até que o céu seja consumido, não despertará, nem se levantará de seu sono”(Jó, XIV,12).

Finalmente, a doutrina da reencarnação vai frontalmente contra o ensinamento de Cristo no Evangelho. Com efeito, ao ensinar a parábola do rico e do pobre Lázaro, Cristo Nosso Senhor disse que, quando ambos morreram, foram imediatamente julgados por Deus, sendo o mau rico mandado para o castigo eterno, e Lázaro mandado para o seio de Abraão, isto é, para o céu. (Cfr. Lucas XVI, 19-31)

E, nessa mesma parábola Cristo nega que possa alguma alma voltar para ensinar algo aos vivos.

Em adendo a tudo isto, embora sem que seja argumento contrário à reencarnação, convém recordar que na, Sagrada Escritura, Deus proíbe que se invoquem as almas dos mortos.

No Deuteronômio se lê: “Não se ache entre vós quem purifique seu filho ou sua filha, fazendo-os passar pelo fogo, nem quem consulte os advinhos ou observe sonhos ou agouros, nem quem use malefícios, nem quem seja encantador, nem quem consulte os pitões [os médiuns] ou advinhos, ou indague dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas estas coisas e por tais maldades exterminará estes povos à tua entrada” (Deut. XVIII-10-12).

Fonte :Fedeli, Orlando – Reencarnação – Argumentos católicos contra os fundamentos do espiritismo
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=apologetica&artigo=reencarnacao&lang=bra 
Online, 06/04/2016 às 06:12h

LIBERTATIS NUNTIUS INSTRUÇÃO SOBRE ALGUNS ASPECTOS DA « TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO »

SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

INSTRUÇÃO
SOBRE ALGUNS ASPECTOS
DA « TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO »

 

INTRODUÇÃO

O Evangelho de Jesus Cristo é mensagem de liberdade e força de libertação. Esta verdade essencial tornou-se, nos últimos anos, objeto da reflexão dos teólogos, com uma nova atenção que, em si mesma, é rica de promessas.

A libertação é antes de tudo e principalmente libertação da escravidão radical do pecado. Seu objetivo e seu termo é a liberdade dos filhos de Deus, que é dom da graça. Ela exige, por uma consequência lógica, a libertação de muitas outras escravidões, de ordem cultural, económica, social e política, que, em última análise, derivam todas do pecado e constituem outros tantos obstáculos que impedem os homens de viver segundo a própria dignidade. Discernir com clareza o que é fundamental e o que faz parte das consequências, é condição indispensável para uma reflexão teológica sobre a libertação.

Na verdade, diante da urgência dos problemas, alguns são levados a acentuar unilateralmente a libertação das escravidões de ordem terrena e temporal, dando a impressão de relegar ao segundo plano a libertação do pecado e portanto de não atribuir-lhe praticamente a importância primordial que lhe compete. A apresentação dos problemas por eles proposta torna-se por isso confusa e ambígua. Outros, com a intenção de chegarem a um conhecimento mais exato das causas das escravidões que desejam eliminar, servem-se, sem a suficiente precaução crítica, de instrumentos de pensamento que é difícil, e até mesmo impossível, purificar de uma inspiração ideológica incompatível com a fé cristã e com as exigências éticas que dela derivam.

A Congregação para a Doutrina da Fé não pretende tratar aqui o vasto tema da liberdade cristã e da libertação em si mesmo. Propõe-se fazê-lo num documento posterior, no qual porá em evidência, de maneira positiva, toda a sua riqueza, tanto para a doutrina como para a prática.

A presente Instrução tem uma finalidade mais precisa e mais limitada: quer chamar a atenção dos pastores, dos teólogos e de todos os fiéis, para os desvios e perigos de desvio, prejudiciais à fé e à vida cristã, inerentes a certas formas da teologia da libertação que usam, de maneira insuficientemente crítica, conceitos assumidos de diversas correntes do pensamento marxista.

Esta advertência não deve, de modo algum, ser interpretada como uma desaprovação de todos aqueles que querem responder generosamente e com autêntico espírito evangélico à « opção preferencial pelos pobres ». Nem pode, de maneira alguma, servir de pretexto para aqueles que se refugiam numa atitude de neutralidade e de indiferença diante dos trágicos e urgentes problemas da miséria e da injustiça. Pelo contrário, é ditada pela certeza de que os graves desvios ideológicos que ela aponta levam inevitavelmente a trair a causa dos pobres. Mais do que nunca, convém que grande número de cristãos, com uma fé esclarecida e decididos a viver a vida cristã na sua totalidade, se empenhem, por amor a seus irmãos deserdados, oprimidos ou perseguidos, na luta pela justiça, pela liberdade e pela dignidade humana. Hoje mais do que nunca, a Igreja propõe-se condenar os abusos, as injustiças e os atentados à liberdade, onde quer que eles aconteçam e quaisquer que sejam seus autores, e lutar, com os seus próprios meios, pela defesa e promoção dos direitos do homem, especialmente na pessoa dos pobres.

I – UMA ASPIRAÇÃO

1. A poderosa e quase irresistível aspiração dos povos à libertação constitui um dos principais sinais dos tempos que a Igreja deve perscrutar e interpretar à luz do Evangelho.[1] Este fenómeno marcante de nossa época tem uma amplidão universal, manifesta-se porém em formas e em graus diferentes conforme os povos. È sobretudo entre os povos que experimentam o peso da miséria e entre as camadas deserdadas que esta aspiração se exprime com vigor.

2. Esta aspiração traduz a percepção autêntica, ainda que obscura, da dignidade do homem, criado « à imagem e semelhança de Deus » (Gên 1, 26-27), rebaixada e menosprezada por múltiplas opressões culturais, políticas, raciais, sociais e económicas, que muitas vezes se acumulam.

3. Ao revelar-lhes a sua vocação de filhos de Deus, o Evangelho suscitou no coração dos homens a exigência e a vontade positiva de uma vida fraterna, justa e pacífica, na qual cada pessoa possa encontrar o respeito e as condições da sua auto-realização espiritual e material. Esta exigência encontra-se, sem dúvida, na raiz da aspiração de que falamos.

4. Por consequência, o homem já não está disposto a sujeitar-se, passivamente ao peso esmagador da miséria, com suas sequelas de morte, doenças e depauperamento. Sente profundamente esta miséria como una intolerável violação da sua dignidade original. Muitos fatores, entre os quais é preciso incluir o fermento evangélico, contribuíram para o despertar da consciência dos oprimidos.

5. Já não se ignora, mesmo nos segmentos da população ainda dominados pelo analfabetismo, que, graças ao maravilhoso progresso das ciências e das técnicas, a humanidade, em constante crescimento demográfico, seria capaz de assegurar a cada ser humano um mínimo de bens exigidos pela sua dignidade de pessoa.

6. O escândalo das gritantes desigualdades entre ricos e pobres – quer se trate de desigualdades entre países ricos e países pobres, ou de desigualdades entre camadas sociais dentro de um mesmo território nacional – já não é tolerado. De um lado, atingiu-se uma abundância jamais vista até agora, que favorece o desperdício; e, de outro lado, vive-se ainda numa situação de indigência, marcada pela privação dos bens de primeira necessidade, de modo que já não se conta mais o número das vítimas da subnutrição.

7. A falta de equidade e de sentido de solidariedade nos intercâmbios internacionais reverte de tal modo em benefício dos países industrializados, que a distância entre ricos e pobres aumenta sem cessar. Daí o sentimento de frustração, entre os povos do Terceiro Mundo, e a acusação de exploração e de colonialismo económico lançada contra os países industrializados.

8. A recordação dos estragos causados por um certo tipo de colonialismo e de suas consequências aviva muitas vezes feridas e traumatismos.

9. A Sé Apostólica, na linha do Concílio Vaticano II, bem como as Conferências Episcopais, não têm cessado de denunciar o escândalo que constitui a gigantesca corrida armamentista que, além das ameaças que faz pesar sobre a paz, absorve enormes somas, uma parcela das quais seria suficiente para acudir às necessidades mais urgentes das populações privadas do necessário.

II – EXPRESSÕES DESTA ASPIRAÇÃO

1. A aspiração pela justiça e pelo reconhecimento efetivo da dignidade de cada ser humano, como qualquer outra aspiração profunda, exige ser esclarecida e orientada.

2. Com efeito, é um dever usar de discernimento acerca das expressões, teóricas e práticas, desta aspiração. Pois existem numerosos movimentos políticos e sociais que se apresentam como porta-vozes autênticos da aspiração dos pobres e como habilitados, mesmo com o recurso a meios violentos, a realizar as transformações radicais que poriam fim à opressão e à miséria do povo.

3. Deste modo, a aspiração pela justiça encontra-se muitas vezes prisioneira de ideologias que ocultam ou pervertem o seu sentido, propondo à luta dos povos para a sua libertação objetivos que se opõem à verdadeira finalidade da vida humana e pregando meios de ação que implicam o recurso sistemático à violência, contrários a uma ética que respeite as pessoas.

4. A interpretação dos sinais dos tempos à luz do Evangelho exige pois que se perscrute o sentido da aspiração profunda dos povos pela justiça, mas, ao mesmo tempo, que se examinem, com um discernimento crítico, as expressões teóricas e práticas que são componentes desta aspiração.

III – A LIBERTAÇÃO, TEMA CRISTÃO

1. Considerada em si mesma, a aspiração pela libertação não pode deixar de encontrar eco amplo e fraterno no coração e no espírito dos cristãos.

2. Assim, em consonância com esta aspiração, nasceu o movimento teológico e pastoral conhecido pelo nome de « teologia da libertação »: num primeiro momento nos países da América Latina, marcados pela herança religiosa e cultural do cristianismo; em seguida, nas outras regiões do Terceiro Mundo, bem como em alguns ambientes dos países industrializados.

3. A expressão « teologia da libertação » designa primeiramente uma preocupação privilegiada, geradora de compromisso pela justiça, voltada para os pobres e para as vítimas da opressão. A partir desta abordagem podem-se distinguir diversas maneiras, frequentemente inconciliáveis, de conceber a significação cristã da pobreza e o tipo de compromisso pela justiça que ela exige. Como todo movimento de ideias, as « teologias da libertação » englobam posições teológicas diversificadas; suas fronteiras doutrinais são mal definidas.

4. A aspiração pela libertação, como o próprio termo indica, refere-se a um tema fundamental do Antigo e do Novo Testamento. Por isso, tomada em si mesma, a expressão « teologia da libertação » é uma expressão perfeitamente válida: designa, neste caso, uma reflexão teológica centrada no tema bíblico da libertação e da liberdade e na urgência de suas incidências práticas. A convergência entre a aspiração pela libertação e as teologias da libertação não é pois fortuita. O significado desta convergência não pode ser compreendido corretamente se não à luz da especificidade da mensagem da Revelação, autenticamente interpretada pelo Magistério da Igreja.[2]

IV – FUNDAMENTOS BÍBLICOS

1. Uma teologia da libertação corretamente entendida constitui, pois, um convite aos teólogos a aprofundarem certos temas bíblicos essenciais, com o espírito atento às graves e urgentes questões que a atual aspiração pela libertação e os movimentos de libertação, eco mais ou menos fiel dessa aspiração, põem à Igreja. Não é possível esquecer, por um só instante, as situações de dramática miséria de onde brota a interpelação assim lançada aos teólogos.

2. A experiência radical da liberdade cristã[3] constitui aqui o primeiro ponto de referência. Cristo, nosso Libertador, libertou-nos do pecado e da escravidão da lei e da carne, que constitui a marca da condição do homem pecador. Ê pois a vida nova da graça, fruto da justificação, que nos torna livres. Isto significa que a mais radical das escravidões é a escravidão do pecado. As demais formas de escravidão encontram pois, na escravidão do pecado, a sua raiz mais profunda. É por isso que a liberdade, no pleno sentido cristão, caracterizada pela vida no Espírito, não pode ser confundida com a licença de ceder aos desejos da carne. Ela é vida nova na caridade.

3 As « teologias da libertação » recorrem amplamente à narração do Livro do Êxodo. Este constitui, de fato, o acontecimento fundamental na formação do Povo eleito. É preciso não perder de vista, contudo, que a significação específica do acontecimento provém de sua finalidade, já que esta libertação está orientada para a constituição do povo de Deus e para o culto da Aliança celebrado no Monte Sinai.[4]Por isso a libertação do Êxodo não pode ser reduzida a uma libertação de natureza prevalentemente ou exclusivamente política. É significativo, de resto, que o termo libertação seja ás vezes substituído na Sagrada Escritura pelo outro, muito semelhante, de redenção.

