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O Mito da Inquisição Espanhola (Dublado) em 4 Partes

Documentário “O Mito da Inquisição Espanhola”, produzido pela BBC de Londres e exibido pela TV Escola. O vídeo traz depoimentos de pesquisadores isentos e renomados que se debruçaram sobre este complexo tema, desmitificando falsificações históricas arquitetadas com o único objetivo de criar uma lenda negra em torno desta complexa instituição e, destarte, desmerecer a Igreja Católica e sua contribuição decisiva na construção da civilização ocidental.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Vale a pena assistir e ver que o que muitos falam para denegrir a Igreja de Cristo não passam de MITOS.
PAX DOMINE

 

Técnica: Fé é, por definição, crer contra ou sem evidências

Esse truque é clássico. Certamente, na época em que eu debatia, ele era um dos mais frequentes em termos de aplicação (como sempre, faço a ressalva: você não precisa acreditar nessa informação. Mas dou uma dica: estude e DEBATA. O crescimento e a experiência que você ganha com o debate direto é impressionante). A estrutura do truque é simples: o neo-ateu dirá que você, por ser cristão, tem fé (o que é verdade). Em seguida, definirá a fé como a “crença contra as evidências” ou ainda “crença sem evidências”. Como o vocábulo ‘fé’ significa isso e, você tem fé, então sua crença é contra as evidências ou, no mínimo, ausente delas. Aí ele sairá cantando vitória e jogando para a torcida a sua “superioridade” contra o “crente” que “aceita acreditar sem evidências”.

Que a malandragem desse truque passa de quaisquer limites aceitáveis, não há dúvidas. Mas isso não é motivo para ficarmos calados e sim MAIS UM motivo para refutá-lo incisivamente.

A técnica se baseia no truque erístico da homonímia sutil. Isso ocorre quando duas pessoas, em um mesmo debate, utilizam um certo vocábulo e, aparentemente, estão falando da mesma coisa, quando na verdade a definição por trás do signo utilizado por ambos (nesse caso, ‘fé’) é completamente diferente. Vamos a um exemplo: eu chego num debate e afirmo “Eu acredito em Deus”. Ao ouvir isso, o neo-ateu dificilmente pensará que eu acredito no Puro Ato, no ‘esse ipsum subsistens’ (para utilizar a fórmula clássica), o ser perfeito sem nenhuma composição de ato ou potência, matéria e forma, essência e existência, mas sim em algum tipo de monstro super-humano e super-complexo que, de alguma forma, teve a sorte de (supostamente) ser o primeiro ser e iniciar seus caprichos quando deu na telha (isso se ele não acreditar que Deus está localizado em alguma parte do espaço). Nós dois estaremos fazendo uso do termo ‘Deus’ no debate, mas as nossas concepções sobre o que é Deus são praticamente opostas. A partir daí, ele utilizará a concepção (falsa) dele para me atacar de forma sistemática.

E o mesmo se dá no caso da fé. O neo-ateu tem a crença de que “fé” é “acreditar contra as evidências” (e essa crença possivelmente foi imposta a ele por meio de toneladas de propaganda em vídeos do youtube, imagens, livros de Dawkins, etc). Quando ele te perguntar se você tem fé e você responder “sim”, não importa o que você tinha em mente ao responder; ele se guiará pelo framework conceptual dele e começará a te atacar e ridicularizar imediatamente.

Para neutralizar essa técnica, lembre-se disso: ele JAMAIS pode proceder e DEFINIR o que significa o termo quando você é perguntado se acredita naquilo. Quem tem que fazer isso é VOCÊ. “Eu acredito nisso, mas isso significa TAL e TAL coisa para mim”. Assim, basta deixar CLARO, desde o início, o que significa “fé”, não deixando espaços para a difamação subsequente.

“Mas, Snow, então o que significa fé?” Isso é o que eu explicarei agora, na segunda parte do artigo (a primeira introduz o estratagema e ensina como neutralizar o truque, conforme exposto acima).

No dia a dia, “fé” significa simplesmente a confiança que temos em alguém ou algo. Por exemplo, imagine que o blogueiro Luciano Ayan fosse convidado para um debate contra uma figurinha carimbada da esquerda e um dos seus leitores, nos comentários, escrevesse: “Eu tenho fé que o Luciano fará um bom trabalho refutando o esquerdista”. Se convertermos essa frase para “Eu confio que o Luciano fará um bom trabalho refutando o esquerdista” NÃO há perda de significado. (Não sou filólogo, mas já li inclusive que a formação da palavra “confiança” se deu, na origem, exatamente pela a união dos termos “com” e “fides” [fé, em latim], o que explica a igualdade de sentido).