4. Jamais se apagará da memoria de Israel o episódio que originou o Êxodo. Ele é o ponto de referência quando, após a destruição de Jerusalém e o Exílio de Babilónia, o Povo eleito vive na esperança de uma nova libertação e, para além dessa, na expectativa de uma libertação definitiva. Nesta experiência, Deus é reconhecido como o Libertador. Ele estabelecerá com seu povo uma nova Aliança, marcada pelo dom do seu Espírito e pela conversão dos corações.[5]

5. As múltiplas angústias e desgraças experimentadas pelo homem fiel ao Deus da Aliança servem de tema para diversos salmos: lamentações, pedidos de socorro, ações de graças referem-se à salvação religiosa e à libertação. Neste contexto, a desgraça não se identifica pura e simplesmente com uma condição social de miséria ou com a sorte de quem sofre opressão política. Ela inclui também a hostilidade dos inimigos, a injustiça, a morte e a culpa. Os salmos nos remetem a uma experiência religiosa essencial: somente de Deus se espera a salvação e o remédio. Deus, e não o homem, tem o poder de mudar as situações de angústia. Assim, os « pobres do Senhor » vivem numa dependência total e confiante na providência amorosa de Deus.[6] Aliás, durante toda a travessia do deserto, o Senhor nunca deixou de prover à libertação e à purificação espirituais de seu povo.

6. No Antigo Testamento, os profetas, desde Amos, não cessam de recordar, com particular vigor, as exigências da justiça e da solidariedade e de formular um juizo extremamente severo sobre os ricos que oprimem o pobre. Tomam a defesa da viúva e do órfão. Proferem ameaças contra os poderosos: a acumulação de iniquidades acarretará necessariamente terríveis castigos. Isto porque não se concebe a fidelidade à Aliança sem a prática da justiça. A justiça em relação a Deus e a justiça em relação aos homens são inseparáveis. Deus é o defensor e o libertador do pobre.

7. Semelhantes exigências encontram-se também no Novo Testamento. Ali são até radicalizadas, como demonstra o discurso das Bem-aventuranças. Conversão e renovação devem operar-se no mais íntimo do coração.

8. Já anunciado no Antigo Testamento, o mandamento do amor fraterno estendido a todos os homens constitui agora a suprema norma da vida social.[7] Não há discriminações ou limites que possam opor-se ao reconhecimento de todo e qualquer homem como o próximo.[8]

9. A pobreza por amor ao Reino é exaltada. E na figura do Pobre, somos levados a reconhecer a imagem e como que a presença misteriosa do Filho de Deus que se fez pobre por nosso amor.[9] Este é o fundamento das inexauríveis palavras de Jesus sobre o Juízo, em Mt 25, 31-46. Nosso Senhor é solidário com toda desgraça; toda desgraça leva a marca de sua presença.

10. Contemporaneamente as exigências da justiça e da misericórdia, já enunciadas no Antigo Testamento, são aprofundadas a ponto de revestirem no Novo Testamento uma significação nova. Aqueles que sofrem ou são perseguidos são identificados com Cristo.[10] A perfeição que Jesus exige de seus discípulos (Mt 5, 18) consiste no dever de serem misericordiosos « como vosso Pai é misericordioso » (Lc 6, 36).

11. É à luz da vocação cristã ao amor fraterno e à misericórdia que os ricos são severamente admoestados para que cumpram o seu dever.[11]São Paulo, perante as desordens na Igreja de Corinto, acentua vigorosamente a ligação que existe entre tomar parte no sacramento do amor e repartir o pão com o irmão que se encontra em necessidade.[12]

12. A Revelação do Novo Testamento nos ensina que o pecado é o mal mais profundo, que atinge o homem no cerne da sua personalidade. A primeira libertação, ponto de referência para as demais, é a do pecado.

13. Se o Novo Testamento se abstém de exigir previamente, como pressuposto para a conquista desta liberdade, uma mudança da condição política e social, é sem dúvida, para salientar o caráter radical da emancipação trazida por Cristo, oferecida a todos os homens, sejam eles livres ou escravos politicamente. Contudo a Carta a Filêmon mostra que a nova liberdade, trazida pela graça de Cristo, deve necessariamente ter repercussão também no campo social.

14. Não se pode portanto restringir o campo do pecado, cujo primeiro efeito é o de introduzir a desordem na relação entre o homem e Deus, àquilo que se denomina « pecado social ». Na verdade, só uma adequada doutrina sobre o pecado permitirá insistir sobre a gravidade de seus efeitos sociais.

15. Não se pode tampouco situar o mal unicamente ou principalmente nas « estruturas » económicas, sociais ou políticas, como se todos os outros males derivassem destas estruturas como de sua causa: neste caso a criação de um « homem novo » dependeria da instauração de estruturas económicas e socio-políticas diferentes. Há, certamente, estruturas iníquas e geradoras de iniquidades, e é preciso ter a coragem de mudá-las. Fruto da ação do homem, as estruturas boas ou más são consequências antes de serem causas. A raiz do mal se encontra pois nas pessoas livres e responsáveis, que devem ser convertidas pela graça de Jesus Cristo, para viverem e agirem como criaturas novas, no amor ao próximo, na busca eficaz da justiça, do auto-domínio e do exercício das virtudes.[13]

Ao estabelecer como primeiro imperativo a revolução radical das relações sociais e ao criticar, a partir desta posição, a busca da perfeição pessoal, envereda-se pelo caminho da negação do sentido da pessoa e de sua transcendência, e destroem-se a ética e o seu fundamento, que é o caráter absoluto da distinção entre o bem e o mal. Ademais, sendo a caridade o princípio da autêntica perfeição, esta não pode ser concebida sem abertura aos outros e sem espírito de serviço.

V – A VOZ DO MAGISTÉRIO

1. Para responder ao desafio lançado à nossa época pela opressão e pela fome, o Magistério da Igreja, com a preocupação de despertar as consciências cristãs para o sentido da justiça, da responsabilidade social e da solidariedade para com os pobres e os oprimidos, relembram repetidamente a atualidade e a urgência da doutrina e dos imperativos contidos na Revelação.

2. Limitamo-nos a mencionar aqui apenas algumas destas intervenções: os pronunciamentos pontifícios mais recentes, Mater et Magistra e Pacem in terrisPopulorum progressio e Evangelii nuntiandi. Mencionemos ainda a carta ao Cardeal Roy, Octogésima adveniens.

3. O Concílio Vaticano II, por sua vez, tratou as questões da justiça e da liberdade na Constituição pastoral Gaudium et spes.

4. O Santo Padre insistiu em diversas oportunidades neste tema, particularmente nas encíclicas Redemptor hominisDives in Misericórdia e Laborem exercens. As numerosas intervenções que relembram a doutrina dos direitos do homem tocam diretamente nos problemas da libertação da pessoa humana em face dos diversos tipos de opressão de que é vítima. É preciso citar, especialmente neste contexto, o discurso proferido diante daXXXVI Assembleia geral da ONU, em New-York, no dia 2 de outubro de 1979.[14] No dia 28 de janeiro do mesmo ano, João Paulo II, ao abrir a Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Puebla, havia recordado que a verdade completa sobre o homem é a base da verdadeira libertação.[15] Este texto constitui um documento de referência direta para a teologia da libertação.

5. Por duas vezes, em 1971 e 1974, o Sínodo dos Bispos tratou de temas que se referem diretamente à concepção cristã da libertação: o tema da justiça no mundo e o tema da relação entre a libertação das opressões e a libertação integral ou a salvação do homem. Os trabalhos dos Sínodos de 1971 e de 1974 levaram Paulo VI a esclarecer, na Exortação apostólicaEvangelii nuntiandi, a relação que existe entre a evangelização e a libertação ou a promoção humana.[16]

6. A preocupação da Igreja pela libertação e pela promoção humana traduziu-se também no fato da constituição daPontifícia Comissão Justiça e Paz.

7. Numerosos Episcopados, de acordo com a Santa Sé, têm lembrado também eles a urgência e os caminhos para uma autêntica libertação humana. Neste contexto convém fazer menção especial dos documentos das Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano de Medellin, em 1968, e de Puebla, em 1979.Paulo VI esteve presente na abertura de MedellinJoão Paulo II na de Puebla. Ambos os Papas trataram do tema da conversão e da libertação.

8. Seguindo as pegadas de Paulo VI, insistindo na especificidade da mensagem do Evangelho,[17] especificidade que deriva da sua origem divina, João Paulo II, no discurso de Puebla, lembrou quais são os três pilares sobre os quais deve assentar una autêntica teologia da libertação: a verdade sobre Jesus Cristo, a verdade sobre a Igreja e a verdade sobre o homem.[18]

VI – UMA NOVA INTERPRETAÇÃO DO CRISTIANISMO

1. Não se pode esquecer a ingente soma de trabalho desinteressado realizado por cristãos, pastores, sacerdotes, religiosos e leigos que, impelidos pelo amor a seus irmãos que vivem em condições desumanas, se esforçam por prestar auxílio e proporcionar alívio aos inumeráveis males que são frutos da miséria. Entre eles, alguns se preocupam por encontrar os meios eficazes que permitam pôr fim, o mais depressa possível, a uma situação intolerável.

2. O zelo e a compaixão, que devem ocupar um lugar no coração de todos os pastores, correm por vezes o risco de se desorientar ou de serem desviados para iniciativas não menos prejudiciais ao homem e à sua dignidade do que a própria miséria que se combate, se não se prestar suficiente atenção a certas tentações.

3. O sentimento angustiante da urgência dos problemas não pode levar a perder de vista o essencial, nem fazer esquecer a resposta de Jesus ao Tentador (Mt 4, 4): « Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus » (Dt8, 3). Assim, sucede que alguns, diante da urgência de repartir o pão, são tentados a colocar entre parênteses e a adiar para amanhã a evangelização: primeiro o pão, a Palavra mais tarde. É um erro fatal separar as duas coisas, até chegar a opô-las. O senso cristão, aliás, espontaneamente sugere a muitos que façam uma e outra.[19]

4. A alguns parece até que a luta necessária para obter justiça e liberdade humanas, entendidas no sentido económico e político, constitua o essencial e a totalidade da salvação. Para estes, o Evangelho se reduz a um evangelho puramente terrestre.

5. É em relação à opção preferencial pelos pobres, reafirmada com vigor e sem meios termos, após Medellin, na Conferência dePuebla[20] de um lado, e à tentação de reduzir o Evangelho da salvação a um evangelho terrestre, de outro lado, que se situam as diversas teologias da libertação.

6. Lembremos que a opção preferencial, definida em Puebla, é dupla: pelos pobres e pelos jovens.[21] É significativo que a opção pela juventude seja, de maneira geral, totalmente silenciada.

7. Dissemos acima (cf. IV, 1) que existe uma autêntica « teologia da libertação », aquela que lança raízes na Palavra de Deus, devidamente interpretada.

8. Mas sob um ponto de vista descritivo, convém falar das teologias da libertação, pois a expressão abrange posições teológicas, ou até mesmo ideológicas, não apenas diferentes, mas até, muitas vezes, incompatíveis entre si.

9. No presente documento tratar-se-á somente das produções daquela corrente de pensamento que, sob o nome de « teologia da libertação », propõem uma interpretação inovadora do conteúdo da fé e da existência cristã, interpretação que se afasta gravemente da fé da Igreja, mais ainda, constitui uma negação prática dessa fé.

10. Conceitos tomados por empréstimo, de maneira a-crítica, à ideologia marxista e o recurso a teses de uma hermenêutica bíblica marcada pelo racionalismo encontram-se na raiz da nova interpretação, que vem corromper o que havia de autêntico no generoso empenho inicial em favor dos pobres.

VII – A ANÁLISE MARXISTA

1. A impaciência e o desejo de ser eficazes levaram alguns cristãos, perdida a confiança em qualquer outro método, a voltarem-se para aquilo que chamam de « análise marxista ».

2. Seu raciocínio é o seguinte: uma situação intolerável e explosiva exige uma ação eficaz que não pode mais ser adiada. Uma ação eficaz supõe uma análise científicadas causas estruturais da miséria. Ora, o marxismo aperfeiçoou um instrumental para semelhante análise. Bastará pois aplicá-lo à situação do Terceiro Mundo e especialmente à situação da América Latina.

3. Que o conhecimento científico da situação e dos possíveis caminhos de transformação social seja o pressuposto de uma ação capaz de levar aos objetivos prefixados, é evidente. Vai nisto um sinal de seriedade no compromisso.

4. O termo « científico », porém, exerce uma fascinação quase mítica; nem tudo o que ostenta a etiqueta de científico o é necessariamente. Por isso tomar emprestado um método de abordagem da realidade é algo que deve ser precedido de um exame crítico de natureza epistemológica. Ora, este prévio exame crítico falta a várias « teologias da libertação ».

5. Nas ciências humanas e sociais, convém estar atento antes de tudo à pluralidade de métodos e de pontos de vista, cada um dos quais põe em evidência um só aspecto da realidade; esta em virtude de sua complexidade, escapa a uma explicação unitária e unívoca.

6. No caso do marxismo, tal como se pretende utilizar na conjuntura de que falamos, tanto mais se impõe a crítica prévia, quanto o pensamento de Marx constitui uma concepção totalizante do mundo, na qual numerosos dados de observação e de análise descritiva são integrados numa estrutura filosófico-ideológica, que determina a significação e a importância relativa que se lhes atribui. Os a priori ideológicos são pressupostos para a leitura da realidade social. Assim, a dissociação dos elementos heterogéneos que compõem este amálgama epistemologicamente híbrido torna-se impossível, de modo que, acreditando aceitar somente o que se apresenta como análise, se é forçado a aceitar, ao mesmo tempo, a ideologia. Por isso não é raro que sejam os aspectos ideológicos que predominem nos empréstimos que diversos « teólogos da libertação » pedem aos autores marxistas.

7. A advertência de Paulo VI continua ainda hoje plenamente atual: através do marxismo, tal como è vivido concretamente, podem-se distinguir diversos aspectos e diversas questões propostas à reflexão e à ação dos cristãos. Entretanto, « seria ilusório e perigoso chegar ao ponto de esquecer o vínculo estreito que os liga radicalmente, aceitar os elementos da análise marxista sem reconhecer suas relações com a ideologia, entrar na prática da luta de classes e de sua interpretação marxista sem tentar perceber o tipo de sociedade totalitária à qual este processo conduz ».[22]

8. É verdade que desde as origens, mais acentuadamente porém nestes últimos anos, o pensamento marxista se diversificou, dando origem a diversas correntes que divergem consideravelmente entre si. Na medida, porém, em que se mantêm verdadeiramente marxistas, estas correntes continuam a estar vinculadas a um certo número de teses fundamentais que não são compatíveis com a concepção cristã do homem e da sociedade. Neste contexto, certas fórmulas não são neutras, mas conservam a significação que receberam na doutrina marxista original. É o que acontece com a « luta de classes ». Esta expressão continua impregnada da interpretação que Marx lhe deu e não poderia, por conseguinte, ser considerada, como um equivalente, de caráter empírico, da expressão « conflito social agudo ». Aqueles que se servem de semelhantes fórmulas, pretendendo reter apenas certos elementos da análise marxista,, que de resto seria rejeitada na sua globalidade, alimentam pelo menos um grave mal-entendido no espírito de seus leitores.

9. Lembremos que o ateísmo e a negação da pessoa humana,, de sua liberdade e de seus direitos, encontram-se no centro da concepção marxista. Esta contém de fato erros que ameaçam diretamente as verdades de fé sobre o destino eterno das pessoas. Ainda mais: querer integrar na teologia uma « análise » cujos critérios de interpretação dependam desta concepção ateia, significa embrenhar-se em desastrosas contradições. O desconhecimento da natureza espiritual da pessoa, aliás, leva a subordiná-la totalmente à coletividade e deste modo a negar os princípios de uma vida social e política em conformidade com a dignidade humana,

10. O exame crítico dos métodos de análise tomados de outras disciplinas impõe-se de maneira particular ao teólogo. É a luz da fé que fornece à teologia seus princípios. Por isso a utilização, por parte dos teólogos, de elementos filosóficos ou das ciências humanas tem um valor « instrumental » e deve ser objeto de um discernimento crítico de natureza teológica. Em outras palavras, o critério final e decisivo da verdade não pode ser, em última análise, senão um critério teológico. É à luz da fé, e daquilo que ela nos ensina sobre a verdade do homem e sobre o sentido último de seu destino, que se deve julgar da validade ou do grau de validade daquilo que as outras disciplinas propõem, de resto, muitas vezes à maneira de conjectura, como sendo verdades sobre o homem, sobre a sua história e sobre o seu destino.

11. Aplicados à realidade económica, social e política de hoje, certos esquemas de interpretação tomados de correntes do pensamento marxista podem apresentar, à primeira vista, alguma verosimilhança na medida em que a situação de alguns países oferece analogias com aquilo que Marx descreveu e interpretou, em meados do século passado. Tomando por base estas analogias, operam-se simplificações que, abstraindo de fatores essenciais específicos, impedem, de fato, uma análise verdadeiramente rigorosa das causas da miséria, mantêm as confusões.

12. Em certas regiões da América Latina, a monopolização de grande parte das riquezas por uma oligarquia de proprietários desprovidos de consciência social, a quase ausência ou as carências do estado de direito, as ditaduras militares que conculcam os direitos elementares do homem, o abuso do poder por parte de certos dirigentes, as manobras selvagens de um certo capital estrangeiro, constituem outros tantos fatores que alimentam um violento sentimento de revolta junto àqueles que, deste modo, se consideram vítimas impotentes de um novo colonialismo de cunho tecnológico, financeiro, monetário ou económico. A tomada de consciência das injustiças é acompanhada por un pathos que pede muitas vezes emprestado ao marxismo seu discurso, apresentado abusivamente como sendo um discurso « científico ».

13. A primeira condição para uma análise é a total docilidade à realidade que se pretende descrever. Por isso, uma consciência crítica deve acompanhar o uso das hipóteses de trabalho que se adotam. É necessário saber que elas correspondem a um ponto de vista particular, o que tem por consequência inevitável sublinhar unilateralmente certos aspectos do real, deixando outros na sombra. Esta limitação, que deriva da natureza das ciências sociais, é ignorada por aqueles que, à guisa de hipóteses reconhecidas como tais, recorrem a uma concepção totalizante, como é o pensamento de Marx.

VIII – SUBVERSÃO DO SENSO DA VERDADE E VIOLÊNCIA

1. Esta concepção totalizante impõe assim a sua lógica e leva as « teologias da libertação » a aceitar um conjunto de posições incompatíveis com a visão cristã do homem. Com efeito, o núcleo ideológico, tomado do marxismo e, que serve de ponto de referência, exerce a função de princípio determinante. Este papel lhe é confiado em virtude da qualificação de científico, quer dizer, de necessariamente verdadeiro, que lhe é atribuída. Neste núcleo podem-se distinguir diversos componentes.

2. Na lógica do pensamento marxista, a « análise » não é dissociável da praxis e da concepção da história à qual esta praxisestá ligada, A análise é pois um instrumento de crítica e a crítica não passa de uma etapa do combate revolucionário. Este combate é o da classe do Proletariado investido de sua missão histórica.

3. Em consequência, somente quemparticipa deste combate pode fazer uma análise correta.

4. A consciência verdadeira é pois uma consciência « partidarista ». Pelo que se vê, é a própria concepção da verdade que aqui está em causa e que se encontra totalmente subvertida: não existe verdade – afirma-se – a não ser na e pela praxis « partidarista ».

5. A praxis e a verdade que dela deriva, sãopraxis e verdade partidaristas, porque a estrutura fundamental da história está marcada pela luta de classes. Existe pois uma necessidade objetiva de entrar na luta de classes (que é o reverso dialético da relação de exploração que se denuncia). A verdade é a verdade de classe – não há verdade senão no combate da classe revolucionária.

6. A lei fundamental da história, que é a lei da luta de classes, implica que a sociedade esteja fundada sobre a violência. À violência que constitui a relação de dominação dos ricos sobre os pobres deverá responder a contra-violência revolucionária, mediante a qual esta relação será invertida.

7. A luta de classes é pois apresentada como uma lei objetiva e necessária. Ao entrar no seu processo, do lado dos oprimidos, « faz-se » a verdade, age-se « cientificamente ». Em consequência, a concepção da verdade vai de par com a afirmação da violência necessária e, por isso, com a do amoralismo político. Nesta perspectiva, a referência a exigências éticas, que prescrevam reformas estruturais e institucionais radicais e corajosas perde totalmente o sentido.

8. A lei fundamental da luta de classes tem um caráter de globalidade e de universalidade. Ela se reflete em todos os domínios da existência, religiosos, éticos, culturais e institucionais. Em relação a esta lei, nenhum destes domínios é autónomo. Em cada um esta lei constitui o elemento determinante.

9. Quando se assumem estas teses de origem marxista é, em particular, a própria natureza da ética qui é radicalmente questionada. De fato, o caráter transcendente da distinção entre o bem e o mal, princípio da moralidade, encontra-se implicitamente negado na ótica da luta de classes.

IX – TRADUÇÃO « TEOLÓGICA » DESTE NÚCLEO IDEOLÓGICO

1. As posições aqui expostas encontram-se às vezes enunciadas com todos os seus termos em alguns escritos de « teólogos da libertação ». Em outros, elas se deduzem logicamente das premissas colocadas. Em outros ainda, elas são pressupostas em certas práticas litúrgicas (como por exemplo a « Eucaristia » transformada em celebração do povo em luta), embora quem participa destas práticas não esteja plenamente consciente disso. Estamos pois diante de um verdadeiro sistema, mesmo quando alguns hesitam em seguir a sua lógica até o fim. Como tal, este sistema é uma perversão da mensagem cristã, como esta foi confiada por Deus à Igreja. Esta mensagem se encontra pois posta em xeque, na sua globalidade, pelas « teologias da libertação ».

2. Não é o fato das estratificações sociais, com as conexas desigualdades e injustiças, é a teoria da luta de classes como lei estrutural fundamental da história que é recebida por estas « teologias da libertação », na qualidade de princípio. A conclusão a que se chega é que a luta de classes, entendida deste modo, divide a própria Igreja e em função dela se devem julgar as realidades eclesiais. Pretende-se ainda que afirmar que o amor, na sua universalidade, é um meio capaz de vencer aquilo que constitui a lei estrutural primária da sociedade capitalista, seria manter, de má fé, uma ilusão falaz.

3. Dentro desta concepção, a luta de classes é o motor da história. A história torna-se assim uma noção central. Afirmar-se-á que Deus se fez história. Acrescentar-se-á que não existe senão uma única história, na qual já não é preciso distinguir entre história da salvação e história profana. Manter a distinção seria cair no « dualismo ». Semelhantes afirmações refletem um imanentismo historicista. Tende-se deste modo a identificar o Reino de Deus e o seu advento com o movimento de libertação humana e a fazer da mesma história o sujeito de seu próprio desenvolvimento como processo da auto-redenção do homem por meio de luta de classes. Esta identificação está em oposição com a fé da Igreja, como foi relembrada pelo Concílio Vaticano II.[23]

4. Nesta linha, alguns chegam até ao extremo de identificar o próprio Deus com a história e a definir a fé como « fidelidade à história », o que significa fidelidade comprometida com uma prática política, afinada com a concepção do devir da humanidade concebido no sentido de um messianismo puramente temporal.

5. Por conseguinte, a fé, a esperança e a caridade recebem um novo conteúdo: são « fidelidade à história », « confiança no futuro », « opção pelos pobres ». É o mesmo que dizer que são negadas em sua realidade teologal.

6. Desta nova concepção deriva inevitavelmente uma politização radical das afirmações da fé e dos juízos teológicos. Já não se trata somente de chamar a atenção para as consequências e incidências políticas das verdades de fé que seriam respeitadas antes de tudo em seu valor transcendente. Toda e qualquer afirmação de fé ou de teologia se vê subordinada a um critério político, que, por sua vez, depende da teoria da luta de classes, como motor da história.