Esse pode ser um dos significados usados para definir a fé. Como eu disse em outro artigo, o contato da pessoa com o Cristianismo normalmente se desenvolve através de tentativas “DIRETAS” de relação com Deus. A partir daí, surge a fé na religião, que é a CONFIANÇA que Deus se relaciona com ela por aqueles meios. Se a pessoa nunca teve um pedido atendido ou nunca teve uma experiência religiosa, por exemplo, então é plausível pensar que a fé dela não vai ser alta. E o inverso também é verdadeiro.

Mais tradicionalmente, há uma definição teológica para a fé. Segundo Parente, Piolanti e Garofalo, no Dicionário de Teologia Dogmática, fé é “a adesão do intelecto, sobre a influência da graça de Deus, a uma verdade revelada por Deus, não por sua evidência intrínseca mas na base da autoridade que a revelou”.

Uma leitura superficial pode dar a impressão de que os neo-ateus estavam corretos, pois, afinal, a adesão do intelecto não se dá na base “da evidência intrínseca”. Mas uma observação detalhada demonstra que a história NÃO é bem assim.

O conhecimento pode ser descrito como a união do intelecto com o objeto inteligível (talvez essa definição necessite de algumas correções, mas isso não é o de interesse no momento). Uma verdade só nos é inteligível na medida em que ela se torna evidente para nós;  essa evidência pode vir de várias formas, como de forma imediata ou mediata. Entre as coisas imediatamente conhecidas, estão, por exemplo, a lei da não contradição e verdades matemáticas simples (como 1+1=2). Em relação a outras verdades, nós não a conhecemos de forma direta, mas ATRAVÉS de uma outra verdade que conhecemos. Por exemplo: eu não sou cientista e não tenho vergonha de dizer que não entendo profundamente a estrutura molecular das bactérias. Mas suponha que eu vá a uma conferência de cientistas certificados na matéria e verifique que o consenso, entre eles, é de que a estrutura molecular das bactérias é composta pelos elementos “XYZ”. Eu sei que a referida comunidade científica é confiável e sei que eles me informam esse último dado; logo, meu intelecto adere à verdade revelada por eles.

E como se deu essa adesão do meu intelecto? Não na base da evidência intrínseca do fato (que eles conhecem, mas eu, um leigo, não), mas na base da autoridade (a comunidade científica) que a revelou. Como a autoridade é humana e falível, esse conhecimento também é falível. Mesmo assim, ele não deixa de ser racional. Crer em algo não pela evidência intrínseca, mas pela evidência indireta que justifica essa crença é algo ABSOLUTAMENTE natural. Rejeitar tal forma de adesão do intelecto a uma verdade é, em resumo, rejeitar todo empreendimento científico.

No aspecto teológico, a fé é vista de forma semelhante. A fé envolve crer em alguma coisa da qual não podemos ter o conhecimento direto, mas que sabemos que devemos acreditar pois Deus, que é onisciente e infalível, nos revelou. Ela é baseada nas evidências (ao contrário do que o neo-ateu diria) na medida em que o fato de que Deus revelou tal e tal verdade, na visão tradicional, tanto pode quanto É justificado racionalmente de forma independente.

É por esse mesmo motivo que, tradicionalmente, existe a diferença entre os “artigos de fé” e os “preâmbulos da fé”. Os artigos são os objetos específicos que, em tese, só podemos conhecer através da Revelação de Deus. Os Preâmbulos da Fé são constituídos do conhecimento natural que JUSTIFICA a adesão do intelecto aos artigos de fé. É por isso que, ao comentar a existência de Deus, São Tomás de Aquino, na Suma Teológica (Parte I, Questão 2, Resposta à Objeção 1) diz que “A existência de Deus e outras verdades a Seu respeito que podem ser conhecidas pela razão natural não são artigos de fé, mas preâmbulos aos artigos, pois a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça pressupõe a natureza e a perfeição supõe algo que pode ser aperfeiçoado.” Como diz Edward Feser, “Em resumo, a razão nos diz que Deus existe e que ele revelou tais-e-tais verdades; fé é, então, uma questão de acreditar naquilo que a razão demonstrou que Deus revelou. Nesse sentido, a fé não só não está em conflito com a razão como ela está baseada nela”.