7. Apresenta-se por conseguinte o ingresso na luta de classes como uma exigência da própria caridade; denuncia-se como atitude desmobilizadora e contrária ao amor pelos pobres a vontade de amar, de saída, todo homem, qualquer que seja a classe a que pertença, e de ir ao seu encontro pelas vias não-violentas do diálogo e da persuasão. Mesmo afirmando que ele não pode ser objeto de ódio, afirma-se com a mesma força que, pelo fato de pertencer objetivamente ao mundo dos ricos, ele é, antes de tudo, um inimigo de classe a combater. Como consequência, a universalidade do amor ao próximo e a fraternidade transformam-se num princípio escatológico que terá valor somente para o « homem novo », que surgirá da revolução vitoriosa.

8. Quanto à Igreja, a tendência é de encará-la simplemente como uma realidade dentro da história, sujeita ela também às leis que, segundo se pensa, governam o devir histórico na sua imanência. Esta redução esvazia a realidade específica da Igreja, dom da graça de Deus e mistério da fé. Contesta-se, igualmente, que a participação na mesma Mesa eucarística de cristãos que, por acaso, pertençam a classes opostas, tenha ainda algum sentido.

9. Na sua significação positiva, a Igreja dos pobres indica a preferência, sem exclusivismo, dada aos pobres, segundo todas as formas de miséria humana, porque eles são os prediletos de Deus. A expressão significa ainda que a Igreja, como comunhão e como instituição, assim como os membros da mesma Igreja, tomam consciência, em nosso tempo, das exigências da pobreza evangélica.

10. Mas as « teologias da libertação », que têm o mérito de haver revalorizado os grandes textos dos profetas e do Evangelho acerca da defesa dos pobres, passam a fazer um amálgama pernicioso entre opobre da Escritura e o proletariado de Marx. Perverte-se deste modo o sentidocristão do pobre e o combate pelos direitos dos pobres transforma-se em combate de classes na perspectiva ideológica da luta de classes. A Igreja dos pobres significa então Igreja classista, que tomou consciência das necessidades da luta revolucionária como etapa para a libertação e que celebra esta libertação na sua liturgia.

11. É necessário fazer uma observação análoga a respeito da expressão Igreja do povo. Do ponto de vista pastoral, pode-se entender com essa expressão os destinatários prioritários da evangelização, aqueles para os quais, em virtude de sua condição, se volta primeiro que tudo o amor pastoral da Igreja. É possível referir-se também à Igreja como « povo de Deus », ou seja, como o povo da Nova Aliança realizada em Cristo.[24]

12. As « teologias da libertação », a que aqui nos referimos, porém, entendem porIgreja do povo a Igreja da luta libertadora organizada. O povo assim entendido chega mesmo a tornar-se, para alguns, objeto de fé.

13. A partir de semelhante concepção da Igreja do povo, elabora-se uma crítica das próprias estruturas da Igreja. Não se trata apenas de uma correção fraterna dirigida aos pastores da Igreja, cujo comportamento não reflita o espírito evangélico de serviço e se apegue a sinais anacrónicos de autoridade que escandalizam os pobres. Trata-se, sim, de pôr em xeque a estrutura sacramental e hierárquica da Igreja, tal como a quis o próprio Senhor. São denunciados na Hierarquia e no Magistério os representantes objetivos da classe dominante, que é preciso combater. Teologicamente, esta posição equivale a afirmar que o povo é a fonte dos ministérios e portanto pode dotar-se de ministros à sua escolha, de acordo com as necessidades de sua missão revolucionária histórica.

X – UMA NOVA HERMENÊUTICA

1. A concepção partidarista da verdade, que se manifesta na praxis revolucionária de classe, corrobora esta posição. Os teólogos que não compartilham as teses da « teologia da libertação », a hierarquia e sobretudo o Magistério romano são assim desacreditados a priori, como pertencentes à classe dos opressores. A teologia deles é uma teologia de classe. Os argumentos e ensinamentos não merecem pois ser examinados em si mesmos, uma vez que refletem simplesmente os interesses de uma classe. Por isso, decreta-se que o discurso deles é, em princípio, falso.

2. Aparece aqui o carácter global e totalizante da « teologia da libertação ». Por isso mesmo, deve ser criticada não nesta ou naquela afirmação que ela faz, mas a partir do ponto de vista de classes que ela adopta a priori e que nela funciona como princípio hermenêutico determinante.

3. Por causa deste pressuposto classista, torna-se extremamente difícil, para não dizer impossível, conseguir com alguns « teólogos da libertação » um verdadeiro diálogo, no qual o interlocutor seja ouvido e seus argumentos sejam discutidos objetivamente e com atenção. Com efeito estes teólogos mais ou menos conscientemente, partem do pressuposto de que o ponto de vista da classe oprimida e revolucionária, que seria o mesmo deles constitui o único ponto de vista da verdade. Os critérios teológicos da verdade, vêem-se, deste modo, relativizados e subordinados aos imperativos da luta de classes. Nesta perspectiva substitui-se a ortodoxia como regra correta da fé pela ideia daortopráxis, como critério de verdade. A este respeito, é preciso não confundir a orientação prática, própria à teologia tradicional, do mesmo modo e pelo mesmo título que lhe é própria também a orientação especulativa, com um primado privilegiado, conferido a um determinado tipo de praxis. Na realidade esta última é apraxis revolucionária que se tornaria assim critério supremo da verdade teológica. Uma metodologia teológica sadia toma em consideração, sem dúvida, apraxis da Igreja e nela encontra um de seus fundamentos, mas isto porque essa praxisé decorrência da fé e constitui uma expressão vivenciada dessa fé.

4. A doutrina social da Igreja é rejeitada com desdém. Esta procede, afirma-se, da ilusão de um possível compromisso, próprio das classes médias, destituídas de sentido histórico.

5. A nova hermenêutica inserida nas « teologias da libertação » conduz a uma releitura essencialmente política da Escritura. É assim que se atribui a máxima importância ao acontecimento do Êxodo, enquanto libertação da escravidão política. Propõe-se igualmente una leitura política do Magnificat. O erro aqui não está em privilegiar uma dimensão política das narrações bíblicas; mas em fazer desta dimensão a dimensão principal e exclusiva, o que leva a uma leitura redutiva da Escritura.

6. Quem assim procede, coloca-se por isso mesmo na perspectiva de um messianismo temporal, que é uma das expressões mais radicais da secularização do Reino de Deus e de sua absorção na imanência da história humana.

7. Privilegiar deste modo a dimensão política, é o mesmo que ser levado a negar a radical novidade do Novo Testamento e, antes de tudo, a desconhecer a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, bem como o caráter específico da libertação que Ele nos traz e que é fundamentalmente libertação do pecado, fonte de todos os males.

8. Aliás, pôr de lado a interpretação autorizada do Magistério, denunciada como interpretação de classe, é afastar-se automaticamente da Tradição. É, par isso mesmo, privar-se de um critério teológico essencial para a interpretação e acolher no vazio assim criado, as teses mais radicais da exegese racionalista. Retoma-se, então, sem espírito crítico, a oposição entre o «Jesus da história » e o « Jesus da fé ».

9. Conserva-se, sem dúvida, a letra das fórmulas da fé, especialmente a de Calcedônia, mas atribui-se a essas fórmulas uma nova significação, que constitui uma negação da fé da Igreja. De um lado, rejeita-se a doutrina cristológica apresentada pela Tradição, em nome do critério de classe; e de outro lado, pretende-se chegar ao « Jesus da história » a partir da experiência revolucionária da luta dos pobres pela sua libertação.

10. Pretende-se reviver uma experiência análoga à que teria sido a de Jesus. A experiência dos pobres lutando por sua libertação, que teria sido a de Jesus, e só ela, revelaria assim o conhecimento do verdadeiro Deus e do Reino.

11. É claro que a fé no Verbo encarnado, morto e ressuscitado por todos os homens, a Quem « Deus fez Senhor e Cristo »[25] é negada. Toma o seu lugar uma « figura » de Jesus, uma espécie de símbolo que resume em si mesmo as exigências da luta dos oprimidos.

12. Propõe-se assim uma interpretação exclusivamente política da morte de Cristo. Nega-se desta maneira seu valor salvífico e toda a economia da redenção.

13. A nova interpretação atinge assim todo o conjunto do mistério cristão.

14. De um modo geral, ela opera o que se poderia chamar de inversão dos símbolos. Assim, em lugar de ver no Êxodo com São Paulo, uma figura do batismo,[26] se tenderá ao extremo de fazer deste um símbolo da libertação política do povo.

15. Pelo mesmo critério hermenêutico, aplicado à vida eclesial e à constituição hierárquica da Igreja, as relações entre a hierarquia e a « base » tornam-se relações de dominação que obedecem à lei da luta de classes. A sacramentalidade, que está na raiz dos ministérios eclesiásticos e que faz da Igreja uma realidade espiritual que não se pode reduzir a uma análise puramente sociológica, é simplesmente ignorada.

16. Verifica-se ainda a inversão dos símbolos no domínio dos sacramentos. A Eucaristia não é mais entendida na sua verdade de presença sacramental do sacrifício reconciliador e como dom do Corpo e do Sangue de Cristo. Torna-se celebração do povo na sua luta. Por conseguinte, a unidade da Igreja é radicalmente negada. A unidade, a reconciliação, a comunhão no amor não mais são concebidas como um dom que recebemos de Cristo.[27] É a classe histórica dos pobres que, mediante o combate, construirá a unidade. A luta de classes é o caminho desta unidade. A Eucaristia torna-se, deste modo, Eucaristia de classe. Nega-se também, ao mesmo tempo a força triunfante do amor de Deus que nos é dado.

XI – ORIENTAÇÕES

1. Chamar a atenção para os graves desvios que algumas « teologias da libertação » trazem consigo não deve, de modo algum, ser interpretado como uma aprovação, ainda que indireta, aos que contribuem para a manutenção da miséria dos povos, aos que dela se aproveitam, aos que se acomodam ou aos que ficam indiferentes perante esta miséria. A Igreja, guiada pelo Evangelho da Misericórdia e pelo amor ao homem, escuta o clamor pela justiça[28] e deseja responder com todas as suas forças.

2. Um imenso apelo é assim dirigido à Igreja. Com audácia e coragem, com clarividência e prudência, com zelo e força de ânimo, com um amor aos pobres que vai até ao sacrifício, os pastores, como muitos já fazem, hão-de considerar como tarefa prioritária responder a este apelo.

3. Todos aqueles, sacerdotes, religiosos e leigos que, auscultando o clamor pela justiça, quiserem trabalhar na evangelização e na promoção humana, fá-lo-ão em comunhão com seu bispo e com a Igreja, cada um na linha de sua vocação eclesial específica.

4. Conscientes do carácter eclesial de sua vocação, os teólogos colaborarão lealmente e em espírito de diálogo com o Magistério da Igreja. Saberão reconhecer no Magistério um dom de Cristo à sua Igreja[29] e acolherão a sua palavra e as suas orientações com respeito filial.

5. Somente a partir da tarefa evangelizadora, tomada em sua integralidade, se compreendem as exigências de uma promoção humana e de uma libertação autênticas. Esta libertação tem como pilares indispensáveis, a verdade sobre Jesus Cristo, o Salvador, a verdade sobre a Igreja, a verdade sobre o homem e sobre a sua dignidade.[30] É à luz das bem-aventuranças, da bem-aventurança dos pobres de coração em primeiro lugar, que a Igreja, desejosa de ser no mundo inteiro a Igreja dos pobres, quer servir a nobre causa da verdade e da justiça. Ela se dirige a cada homem e, por isso mesmo, a todos os homens. Ela é a « Igreja universal. A Igreja do mistério da encarnação. Não é a Igreja de uma classe ou de uma só casta. Ela fala em nome da própria verdade. Esta verdade é realista ». Ela leva a ter em conta « cada realidade humana, cada injustiça, cada tensão, cada luta ».[31]

6. Uma defesa eficaz da justiça deve apoiar-se na verdade do homem, criado à imagem de Deus e chamado à graça da filiação divina. O reconhecimento da verdadeira relação do homem com Deus constitui o fundamento da justiça, enquanto regula as relações entre os homens. Esta é a razão pela qual o combate pelos direitos do homem, que a Igreja não cessa de promover, constitui o autêntico combate pela justiça.