Observe que eu não inventei nada. Eu somente expus a visão que, pela minha pesquisa, é considerada a mais tradicional no seio do Cristianismo. Se algum neo-ateu vier e falar que “Ah, mas o pastor João da minha Igreja que começou na semana passada disse que fé é acreditar sem razões e ele é cristaum por isso voce nao pode dar essa definicao no seu artigo seu mentirosos!!!!!” ele vai estar COMPLETAMENTE fora do ponto. É óbvio que uma pessoa menos sofisticada pode ter aquele entendimento da fé, mas se estamos falando da versão mais sofisticada do Cristianismo, temos que ir ATÉ os cristãos mais sofisticados para ver o que eles dizem (caso contrário, fica configurada a técnica Seleção Interessada de Representantes da Religião).

Em resumo:

  • (1) O truque consiste em ele usar a PRÓPRIA definição de fé para dizer naquilo que VOCÊ acredita (e se é você que acredita, então é você que sabe qual a definição utilizada que constitui o objeto de sua crença);
  • (2) Portanto, para refutá-lo, deixe claro DESDE O INÍCIO o que significa “fé” no sentido que você adere;
  • (3) No sentido mais simples (do dia-a-dia), “fé” é o mesmo que “confiança” em algo ou alguém, e é, possivelmente, gerada pela relação direta que a pessoa desenvolve (ou pensa desenvolver) com Deus através de práticas cristãs que lhe dão a sensação de o Cristianismo é digno de confiança e, portanto, verdadeiro;
  • (4) No sentido mais sofisticado, a fé é definida como “a adesão do intelecto, sob a influência da graça de Deus, a uma verdade não pela evidência intrínseca, mas na base da autoridade que a revelou”. A adesão é gerada por evidências indiretas, o que não faz a fé ser a “crença sem evidências”, pois ela está baseado nos PREÂMBULOS, que a justificam anteriormente;

Enfim, a desonestidade intelectual é a de sempre. E em relação a esse truque específico, você já tem a base para refutá-lo.

Fonte:http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2012/02/21/tcnica-f-por-definio-crer-contra-ou-sem-evidncias/

Quem são os “irmãos” de Jesus?

Introdução

Os cristãos protestantes costumam ensinar que Maria, Mãe de Jesus, teve outros filhos além de Nosso Senhor. Que o Verdadeiro Espírito Santo nos permita mostrar aos nossos irmãos separados a verdade sobre os “irmãos” do Senhor.

Jesus, o primogênito

No Evangelho de São Lucas lemos: “Maria deu à Luz o seu filho primogênito” (Lc 2,7). Aqui os protestantes enxergam indícios de que o Senhor foi somente o primeiro filho de Maria. Ora, a palavra “primogênito” só significa primeiro filho, podendo ele ser filho único ou não.

A própria Escritura Sagrada dá testemunho disto, vejamos:

O Senhor disse a Moisés: “Faze o recenseamento de todos os primogênitos varões entre os israelitas, da idade de um mês para cima, e faze o levantamento dos seus nomes.” (Num 3,40) (grifos meus).

Se para que seja primogênito é preciso que haja outros irmãos, como pode haver primogênitos “da idade de um mês para cima”?

Um outro exemplo está no livro do Êxodo: “e morrerá todo primogênito na terra do Egito, desde o primogênito do faraó, que deveria assentar-se no seu trono, até o primogênito do escravo que faz girar a mó, assim como todo primogênito dos animais.” (Ex. 11,5).

E a promessa de Deus se cumpre, onde lemos: “Pelo meio da noite, o Senhor feriu todos os primogênitos no Egito, desde o primogênito do faraó, que devia assentar-se no trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. O faraó levantou-se durante a noite, assim como todos os seus servos e todos os egípcios e fez-se um grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto” (Ex. 12,29-30).

A própria tradição ensina que o Faraó só tinha um único filho. Desta forma, a palavra “primogênito” em Lc 2,7 não prova que o Senhor teve outros irmãos.

José “conheceu” Maria?

No Evangelho de São Mateus lemos: “José não conheceu Maria [não teve relações com ela] até que ela desse à luz um filho.” (Mt 1,25).