7. A verdade do homem exige que este combate seja conduzido por meios que estejam de acordo com a dignidade humana. Por isso o recurso sistemático e deliberado à violência cega, venha essa de um lado ou de outro, deve ser condenado.[32] Pôr a confiança em meios violentos na esperança de instaurar uma maior justiça é ser vítima de uma ilusão fatal. Violência gera violência e degrada o homem. Rebaixa a dignidade do homem na pessoa das vítimas e avilta esta mesma dignidade naqueles que a praticam.

8. A urgência de reformas radicais que incidam sobre estruturas que segregam a miséria e constituem, por si mesma, formas de violência, não pode fazer perder de vista que a fonte da injustiça se encontra no coração dos homens. Não se obterão pois mudanças sociais que estejam realmente ao serviço do homem senão fazendo apelo às capacidades éticas da pessoa e à constante necessidade de conversão interior.[33] Pois na medida em que colaborarem livremente, por sua própria iniciativa e em solidariedade, nestas necessárias mudanças, os homens, despertados no sentido de sua responsabilidade, crescerão em humanidade. A inversão entre moralidade e estruturas é própria de uma antropologia materialista, incompatível com a verdade do homem.

9. É pois igualmente ilusão fatal crer que novas estruturas darão origem por si mesmas a um « homem novo », no sentido da verdade do homem. O cristão não pode desconhecer que o Espírito Santo que nos foi dado é a fonte de toda verdadeira novidade e que Deus é o senhor da história.

10. A derrubada, por meio da violência revolucionária, de estruturas geradoras de injustiças não é pois ipso facto o começo da instauração de um regime justo. Um fato marcante de nossa época deve ocupar a reflexão de todos aqueles que desejam sinceramente a verdadeira libertação dos seus irmãos. Milhões de nossos contemporâneos aspiram legitimamente a reencontrar as liberdades fundamentais de que estão privados por regimes totalitários e ateus, que tomaram o poder por caminhos revolucionários e violentos, exatamente em nome da libertação do povo. Não se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporcionar-lhes liberdade, mantêm-se nações inteiras em condições de escravidão indignas do homem. Aqueles que, talvez por inconsciência, se tornam cúmplices de semelhantes escravidões, traem os pobres que eles quereriam servir.

11. A luta de classes como caminho para uma sociedade sem classes é um mito que impede as reformas e agrava a miséria e as injustiças. Aqueles que se deixam fascinar por este mito deveriam refletir sobre as experiências históricas amargas às quais ele conduziu. Compreenderiam então que não se trata, de modo algum, de abandonar uma via eficaz de luta em prol dos pobres em troca de um ideal desprovido de efeito. Trata-se, pelo contrário, de libertar-se de uma miragem para se apoiar no Evangelho e na sua força de realização.

12. Uma das condições para uma necessária retificação teológica é a revalorização do magistério social da Igreja. Este magistério não é, de modo algum, fechado. É, ao contrário, aberto a todas as novas questões que não deixam de surgir no decorrer dos tempos. Nesta perspectiva, a contribuição dos teólogos e dos pensadores de todas as regiões do mundo para a reflexão da Igreja é hoje indispensável.

13. Do mesmo modo, a experiência daqueles que trabalham diretamente na evangelização e na promoção dos pobres e dos oprimidos é necessária à reflexão doutrinal e pastoral da Igreja. Neste sentido é preciso tomar consciência de certos aspectos da verdade a partir dapraxis, se por praxis se entende a prática pastoral e uma prática social que conserva sua inspiração evangélica.

14. O ensino da Igreja em matéria social proporciona as grandes orientações éticas. Mas para que possa atingir diretamente a ação, ele precisa de pessoas competentes, do ponto de vista científico e técnico, bem como no domínio das ciências humanas e da política. Os pastores estarão atentos à formação destas pessoas competentes, profundamente impregnadas pelo Evangelho. São aqui visados, em primeiro lugar, os leigos, cuja missão específica é a de construir a sociedade.

15. As teses das « teologias da libertação » estão sendo largamente difundidas, sob uma forma ainda simplificada, nos cursos de formação ou nas comunidades de base, que carecem de preparação catequética e teológica e de capacidade de discernimento. São assim aceitas, por homens e mulheres generosos, sem que seja possível um juízo crítico.

16. É por isso que os pastores devem vigiar sobre a qualidade e o conteúdo da catequese e da formação que devem sempre apresentar a integralidade da mensagem da salvação e os imperativos da verdadeira libertação humana, no quadro desta mensagem integral.

17. Nesta apresentação integral do mistério cristão, será oportuno acentuar os aspectos essenciais que as « teologias da libertação » tendem especialmente a desconhecer ou eliminar: transcendência e gratuidade da libertação em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem; soberania de sua graça; verdadeira natureza dos meios de salvação, e especialmente da Igreja e dos sacramentos. Tenham-se presentes a verdadeira significação da ética, para a qual a distinção entre o bem e o mal não pode ser relativizada; o sentido autêntico do pecado; a necessidade da conversão e a universalidade da lei do amor fraterno. Chame-se a atenção contra uma politização da existência, que, desconhecendo ao mesmo tempo a especificidade do Reino de Deus e a transcendência da pessoa, acaba sacralizando a política e abusando da religiosidade do povo em proveito de iniciativas revolucionárias.

18. É frequente dirigir aos defensores da « ortodoxia » a acusação de passividade, de indulgência ou de cumplicidade culpáveis frente a situações intoleráveis de injustiça e de regimes políticos que mantêm estas situações. A conversão espiritual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e pela paz, o sentido evangélico dos pobres e da pobreza, são exigidos a todos, especialmente aos pastores e aos responsáveis. A preocupação pela pureza da fé não subsiste sem a preocupação de dar a resposta de um testemunho eficaz de serviço ao próximo e, em especial, ao pobre e ao oprimido, através de uma vida teologal integral. Pelo testemunho de sua capacidade de amar, dinâmica e construtiva, os cristãos lançarão, sem dúvida, as bases desta « civilização do amor » de que falou, depois de Paulo VI, a Conferência de Puebla.[34] De resto, são numerosos os sacerdotes, religiosos ou leigos, que se consagram de um modo verdadeiramente evangélico à criação de uma sociedade justa.

CONCLUSÃO

As palavras de Paulo VI, na Profissão de fé do povo de Deus, exprimem, com meridiana clareza, a fé da Igreja, da qual ninguém pode afastar-se sem provocar, juntamente com a ruína espiritual, novas misérias e novas escravidões.

« Nós professamos que o Reino de Deus iniciado aqui na terra, na Igreja de Cristo, não é deste mundo, cuja figura passa, e que seu crescimento próprio não se pode confundir com o progresso da civilização, da ciência ou da técnica humanas, mas consiste em conhecer cada vez mais profundamente as insondáveis riquezas de Cristo, em esperar cada vez mais corajosamente os bens eternos, em responder cada vez mais ardentemente ao amor de Deus e em difundir cada vez mais amplamente a graça e a santidade entre os homens. Mas é este mesmo amor que leva a Igreja a preocupar-se constantemente com o bem temporal dos homens. Não cessando de lembrar a seus filhos que eles não têm aqui na terra uma morada permanente, anima-os também a contribuir, cada qual segundo a sua vocação e os meios de que dispõem, para o bem de sua cidade terrestre, a promover a justiça, a paz e a fraternidade entre os homens, a prodigalizar-se na ajuda aos irmãos, sobretudo aos mais pobres e mais infelizes. A intensa solicitude da Igreja, esposa de Cristo, pelas necessidades dos homens, suas alegrias e esperanças, seus sofrimentos e seus esforços, nada mais é do que seu grande desejo de lhes estar presente para os iluminar com a luz de Cristo e reuni-los todos nele, seu único Salvador. Esta solicitude não pode, em hipótese alguma, comportar que a própria Igreja se conforme às coisas deste mundo, nem que diminua o ardor da espera pelo seu Senhor e pelo Reino eterno ».[35]

O Sumo Pontífice João Paulo 11, no decorrer de uma Audiência concedida ao Cardeal Prefeito que subscreve este documento, aprovou a presente Instrução, deliberada em reunião ordinária da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, e ordenou que a mesma fosse publicada.

Roma, Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de Agosto de 1984, na Festa da Transfiguração do Senhor.

Joseph Card. Ratzinger 
Prefeito

SB Alberto Bovone 
Arcebispo tit. de Cesárea de Numidia
Secretário

Notas

[1] Cf. Gaudium et spes, n. 4.

[2] Cf. Dei Verbum, n. 10.

[3] Cf. Gál 5, 1 ss.

[4] Cf. Êx 24.

[5] Cf. Jer 31, 31-34; Ez 36, 26 ss.

[6] Cf. Sof 3, 12 ss.

[7] Cf. Deut 10, 18-19.

[8] Cf. Lc 10, 25-27.

[9] Cf. 2 Cor 8, 9.

[10] Cf. Mt 25, 31-46; At 9, 4-5; Col 1, 24.

[11] Cf. Tg 5, 1 ss.

[12] Cf. 1 Cor 11, 17-34.

[13] Cf. Tg 2, 14-26.

[14] Cf. AAS 71, 1979, pp. 1144-1160.

[15] Cf. AAS 71, 1979, p. 196.

[16] Cf. Evangelii nuntiandi, nn. 25-33: AAS68, 1976, pp. 23-28.

[17] Cf. Evangelii nuntiandi, n. 32: AAS 68, 1976, p. 27.

[18] Cf. AAS 71, 1979, pp. 188-196.

[19] Cf. Gaudium et spes, n. 39; Pio XI,Quadragesimo annoAAS 23, 1931, p. 207.

[20] Cf. nn. 1134-1165 e nn. 1166-1205.

[21] Cf. Doc. de Puebla, IV, 2.

[22] Paulo PP. VIOctogesima adveniens, n. 34: AAS 63, 1971, pp. 424-425.

[23] Cf. Lumen gentium, nn. 9-17.

[24] Cf. Gaudium et spes, n. 39.

[25] Cf. At 2, 36.

[26] Cf. 1 Cor 10, 1-2.

[27] Cf. Ef 2, 11-12.

[28] Cf. Doc. de Puebla, I, 2, n. 3. 3.

[29] Cf. Lc 10, 16.

[30] Cf. João Paulo PP. IIDiscurso na abertura da Conferência de PueblaAAS 71, 1979, pp. 188-186.

[31] Cf. João Paulo PP. IIDiscurso na Favela « Vidigal», no Rio de Janeiro, 2 de Julho de 1980: AAS 72, 1980, pp. 852-858.

[32] Cf. Doc. de Puebla, II, 2, n. 5. 4.

[33] Cf. Doc. de Puebla, IV, 3, n. 3. 3.

[34] Cf. Doc. de Puebla, IV, 2, n. 2. 4.

[35] Paulo PP. VIProfissão de Fé do Povo de Deus, 30 de Junho de 1968: AAS 60, 1968, pp. 443-444.

 

 

Seis dicas para um casamento feliz

À luz da história, é possível dizer que o casamento “nasceu” em crise. Cristo, no entanto, veio redimir o homem – e também o matrimônio.

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Não há dúvidas de que a família está em crise. À luz da história, no entanto, é mais exato dizer que a família nasceu em crise. O plano primordial do Criador para o homem e a mulher – que vivessem o amor, como imagem do amor com que Deus os criou -, infelizmente, foi perturbado pelo pecado original. O Catecismo da Igreja Católica destaca que, “desde sempre, a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, pelo espírito de dominação, pela infidelidade, pelo ciúme e por conflitos que podem chegar ao ódio e à ruptura” [1].

Mas, como é verdade que “Deus todo-poderoso (…), sendo soberanamente bom, nunca permitiria que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do próprio mal, fazer surgir o bem” [2], Ele mesmo enviou, na plenitude dos tempos, o seu Filho, para redimir não só o homem, mas também todas as suas relações, de que se sobressai a união entre o homem e a mulher. Elevando o matrimônio à dignidade de sacramento, Nosso Senhor fez da aliança conjugal um sinal de Seu amor pela Igreja e um meio para a santificação e o crescimento mútuo dos esposos.