Neste trecho os protestantes entendem que depois do parto, José “conheceu” Maria.

Quem entende o mínimo de exegese bíblia e cultura judaica, saberá que o Evangelho de Mateus é coberto de “aramaísmos”, isto é, expressões típicas da língua aramaica e hebraica, que quando traduzidas para outra língua não possuem o mesmo significado.

A expressão “até que”, “até” ou “enquanto” na linguagem bíblica, diz respeito somente ao passado. Para que isso fique mais claro vejamos outros exemplos na própria Escritura:

Ainda em Mateus, encontramos a promessa do Senhor à Igreja: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28,20) (grifo meu). Será que o versículo quer dizer que após a consumação dos séculos, Jesus não estará mais com a Sua Igreja?

Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte” (2 Sam 6,23) (grifo meu). O escritor sagrado quer dizer que depois de sua morte, Micol teve filhos?

Falando Deus a Jacó do alto da escada que este vira em sonhos, disse-lhe: “Não te abandonarei, enquanto não se cumprir tudo o que disse” (Gn 28,15) (grifo meu). Depois que se cumprir o que o Senhor disse, Ele então deveria abandonar Jacó?

Em Gênesis lemos: “[Noé] Soltou o corvo que foi e não voltou até que as águas secassem sobre a terra” (Gn 8,7) (grifos meus). Aqui não significa que o corvo voltou após as águas secarem, o que se quer é dar ênfase ao fato de que ele não voltou, mostrando que as águas finalmente secaram.

Desta forma, em Mt 1,15, não significa que depois do parto José deveria “conhecer” Maria. O Evangelista quer mostrar aqui o milagre da encarnação do Verbo, que aconteceu por obra do Espírito Santo, sem a intervenção do homem (cf. Is 7,14).

A palavra “irmãos” na Escritura Sagrada

Nossos irmãos protestantes alegam que em diversos lugares, o Evangelho fala dos “irmãos” de Jesus, como por exemplo: “estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos querem ver-te” (Mt 12, 46-47; Mc 3,31-32; Lc 8,19-20).

É importante dizer que nas Sagradas Letras, as palavras “irmão”, “irmã”, “irmãos” e “irmãs” podem denotar qualquer grau de parentesco. Isto porque, as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzem o nosso “primo” ou “prima”, e serve-se da palavra “irmão” ou “irmã”. A palavra hebraica “ha“, e a aramaica “aha“, são empregadas para designar irmãos e irmã do mesmo pai, e não da mesma mãe (Gn 37, 16; 42,15; 43,5; 12,8-14; 39-15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23,21), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Existem muitos exemplos na Sagrada Escritura.

Observamos no Gênesis que “Taré gerou Abraão, Naor e Harã; e Harã gerou a Ló” (Gn 11,27). E Ló então era sobrinho de Abraão. Contudo no mesmo Gênesis, mais adiante Abraão chama a Ló de irmão (Gn 13,8).

Ainda em Gn 14,12, o Evangelho nos relata a prisão de Ló; e no versículo 14 observamos: “Ouvindo, pois Abraão que seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascido em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã“.

Jacó se declara irmão de Labão, quando na verdade era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29,12-15).

Assim a qualificação de alguém pela palavra “irmão” ou “irmã” em relação ao Senhor, não significa necessariamente que fossem irmãos de fato. A única certeza que se pode ter neste caso é que eram parentes do Senhor.

A quem os Evangelhos chamam de “irmãos” do Senhor?

Os Evangelhos qualificam algumas pessoas como “irmãos” do Senhor. A primeira referência que encontramos está em São Mateus, onde lemos:

Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?” (Mt 13,55).

Uma passagem correspondente encontramos em São Marcos:

Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito” (Mc 6,3).

1. A importância da expressão “uiós Marias“.

Interessante notar que São Marcos usa a expressão grega “uiós Marias“, em português “o filho de Maria“. Considerando Mateus e Lucas, observe o leitor que apenas o “o filho do carpinteiro” é chamado de “o filho de Maria” e não “um dos filhos de Maria“. Isso pode não fazer muita diferença em português, mas em grego é muito significativo.

Primeiramente pelo fato da mulher ser a última das criaturas no mundo antigo, normalmente a filiação de alguém sempre referenciava o pai. Por exemplo: “o filho de Jonas”, “o filho de Alfeu”, etc. Mas São Marcos ao falar da filiação de Cristo, não aponta para José, mas para Santa Maria, utilizando uma expressão que normalmente só era usada para designar filhos únicos.

É claro que esta ocorrência incomum no Evangelho de Marcos não é sem propósito. O Evangelista que mostrar que Cristo era o único filho de Santa Maria.

2. A Carta de São Paulo aos Gálatas

Segundo nossos irmãos protestantes, os supostos irmãos de sangue de Jesus seriam: Tiago, José, Simão e Judas. É o que o eles afirmam lendo Mt 13,55 e Mc 6,3, confiando que estão sendo guiados pelo Espírito Santo. Dizem ainda que São Paulo confirma isto, pois na carta aos Gálatas ele escreve: “Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas [Pedro], e fiquei com ele quinze dias. E dos outros apóstolos [que estão em Jerusalém] não vi a nenhum, senão a Tiago, irmão do Senhor? (Gl 1,18-19).

Segundo a referência paulina acima, este Tiago, “irmão do Senhor“, é de fato um Apóstolo.

Segundo as listas de Mateus, Marcos e Lucas, existiram dois apóstolos de nome Tiago. Vejamos:

Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor” (Mt 10, 2-4) (grifos meus).

Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador;  e Judas Iscariotes, que o entregou” (Mc 3,16-19) (grifos meus).

Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor” (Lc 6,13-16) (grifos meus).

Conforme podemos observar, um Tiago era filho de Zebedeu e o outro filho de Alfeu. Agora eu pergunto aos meus irmãos protestantes: o que tem Zebedeu e Alfeu com Santa Maria, Mãe de Jesus”

Ora, é ponto pacífico entre todos os cristãos que Santa Maria só foi casada com São José, e que não se casou depois. Portanto, este Tiago, o qual São Paulo se refere em sua carta aos Gálatas não era irmão de sangue do Senhor Jesus; logo, as palavras do Apóstolo não dão suporte à tese protestante.

3. Distinguindo os Tiagos

Primeiro é preciso fazer uma distinção entre os dois “Tiagos” que foram apóstolos. O Tiago, filho de Alfeu (cf. Mt 10,3; Mc 3,18; Lc 6,15) era também chamado de “o menor”, veja:

E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé” (Mc 15,40) (grifos meus).

Este Tiago que era irmão de José, não é filho de Zebedeu conforme vemos em São Mateus:

Havia ali também algumas mulheres que de longe olhavam; tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o servir. Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt 27,55-56) (grifos meus).

Como vemos acima, a Mãe de Tiago e José não é a mãe dos filhos de Zebedeu. Desta forma, o Tiago chamado “o menor” em Mc 15,40 era o filho de Alfeu. Com efeito, tanto São Marcos quanto São Lucas identificam este Tiago como irmão de José.

Podemos então distinguir os dois “Tiagos” assim: Tiago, o Maior, é filho de Zebedeu e Tiago, o Menor, é filho de Alfeu.

4. Os irmãos dos Tiagos

Na lista dos apóstolos de São Lucas, Judas era irmão do Tiago filho de Alfeu (cf. Lc 6,16), o que corrobora com o livro de Ato, onde encontramos:

Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago” (At 1,13) (grifos meus).

Segundo São Mateus e São Marcos este Judas era também chamado Tadeu (cf. Mt 10,3; Mc 3,18).

Até aqui os filhos de Zebedeu são Tiago (o Maior) e João (cf. Mc 3,16; Mt 10,2). Os filhos de Alfeu são Tiago (o Menor), Judas Tadeu e José (cf. Mt 10,3; Mc 3,18; Lc 6,15; At 1,13).

5. Quem é o Tiago referido na carta aos Gálatas?

São Paulo chama um dos “Tiagos” de “irmão do Senhor” (cf. Gl 1,19). Vimos ele ou é um dos filhos de Zebedeu ou Alfeu, e não de José, portanto, não é irmão de sangue do Senhor Jesus.

Quem é este Tiago a quem o Santo Apóstolo se refere? O Maior (filho de Zebedeu e irmão de João) ou o Menor (filho de Alfeu e irmão de Judas)?

Em Atos lemos que o Tiago, irmão de João foi morto após perseguição de Herodes:

Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes mandou prender alguns membros da Igreja para os maltratar. Assim foi que matou à espada Tiago, irmão de João” (At 12,1-2) (grifos meus).