Se o seu casamento começou do jeito certo, com a graça do sacramento e a bênção da Igreja, meio caminho já foi andado. Agora, é preciso conformar-se ao dom recebido e educar-se a partir da moral católica e da cartilha dos santos, para transformar a sua família em uma autêntica Igreja doméstica. Seguem, abaixo, algumas breves dicas para continuar bem o caminho ou, quem sabe, colocar o seu relacionamento no eixo. São palavras da sabedoria de dois mil anos da Igreja, que com certeza ajudarão na construção do seu lar.

1. Ninguém pode saciar plenamente o seu coração

A primeira advertência pode parecer desalentadora, mas é, sem dúvida, a mais importante de todas: ninguém – absolutamente ninguém – pode saciar o seu coração. Muitas pessoas hoje se casam para “serem felizes”, com a esperança de que os seus esposos e as suas esposas as completem e montem para elas um “pequeno paraíso” nesta terra. Após um tempo, quando elas caem em si e percebem que o paraíso prometido não veio – e nem virá -, bate o desespero e a desilusão: afinal, o que deu errado?

O casal que entra nessa crise deve entender que nenhuma criatura pode saciar a sede de infinito do homem. Este só se realiza plenamente quando encontra o único Outro que o transcende: Deus.

“Fizestes-nos para Vós, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Vós” [3], reza Santo Agostinho. Mais do que ser companheiro para uma pessoa do sexo oposto, o ser humano foi “constituído à altura de ‘companheiro do Absoluto'” [4], como ensinou São João Paulo II.Mais do que um pacto matrimonial, o homem foi feito para uma aliança eterna com Deus.

2. Homens e mulheres são real e profundamente diferentes

Nenhuma ideologia pode obscurecer este fato inscrito na natureza humana: homens e mulheres são real e profundamente diferentes.

Para explicar a diferença entre os sexos, o escritor norte-americano John Gray chegou a colocar homens e mulheres em planetas diferentes. Em seu famoso best-seller “Os Homens São de Marte, as Mulheres São de Vênus”, ele conta que “marcianos” e “venusianas” viveram por muito tempo em paz, até que “os efeitos da atmosfera da Terra assumiram o controle, e certa manhã todos acordaram com (…) amnésia” [5]: tinham esquecido que vieram de planetas diferentes e, por isso, passaram a viver constantemente em conflito.

Pela história da Criação, nós sabemos que Deus criou o homem e a mulher no mesmo planeta, mas com as suas diferenças, e que a “amnésia” que iniciou o referido conflito nada mais é do que o pecado original, que “teve como primeira consequência a ruptura da comunhão original do homem e da mulher” [6].

Não se pode, porém, restaurar a harmonia entre o casal negando as diferenças evidentes entre os sexos, como em uma atitude de rebeldia contra o Criador. Mais do que uma história dos contos de fadas, o cavaleiro que, com sua armadura reluzente, mata o dragão e liberta a princesa do alto do castelo, é uma bela imagem de como o homem, por exemplo, é chamado à bravura. Na vida ordinária, isso significa enfrentar o mundo, trabalhando e provendo o sustento da casa e a segurança da família.

Para a mulher, a figura de mãe não é menos heróica. Significa a doação de amor para que os seus filhos vivam e recebam uma boa educação. Infelizmente, o feminismo tem introjetado na cabeça das mulheres que ser mãe é uma desgraça e que elas só serão felizes quando forem “iguais” aos homens. A realidade, porém, é que, após o tão sonhado “empoderamento” das mulheres, estas não encontraram a felicidade, mas tão somente a desilusão e a frustração de uma vida reduzida ao serviço do mercado e do próprio egoísmo. Como disse G. K. Chesterton, “o feminismo trouxe a ideia confusa de que as mulheres são livres quando servem aos seus empregadores, mas são escravas quando ajudam os seus maridos” [7].

3. Ame o seu cônjuge como Cristo amou a Igreja

Em sua Carta aos Efésios, São Paulo exorta os maridos a amarem as suas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela [8]. Com isso, demonstra que o amor não é um “sentimentalismo barato”, baseado no fundamento instável das emoções, mas uma determinação viril, baseada na rocha sólida da vontade. O pacto matrimonial é uma aliança de sangue, pela qual os esposos dizem um para o outro: “Eu derramo o meu sangue, mas não desisto de você”. Não sem razão o autor do Cântico dos Cânticos canta que “o amor é forte como a morte” [9].

De fato, o próprio Deus, no ato mais extremo de amor, morreu pelos nossos pecados. Seguindo o seu modelo, todo casal que sobe ao altar deve pensar que está subindo o Calvário, a fim de oferecer a Deus o sacrifício de si mesmo, pela salvação do outro. Para o bem da pessoa amada, na verdade, tanto o homem quanto a mulher devem fazer o que for preciso, mesmo que a isso custe fazer o que não se quer. Muitas contendas entre os casais começam justamente porque um não é capaz de “dar o braço a torcer” em favor do outro. Sacrificam-se, então, a paz e a harmonia entre os dois, para satisfazer as próprias veleidades, ao invés de se sacrificar a própria vontade em favor do outro.

Também para o casamento vale o chamado de Nosso Senhor: “Quem alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” [10].

4. Deus deve ser o centro de suas vidas e de seus dias

Não adianta morrer um pelo outro se, primeiro, não se ama a Deus. Por isso, Ele deve ser o centro de suas vidas e de seus dias.

Para amar alguém, primeiro, é preciso conhecê-lo. O que se diria de um casal de noivos que, estando prestes a se casar, não soubessem nada um do outro e não fizessem o mínimo esforço para se conhecerem? Com razão se poderia chamá-los de loucos, pois querem permanecer unidos até o fim da vida a quem nem mesmo conhecem. Ora, se para o casamento terreno, que finda com a morte, é preciso preparar-se com cuidado e empenho, quanto mais para o encontro com Deus, a quem estaremos unidos não por um dia ou uma vida, mas por toda a eternidade!

Por isso, é importante estudar as verdades de nossa fé, contidas principalmente no Catecismo da Igreja Católica e nos Evangelhos, sem jamais descuidar da oração, pela qual o próprio Deus Se revela e Se comunica a nós.

Uma vez conhecido o grande amor com que Deus nos amou, então, é preciso que o casal O ame de volta, mudando toda a sua rotina e a sua vida para colocá-Lo no primeiro lugar de tudo. Se de manhã se acordava correndo para ir ao trabalho, urge levantar um pouco mais cedo, para oferecer a Deus o que dia que começa – e, quem sabe, até participar da Santa Missa. Se à noite a família se reunia para assistir à TV e acabava vendo programas que não prestam – como são as novelas -, por que não começar a rezar o Santo Terço em família? Se o domingo tem sido tão somente o “feriado”, com passeios e viagens, está na hora de transformá-lo realmente em “dia do Senhor”, levando toda a família para um encontro com a melhor de todas as famílias, que é a Igreja.

Lembrem-se sempre que a sua aliança matrimonial é, antes de tudo, um compromisso com Deus. Dois sozinhos não são capazes de levar adiante um casamento; ao contrário, “a corda tripla não se arrebenta facilmente” [11].

5. O sexo não é um parque de diversões

A Igreja, ao mesmo tempo em que valoriza a sexualidade como um dom precioso do Criador, reconhece que “a sexualidade é fonte de alegria e prazer”. Com isso, ela não pretende dar aos seus filhos uma autorização para que, depois de casados, façam o que bem entenderem um com o outro, mas que vivam o sexo de forma equilibrada, mantendo-se, na expressão do Papa Pio XII, “dentro dos limites duma justa moderação” [12].

Infelizmente, em nosso mundo supersexualizado, o que deveria ser uma expressão de amor tem degenerado na busca do próprio egoísmo. É muito comum, por exemplo, que, saturados por múltiplas experiências com pornografia e masturbação, os homens queiram trazer o chiqueiro do mundo para o seu leito conjugal, transformando a mulher em um objeto de satisfação sexual, ao invés de amá-la e respeitá-la como pessoa e companheira. Por outro lado, as mulheres, em troca de compensação afetiva, acabam aceitando ser transformadas em “coisas” e usadas como objetos. Ao fim, o que deveria ser uma “aliança de amor” acaba se tornando um “consórcio de egoísmos”.

Para consertar as coisas, é preciso desmascarar a ideia, que alcançou sucesso com a Revolução Sexual, de que o sexo seria como um parque de diversões, o qual se buscaria tão somente para o prazer próprio e para a satisfação dos próprios caprichos. Isso não é o sexo, mas a sua perversão. A relação sexual foi concebida por Deus para unir os esposos, mas também para gerar vidas. Por isso, sexo significa, antes de qualquer coisa, família.

De fato, na família, todos vivem – ou deveriam viver – como em uma “ilha de paz”: a menina, por exemplo, pode andar tranquilamente por sua casa, consciente de que não será cobiçada por seu pai ou por seus irmãos. Para afastar do pensamento o adultério do coração [13], de que fala Nosso Senhor, seria sadio que os homens olhassem para as mulheres como se fossem suas “irmãs”, e vice-versa. Afinal, é nesse estado que todos os seres humanos se encontram, desde que nasceram, e que se encontrarão principalmente no fim de suas vidas, quando estiverem face a face com Deus.

Quando seu cônjuge envelhecer, por exemplo, vão-se embora com o tempo não só o vigor da juventude, como também os atrativos físicos do outro. Se seu relacionamento está baseado só no sexo, essa é uma péssima notícia. Se desde o começo, no entanto, você foi treinado para amar – e como diz o Apóstolo, “o amor tudo suporta” [14]-, você chegará à velhice feliz por ter sido casto e fiel.

6. Estejam sempre abertos ao dom dos filhos

Esta dica é indissociável da anterior: estejam sempre abertos ao dom dos filhos. Quando um casal deliberadamente se fecha à transmissão da vida, inicia um círculo de egoísmo e morte que destrói pouco a pouco a si mesmo.

Para entender a imperiosidade deste ensinamento, basta olhar para a natureza do ato sexual, que foi concebido pelo Criador tanto para unir os esposos quanto para torná-los participantes de Seu poder criador, na geração dos filhos. Se separar essas duas dimensões fora do matrimônio significa falta de compromisso, separá-las dentro do próprio casamento não deixa de ser uma manifestação “mais refinada”, por assim dizer, de egoísmo e falta de amor. Por isso a Igreja condena os métodos contraceptivos, que vão contra a própria verdade do sexo. Como ensina São João Paulo II, “o ato conjugal destituído da sua verdade interior, porque privado artificialmente da sua capacidade procriadora, deixa também de ser ato de amor” [15].

Todo casal deveria perguntar com sinceridade se a sua decisão de evitar filhos não vem mais de uma atitude de egoísmo por parte dos dois do que de uma razão realmente grave e justa.E, para quem argumenta que “filho dá despesa”, o Catecismo da Igreja Católica responde dizendo que “o filho não é uma dívida, é uma dádiva” [16]. Basta lançar um olhar às numerosas famílias de alguns anos atrás, que, embora não vivessem imersas em luxo, eram muito mais felizes que as minúsculas e egoístas famílias de hoje.

O salmista diz que “os filhos são a bênção do Senhor” [17]. Mesmo que a sociedade de hoje os veja como uma maldição, as palavras do Espírito Santo permanecem. Continua valendo a pena esperar de Deus o número de filhos que Ele quiser, ao invés de reduzirmos o número de crianças à medida do nosso comodismo.

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As dicas acima pretendem ser alguns curtos conselhos. Mas, não custa nada lembrar, de novo, que a plena felicidade o ser humano só alcançará no Céu, quando celebrar o matrimônio com o único e verdadeiro Esposo de nossas almas: o próprio Deus.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/seis-dicas-para-um-casamento-feliz

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS – MYSTERIA LUCIS (Rosário em Latim com Papa Bento XVI – Mistérios Luminosos)

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ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS

 

Mysteria Lucis

Introductio

V. Deus in adiutórium meum inténde

R. Dómine, ad adiuvándum me festina

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Primum mysterium: Iesus in Iordáne baptizátur

Pater Noster

Pater noster, qui es in caelis: sanctificétur nomen tuum;

Advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in caelo et in terra.

Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie;

Et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttumus debitóribus nostris;

Et ne nos indúcas in tentatiónem, sed líbera nos a malo.

Ave Maria (10)

Ave Maria, grátia plena, Dóminus tecum;

Benedícta tu in mulieribus,

Et bendíctus fructus ventris tui, Iesus.