Isto aconteceu depois que São Paulo esteve em Jerusalém para ver os Apóstolos, pois o seu relato em Gl 1,18-19 é o mesmo evento narrado por São Lucas em Atos 9:

Chegando a Jerusalém, [Paulo] tentava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não querendo crer que se tivesse tornado discípulo. Então Barnabé, levando-o consigo, apresentou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo vira o Senhor no caminho, e que lhe havia falado, e como em Damasco pregara, com desassombro, o nome de Jesus. Daí por diante permaneceu com eles, saindo e entrando em Jerusalém, e pregando, destemidamente, o nome do Senhor” (At 9, 26-28).

Assim, quando São Paulo esteve em Jerusalém para conhecer os apóstolos, os dois “Tiagos” estavam vivos, mas se prestarmos atenção na seqüência entre os capítulos 1 e 2 da carta aos Gálatas, veremos que o Tiago referido em Gl 2,9 parece ser o mesmo de Gl 1,19. O capítulo 2 da carta aos Gálatas se refere ao Concílio de Jerusalém, narrado em At 15, quando o Tiago, filho de Zebedeu já havia sido morto (cf. At 12,1-2).

Com efeito, Rufino (“Comentário ao Credo dos Apóstolos“, 37) e Eusébio de Cesaréia (“História Eclesiástica“, II,23), ambos historiadores da Igreja Antiga, registraram a Tradição Apostólica que identifica Tiago, autor da Epístola de Tiago, como irmão do Senhor. É sabido que o autor da Epístola a Tiago, é o Tiago filho de Alfeu, irmão de Judas Tadeu (cf. Jd 1,1), o autor da Epístola de Judas.

6. Identificando os “irmãos” de Jesus

Vimos que São Paulo dá testemunho da Tradição Apostólica de identificar Tiago, filho de Alfeu, como irmão do Senhor Jesus. Lembremos que este Tiago tem com irmãos Judas Tadeu e José.

Ora, exatamente os nomes Tiago, Judas e José que encabeçam a lista dos “irmãos” de Jesus na lista dos Evangelistas, lembremos:

Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito” (Mc 6,3) (grifos meus).

Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?” (Mt 13,55) (grifos meus).

7. Identificando a mãe dos “irmãos” de Jesus

Para ficar ainda mais claro que Tiago, José e Judas são primos de Jesus, vamos identificar mãe deles.

Os evangelistas relataram que além da Mãe de Jesus, outras mulheres estavam próximas ao calvário. Vejamos:

Havia ali [no Calvário] também algumas mulheres que de longe olhavam; tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o servir. Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt 27,55-56) (grifos meus).

Segundo São Mateus eram elas: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José e a mãe dos filhos de Zebedeu. Com efeito, Tiago e José que também são irmãos de Judas Tadeu tem por mãe uma Maria que não é a mãe do Senhor. Os filhos de Zebedeu são Tiago Maior e São João, cuja mãe também estava na cena da crucificação.

E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé” (Mc 15,40).

São Marcos eram elas: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José que também são irmãos de Judas e Salomé. Em concordância com São Mateus, Salomé só pode ser a mãe dos filhos de Zebedeu, isto é, a mãe de Tiago Maior e São João. Novamente a Maria mãe de Tiago, Judas e José não é a Maria mãe de Jesus. Esta Maria tinha por marido Alfeu.

Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria [esposa] de Cleofas, e Maria de Mágdala” (Jo 19,25).

São João identifica Maria esposa de Cleofas como tia de Jesus, isto é, irmã de Santa Maria. Ora, sabemos que Tiago Maior e São João não são primos de Jesus, caso contrário seriam chamados “irmãos do Senhor”; assim, Salomé não é a Maria esposa de Cleofas.

Esta Maria, esposa de Cleofas, é a mãe de Tiago, José e Judas. Portanto, estes “irmãos” de Jesus, são na verdade seus primos, filhos de Maria, tia de Jesus.

Como na antiguidade os homens normalmente eram conhecidos por dois nomes, alguns acreditam que Cleofas é o outro nome de Alfeu. Outros sustentam a tese de que Cleofas é o marido de um segundo casamento de Maria, tia de Jesus. Com efeito, somente Tiago é referido como filho de Alfeu (ver item 2 deste artigo), enquanto se diz apenas que Judas e José são seus irmãos.