Sancta María, Mater Dei,

Ora pro nobis peccatóribus,

Nunc et in hora mortis nostrae. Amen

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Secundum mysterium: Iesus apud Canénse Matrimónium se autorevélat

 1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Tertium mysterium: Iesus regnum Dei proclámat et ad conversiónem invítat

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quartum mysterium: Iesus in monte transfigurátur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quintum mysterium: Iesus Eucharístiam instítuir

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Salve Regina

Salve Regina, mater misericódiae; vita, dulcédo et spes nostra, salve.

Ad te clamámus, éxsules filii Hévae; ad te suspirámus, geméntes et fléntes in hac lacrimárum valle.

Éia érgo, Advocáta nostra, íllos túos misericórdes oculos ad nos convérte.

Et Iesum, benedíctum fructum ventris tui, nobis post hoc exsílium osténde.

O clémens, o pia, o dulcis Virgo Maria.

Litaniae Lauretanae

 Kyrie, eléison.

Christe, eléison.

Kyrie, eléison.

Christe, áudi nos.

Christe, exáudi nos.

 

Páter de caelis, Deus,

Fíli, Redémptor mundi, Deus,

Spíritus Sáncte, Deus,

Sancta Trínitas, únus Deus,

Sancta Maria,

Sancta Déi Génitrix,

Sancta Vírgo Vírginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divínae gratiae

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni consílii,

Mater Creatóris,

Mater Salvatóris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo pótens,

Virgo clémens,

Virgo fidélis,

Spéculum iustítiae,

Sédes sapiéntiae,

Causa nóstrae laetítiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insígne devotiónis,

Rosa mystica,

Turris Davídica,

Turris ebúrnea,

Domus áurea,

Foéderis arca,

Iánua caeli,

Stella matutina,

Sálus infirmórum,

Refúgium peccatórum,

Consolatrix afflictórum,

Auxílium Christianórum,

Regina Angelórum,

Regina Patriarchárum,

Regina Prophetárum,

Regina Apostolórum,

Regina Mártyrum,

Regina Confessórum,

Regina Vírginum,

Regina Sanctorum ómnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assúmpta,

Regina Sanctíssimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta múndi,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta mundi,

Ágnus Dei, qui tóllis peccata mundi,

Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix,

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis..

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

parce nobis, Domine.

exaudi nos, Domine.

miserere nobis.

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Orémus

Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectionem suam nobis salutis aeternae praemia comparavit: concede, quaesumus, ut, haec mysteria sactissimo Beatae Mariae Virginis Rosario recoléntes, et imitémur quod continent, et quod prmittunt, assequamur.

Per Christum Dóminum nostroum.

Amen

Dóminus vobiscum

Et cum spiritu tuo

Sit nomen Dómini benedictum

Ex hoc nunc et usque in saeculum

Adiutorium nostrum in nomine Dómine

Qui fecit caelum et terram

Benedicat vos omnipotens Deus,

Pater, et Filius, et Spiritus Sanctus. Amen

Fonte: http://ratzingerganswein.wordpress.com/category/oraciones/santo-rosario/mysteria-lucis/

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS – MYSTERIA GLORIAE (Rosário em Latim com Papa Bento XVI – Mistérios Gloriosos)

0 Fatima 16

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS

 

Mysteria Gloriae

Introductio

V. Deus in adiutórium meum inténde

R. Dómine, ad adiuvándum me festina

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Primum mysterium: Iesus a mórtuis resúrgit

Pater Noster

Pater noster, qui es in caelis: sanctificétur nomen tuum;

Advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in caelo et in terra.

Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie;

Et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttumus debitóribus nostris;

Et ne nos indúcas in tentatiónem, sed líbera nos a malo.

Ave Maria (10)

Ave Maria, grátia plena, Dóminus tecum;

Benedícta tu in mulieribus,

Et bendíctus fructus ventris tui, Iesus.

Sancta María, Mater Dei,

Ora pro nobis peccatóribus,

Nunc et in hora mortis nostrae. Amen

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Secundum mysterium: Iesus caelos ad Patris glóriam ascéndit

 1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Tertium mysterium: Spíritus Paráclitus supra discípulos descéndit

1 PATER NOSTER –10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quartum mysterium: Maria Virgo in caelum assúmpta est

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quintum mysterium: Maria Virgo in caelum regína coronátur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Salve Regina

Salve Regina, mater misericódiae; vita, dulcédo et spes nostra, salve.

Ad te clamámus, éxsules filii Hévae; ad te suspirámus, geméntes et fléntes in hac lacrimárum valle.

Éia érgo, Advocáta nostra, íllos túos misericórdes oculos ad nos convérte.

Et Iesum, benedíctum fructum ventris tui, nobis post hoc exsílium osténde.

O clémens, o pia, o dulcis Virgo Maria.

Litaniae Lauretanae

 Kyrie, eléison.

Christe, eléison.

Kyrie, eléison.

Christe, áudi nos.

Christe, exáudi nos.

 

Páter de caelis, Deus,

Fíli, Redémptor mundi, Deus,

Spíritus Sáncte, Deus,

Sancta Trínitas, únus Deus,

Sancta Maria,

Sancta Déi Génitrix,

Sancta Vírgo Vírginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divínae gratiae

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni consílii,

Mater Creatóris,

Mater Salvatóris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo pótens,

Virgo clémens,

Virgo fidélis,

Spéculum iustítiae,

Sédes sapiéntiae,

Causa nóstrae laetítiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insígne devotiónis,

Rosa mystica,

Turris Davídica,

Turris ebúrnea,

Domus áurea,

Foéderis arca,

Iánua caeli,

Stella matutina,

Sálus infirmórum,

Refúgium peccatórum,

Consolatrix afflictórum,

Auxílium Christianórum,

Regina Angelórum,

Regina Patriarchárum,

Regina Prophetárum,

Regina Apostolórum,

Regina Mártyrum,

Regina Confessórum,

Regina Vírginum,

Regina Sanctorum ómnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assúmpta,

Regina Sanctíssimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta múndi,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta mundi,

Ágnus Dei, qui tóllis peccata mundi,

Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix,

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

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ora pro nobis..

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ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

parce nobis, Domine.

exaudi nos, Domine.

miserere nobis.

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Orémus

Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectionem suam nobis salutis aeternae praemia comparavit: concede, quaesumus, ut, haec mysteria sactissimo Beatae Mariae Virginis Rosario recoléntes, et imitémur quod continent, et quod prmittunt, assequamur.

Per Christum Dóminum nostroum.

Amen

Dóminus vobiscum

Et cum spiritu tuo

Sit nomen Dómini benedictum

Ex hoc nunc et usque in saeculum

Adiutorium nostrum in nomine Dómine

Qui fecit caelum et terram

Benedicat vos omnipotens Deus,

Pater, et Filius, et Spiritus Sanctus. Amen

Fonte:http://ratzingerganswein.wordpress.com/category/oraciones/santo-rosario/mysteria-gloriae/

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS – MYSTERIA DOLORIS (Rosário em Latim com Papa Bento XVI – Mistérios Dolorosos)

PAPA-ROSARIO

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS

 

Mysteria Doloris

Introductio

V. Deus in adiutórium meum inténde

R. Dómine, ad adiuvándum me festina

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Primum mysterium: Iesus in horto Gethsémani orat

Pater Noster

Pater noster, qui es in caelis: sanctificétur nomen tuum;

Advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in caelo et in terra.

Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie;

Et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttumus debitóribus nostris;

Et ne nos indúcas in tentatiónem, sed líbera nos a malo.

Ave Maria (10)

Ave Maria, grátia plena, Dóminus tecum;

Benedícta tu in mulieribus,

Et bendíctus fructus ventris tui, Iesus.

Sancta María, Mater Dei,

Ora pro nobis peccatóribus,

Nunc et in hora mortis nostrae. Amen

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Secundum mysterium: Iesus flagéllis caeditur

 1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Tertium mysterium: Iesus spinis coronátur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quartum mysterium: Iesus cruce oneratus Cálvarie locum adit

1 PATER NOSTER –10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quintum mysterium: Iesus in cruce móritur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Salve Regina

Salve Regina, mater misericódiae; vita, dulcédo et spes nostra, salve.

Ad te clamámus, éxsules filii Hévae; ad te suspirámus, geméntes et fléntes in hac lacrimárum valle.

Éia érgo, Advocáta nostra, íllos túos misericórdes oculos ad nos convérte.

Et Iesum, benedíctum fructum ventris tui, nobis post hoc exsílium osténde.

O clémens, o pia, o dulcis Virgo Maria.

Litaniae Lauretanae

 Kyrie, eléison.

Christe, eléison.

Kyrie, eléison.

Christe, áudi nos.

Christe, exáudi nos.

 

Páter de caelis, Deus,

Fíli, Redémptor mundi, Deus,

Spíritus Sáncte, Deus,

Sancta Trínitas, únus Deus,

Sancta Maria,

Sancta Déi Génitrix,

Sancta Vírgo Vírginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divínae gratiae

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni consílii,

Mater Creatóris,

Mater Salvatóris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo pótens,

Virgo clémens,

Virgo fidélis,

Spéculum iustítiae,

Sédes sapiéntiae,

Causa nóstrae laetítiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insígne devotiónis,

Rosa mystica,

Turris Davídica,

Turris ebúrnea,

Domus áurea,

Foéderis arca,

Iánua caeli,

Stella matutina,

Sálus infirmórum,

Refúgium peccatórum,

Consolatrix afflictórum,

Auxílium Christianórum,

Regina Angelórum,

Regina Patriarchárum,

Regina Prophetárum,

Regina Apostolórum,

Regina Mártyrum,

Regina Confessórum,

Regina Vírginum,

Regina Sanctorum ómnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assúmpta,

Regina Sanctíssimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta múndi,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta mundi,

Ágnus Dei, qui tóllis peccata mundi,

Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix,

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis..

ora pro nobis.

ora pro nobis.

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ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

parce nobis, Domine.

exaudi nos, Domine.

miserere nobis.

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Orémus

Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectionem suam nobis salutis aeternae praemia comparavit: concede, quaesumus, ut, haec mysteria sactissimo Beatae Mariae Virginis Rosario recoléntes, et imitémur quod continent, et quod prmittunt, assequamur.

Per Christum Dóminum nostroum.

Amen

Dóminus vobiscum

Et cum spiritu tuo

Sit nomen Dómini benedictum

Ex hoc nunc et usque in saeculum

Adiutorium nostrum in nomine Dómine

Qui fecit caelum et terram

Benedicat vos omnipotens Deus,

Pater, et Filius, et Spiritus Sanctus. Amen

Fonte: http://ratzingerganswein.wordpress.com/category/oraciones/santo-rosario/mysteria-doloris/

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS – MYSTERIA GAUDII (Rosário em Latim com Papa Bento XVI – Mistérios Gozosos)

L'OSSERVATORE ROMANO

ROSARIUM BEATAE MARIAE VIRGINIS

 

Mysteria Gaudii

Introductio

V. Deus in adiutórium meum inténde

R. Dómine, ad adiuvándum me festina

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Primum mysterium: Angelus Dómini nuntiávit Mariae

Pater Noster

Pater noster, qui es in caelis: sanctificétur nomen tuum;

Advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in caelo et in terra.

Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie;

Et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttumus debitóribus nostris;

Et ne nos indúcas in tentatiónem, sed líbera nos a malo.

Ave Maria (10)

Ave Maria, grátia plena, Dóminus tecum;

Benedícta tu in mulieribus,

Et bendíctus fructus ventris tui, Iesus.

Sancta María, Mater Dei,

Ora pro nobis peccatóribus,

Nunc et in hora mortis nostrae.

Gloria Patri

Gloria Patri, et Filio, et Spirítui Sancto.

Sicut erat in principio, et nunc, et semper,

Et in saecula saeculórum. Amen.

Secundum mysterium: María Elísabeth vísitat

 1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Tertium mysterium: Iesus in Béthleem náscitur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quartum mysterium: Puer Iesus in templo praesentátur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Quintum mysterium: Puer Iesus in templo invenítur

1 PATER NOSTER – 10 AVE MARIA – 1 GLORIA

Salve Regina

Salve Regina, mater misericódiae; vita, dulcédo et spes nostra, salve.

Ad te clamámus, éxsules filii Hévae; ad te suspirámus, geméntes et fléntes in hac lacrimárum valle.

Éia érgo, Advocáta nostra, íllos túos misericórdes oculos ad nos convérte.

Et Iesum, benedíctum fructum ventris tui, nobis post hoc exsílium osténde.

O clémens, o pia, o dulcis Virgo Maria.

Litaniae Lauretanae

 Kyrie, eléison.

Christe, eléison.

Kyrie, eléison.

Christe, áudi nos.

Christe, exáudi nos.

 

Páter de caelis, Deus,

Fíli, Redémptor mundi, Deus,

Spíritus Sáncte, Deus,

Sancta Trínitas, únus Deus,

Sancta Maria,

Sancta Déi Génitrix,

Sancta Vírgo Vírginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divínae gratiae

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni consílii,

Mater Creatóris,

Mater Salvatóris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo pótens,

Virgo clémens,

Virgo fidélis,

Spéculum iustítiae,

Sédes sapiéntiae,

Causa nóstrae laetítiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insígne devotiónis,

Rosa mystica,

Turris Davídica,

Turris ebúrnea,

Domus áurea,

Foéderis arca,

Iánua caeli,

Stella matutina,

Sálus infirmórum,

Refúgium peccatórum,

Consolatrix afflictórum,

Auxílium Christianórum,

Regina Angelórum,

Regina Patriarchárum,

Regina Prophetárum,

Regina Apostolórum,

Regina Mártyrum,

Regina Confessórum,

Regina Vírginum,

Regina Sanctorum ómnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assúmpta,

Regina Sanctíssimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta múndi,

Ágnus Dei,

qui tóllis peccáta mundi,

Ágnus Dei, qui tóllis peccata mundi,

Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix,

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

miserére nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

ora pro nobis.

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ora pro nobis.

parce nobis, Domine.

exaudi nos, Domine.

miserere nobis.

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Orémus

Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectionem suam nobis salutis aeternae praemia comparavit: concede, quaesumus, ut, haec mysteria sactissimo Beatae Mariae Virginis Rosario recoléntes, et imitémur quod continent, et quod prmittunt, assequamur.

Per Christum Dóminum nostroum.

Amen

Dóminus vobiscum

Et cum spiritu tuo

Sit nomen Dómini benedictum

Ex hoc nunc et usque in saeculum

Adiutorium nostrum in nomine Dómine

Qui fecit caelum et terram

Benedicat vos omnipotens Deus,

Pater, et Filius, et Spiritus Sanctus. Amen

Fonte:http://ratzingerganswein.wordpress.com/category/oraciones/santo-rosario/mysteria-gaudii/

“Stabat Mater dolorosa…”

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Diversas  imagens e invocações da Virgem Maria salientam o aspecto de sua dor, ao ver o sofrimento e a morte do Filho. Desde muito cedo iniciou-se a devoção a Nossa Senhora das Dores. Sua imagem recorda as palavras do profeta Simeão, no templo de Jerusalém, na apresentação do Menino: “Uma espada transpassará a tua alma“. 

Ela contemplou Jesus nos momentos de dor – flagelação e crucifixão – e ela mesma viveu muitas dores: a perseguição de Herodes; a fuga para o Egito; a perda do Filho aos 12 anos, na peregrinação a Jerusalém; a morte e seputamento dele. O povo sofrido e constantemente em contato com as “dores” da vida se identifica enormemente com a Virgem Santíssima. Com ela também se consola e fortalece, pois o sofrimento é caminho para a glorificação!

Stabat Mater (do latim “Estava a Mãe”) é uma seqüencia do século XIII, atribuído ao franciscano Frei Jacopone de Todi. O poema começa com as palavras Stabat Mater dolorosa (“estava a Mãe dolorosa”), e fala do sofrimento de Maria, mãe de Jesus, durante a crucificação. Existe também o hino “Stabat Mater speciosa” (“estava a Mãe formosa”), atribuído ao mesmo autor, que contempla as alegrias de Maria junto ao presépio.

O poema foi musicado por muitos compositores, como Antonio Vivaldi, Rossini, Dvořák e Pergolesi, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Marc-Antoine Charpentier, Joseph Haydn, Emanuele d’Astorga, Charles Villiers Stanford, Charles Gounod, Krzysztof Penderecki, Francis Poulenc, Karol Szymanowski, Alessandro Scarlatti (1724), Domenico Scarlatti (1715), Pedro de Escobar, František Tüma, Arvo Pärt, Josef Rheinberger, Giuseppe Verdi, Zoltán Kodály, Trond Kverno (1991), Salvador Brotons (2000), Hristo Tsanoff, Bruno Coulais (2005), e mais recentemente Karl Jenkins.

A maioria do que existe escrito sobre o Dolorosa atribui a autoria do hino a Frei Jacopone de Todi, um franciscano que morreu em 1306. A Igreja só aprovou oficialmente seu uso litúrgico em 1727, quando foi incluído no Breviário Romano e no Missal para a Festa das Sete Dores, dividido em Vésperas (Stabat mater dolorosa), Matinas (Sancta Mater, istud agas) e Laudes (Virginum virgo praeclara). Entretanto Georgius Stella, chanceler de Genoa (d. 1420) em seus “Annales Genuenses” diz que ele começou a ser usado pelos Flagellantes em 1388. Em 1399 os Albati e os Bianchi já o cantavam na procissão dos Nove Dias em Provence. Parece que o texto foi roubado da Igreja da Sequência pelos heréticos. Se realmente o hino foi escrito por Frei Jacopone, partiu dos conventos para uso popular diretamente, o que não era comum na época.

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O hino já teve como prováveis autores São Gregório Magno (604), São Bernardo de Claraval (1153), Inocêncio III (1216), São Boaventura (1274), Frei Jacopone de Todi (1306), o papa João XXII (1334) e Gregório XI (1378). Destes, os mais prováveis são Inocêncio III e Jacopone. Bento XIV atribui sem dúvida a Inocêncio. Mone e Hurler também fazem essa atribuição. Já Dufield (Latin Hymns Writers and Theyr Hymns) e Mearns in Julian (Dictionary of Hymnology) rejeitam. Gregorovius acha que “o intelecto frio e majestoso do papa” não o tornaria capaz de elaborar um poema com tal doçura e suavidade calorosa. São Tomás de Aquino é quem faz uma referência a um manuscrito do século XIV contendo poemas de Jacopone dentre eles um Stabat. O argumento para Jacopone não é satisfatório.Seus hinos, escritos no dialeto umbriano tornaram-se populares e merecem respeito, mas muitos certamente não são seus (é duvidoso até se ele escreveu algum), ou em todo caso, qualquer coisa melhor que imitações de hinos em latim.

O Concílio de Trento e o Papa Pio VII quiseram abolir seu uso litúrgico, provavelmente devdido à sua popularidade, e de fato em 1570 foi proibido. O Papa Bento XIII em 1727 autorizou seu retorno para a festa das Sete Dores, realizada no dia 15 de Setembro. Este hino ainda hoje é cantado durante a Quaresma, na recitação e meditação da Via Sacra, entre uma estação e outra. Na Liturgia das Horas, está dividido e distribuído para algumas delas.

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Stabat Mater dolorosa juxta crucem lacrymosa
Estava a Mãe dolorosa, junto à cruz, lacrimosa,
Dum pendebat Filius.
Da qual pendia o Filho.
Cujus animam gementem, contristatam et dolentem
A espada atravessava
Pertransivit gladius
Sua alma agoniada, entristecida e dolorida.
O quam tristis et afflicta fuit illa benedicta,
Quão triste e aflita estava ali a bendita,
Mater Unigeniti!
Mãe do Unigênito!
Quae moerebat et dolebat et tremebat cum videbat
Quão abatida, sofrida e trêmula via
Nati poenas inclyti.
O sofrimento do Filho divino.
Quis est homo, qui non fleret,
Qual é o vivente que não chora,
Matrem Christi si videret in tanto supplicio?
Vendo a Mãe do Cristo em tamanho suplício?
Quis non posset contristari,
Quem não ficaria triste,
Christi Matrem contemplari dolentem cum Filio?
Contemplando a mãe aflita, padecendo com seu Filho?
Pro peccatis suae gentis vidit Jesum in tormentis
Por culpa de sua gente, ela viu Jesus torturado,
Et flagellis subditum.

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Submetido a flagelos.

Vidit suum dulcem natum moriendo desolatum,
Viu o Filho muito amado, morrendo abandonado,
Dum emisit spiritum.
Entregando o seu espírito.
Eja Mater, fons amoris, me sentire vim Doloris

Mãe, fonte de amor, que eu sinta a força da dor

Fac, ut tecum lugeam.
Para poder contigo pranteá-lo.
Fac,ut ardeat cor meum in amando Christum Deum,
Faz arder meu coração devido à partida do Cristo Deus,
Ut sibi complaceam.
Para que o possa agradar.
Sancta Mater, istud agas, crucifix fige plagas
Santa Mãe, dá-me isto: trazer as chagas do Cristo
Cordi meo valide.
Cravadas no coração.
Tui Nati vulnerati, tam dignati pro me pati,
Com teu Filho, que por mim morre assim,
Poenas mecum divide.
Quero o sofrimento partilhar.
Fac me tecum pie flere crucifixo condolere,
Dá-me contigo chorar pelo crucificado
Donec ego vixero.
Enquanto vida eu tiver.
Juxta crucem tecum stare et me tibi sociare,
Junto à cruz quero estar e me juntar
In planctu desidero. 
Ao teu pranto de saudade.
Virgo virginum praeclara, mihi jam non sis amara:
Virgem das virgens radiante, não te amargures:
Fac me tecum plangere.
Dá-me contigo chorar.
Fac, ut portem Christi mortem,
Que a morte de Cristo permita,
Passionis fac consortem
Que de sua paixão eu partilhe,
Et plagas recolere.
E que suas chagas possa venerar.
Fac me plagis vulnerari cruce hac inebriari
Que pelas chagas eu seja atingido e pela Cruz inebriado
Ob amorem Filii.
Pelo amor do Filho.
Inflammatus et ascensus per te Virgo sim defensus
Animado e elevado por ti Virgem, eu seja defendido
In die Judicii
No dia do juízo.
Amém.

Publicado originalmente em: Reflexões Franciscanas.

Quem o demônio mais odeia na Igreja?

E quem nos ajuda a entender um pouco mais sobre esta pergunta é Padre José Fortea, Exorcista espanhol.

“A Igreja conta entre os seus membros com Cardeais, Bispos, Pastores de todos os tipos, teólogos, pessoas que trabalham com a Caridade, Missionários etc…Mas o que o demônio odeia mesmo é o ASCETICISMO. Isso nós podemos dizer com segurança, porque ninguém é tentado tanto quanto aquele que é dedicado à ascese. Caso aquele que realize uma função eclesial ou um ministério, leve nisso os anos que for, se decide começar uma vida mais ascética, comprovará que as tentações se multiplicam por cem. Isso se deve ao fato de que o Maligno sabe muito bem que a ascese é uma força poderosíssima, é a força da Cruz, e a força da Cruz quebra a influência dele no mundo.Alguém poderia dizer que o demônio mais deveria temer é o amor e, portanto, o que mais ele deveria odiar seriam as obras de caridade. Mas ele sabe que àquele que inicia o caminho de ascese, se perseverar, Deus concederá o dom da caridade em grau supremo. Entretanto, aquele que se dedica exclusivamente a realizar as obras de caridade pode nunca chegar a uma vida ascética.

Há pessoas que têm dedicado sua vida inteira às obras de caridade, e, contudo, abrigam muitos defeitos em sua alma. Alguém pode dedicar – se a ajudar os pobres e os enfermos, por exemplo, entretanto fazê – lo com murmurações, críticas, desobediência, etc. Porém, se o asceta perseverar na purificação gradual de sua alma, obterá todos os dons. Por isso o demônio odeia o asceta com maior intensidade que a hierarquia eclesiástica ou mesmo aos exorcistas. O exorcista expulsa um, dois, uma dúzia de demonios… O asceta quebra de um modo muito mais poderoso a influência demoníaca neste mundo, simplesmente por ostentar sobre seu corpo e seu espírito a paixão cotidiana de sua vida crucificada.”

Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/blog/espiritualidade/quem-o-demonio-mais-odeia-dentro-da-igreja/#.VDUQfWddXYg