Sendo Alfeu e Cleofas, a mesma pessoa ou não, isso não oferece qualquer problema, pois de fato Tiago, Judas e José, são filhos de Maria, tia de Jesus; não importando se Tiago Menor é filho de Alfeu e Judas e José filhos de Cleofas.

8. Quem é Simão?

Em Mt 13,55 e Mc 6,3 encontramos o nome de Simão junto com os de Tiago, José e Judas.

Quando São Mateus e São Marcos elencam os apóstolos, sempre colocam o nome dos irmãos em seqüência. Ex: Pedro e André, Tiago Maior e João, etc.

Nestas mesmas listas, próximo aos nomes dos irmãos Tiago Menor e Judas Tadeu, os evangelistas citam um Simão: “Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu […]” (Mt 10,3-4) e “[…] Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador” (Mc 3,18).

Com efeito, Eusébio de Cesaréia em sua “História Eclesiástica” registra que este Simão era primo do Senhor e filho de Cleofas:

Após o martírio de Tiago [menor] e a destruição de Jerusalém, ocorrida logo depois, conta-se que os sobreviventes dos Apóstolos e discípulos do Senhor vindos de todas as partes se congregaram e com os consangüíneos do Senhor ‘havia um grande número deles ainda vivos’ reuniram-se em conselho para verificar quem julgariam digno de suceder a Tiago. Todos unanimemente consideraram idôneo para ocupar a sede desta Igreja Simeão, filho de Cléofas, de quem se faz memória no livro do Evangelho (Lc 24,18; Jô 19,25). Diz-se que era primo do Salvador. Efetivamente, Hegesipo [historiador antigo] declara que Cléofas era irmão de José” (HE III,11).

Conclusão

Os “irmãos” de Jesus são seus primos, filhos da irmã da Mãe do Senhor, cujo nome é também Maria; são eles Tiago, José, Judas Tadeu e Simão. Este é o testemunho da Sagrada Escritura e da Memória dos primeiros cristãos.

Fonte:http://www.veritatis.com.br/apologetica/109-maria-santissima/547-quem-sao-os-irmaos-de-jesus

Santo Agostinho de Hipona

Por Papa Bento XVI
Tradução: Élison Santos
Fonte: Vaticano/Zenit

A VIDA

Queridos irmãos e irmãs:

Depois das grandes festividades natalinas, quero voltar a meditar sobre os padres da Igreja e falar hoje do maior padre da Igreja Latina, Santo Agostinho: homem de paixão e de fé, de elevadíssima inteligência e de incansável entrega pastoral. Este grande santo e doutor da Igreja é conhecido, ao menos de nome, inclusive por quem ignora o cristianismo ou não tem familiaridade com ele, por ter deixado uma marca profunda na vida cultural do Ocidente e de todo o mundo.

Por sua singular relevância, Santo Agostinho teve uma influência enorme e poderia afirmar-se, por uma parte, que todos os caminhos da literatura cristã latina levam a Hipona (hoje Anaba, na costa da Argélia), localidade na qual era bispo e, por outra, que desta cidade da África romana, na qual Agostinho foi bispo desde o ano 395 até 430, partem muitos outros caminhos do cristianismo sucessivo e da própria cultura ocidental.

Poucas vezes uma civilização encontrou um espírito tão grande, capaz de acolher os valores e de exaltar sua intrínseca riqueza, inventando idéias e formas das quais se alimentariam as gerações posteriores, tal como sublinhou também Paulo VI: «Pode-se dizer que todo o pensamento da antiguidade conflui em sua obra e dessa se derivam correntes de pensamento que penetram toda a tradição doutrinal dos séculos posteriores» (AAS, 62, 1970, p. 426).

Agostinho é também o padre da Igreja que deixou o maior número de obras. Seu biógrafo, Posídio, diz: parecia impossível que um homem pudesse escrever tanto em vida. Em um próximo encontro falaremos destas obras. Hoje, nossa atenção se concentrará em sua vida, que pôde reconstruir-se com seus escritos, e em particular com as «Confissões», sua extraordinária biografia espiritual escrita para louvor de Deus, sua obra mais famosa.

As «Confissões» constituem, precisamente por sua atenção à interioridade e à psicologia, um modelo único na literatura ocidental, e não só ocidental, inclusive a não-religiosa, ate a modernidade.

Esta atenção pela vida espiritual, pelo mistério do eu, pelo mistério de Deus que se esconde no eu, é algo extraordinário, sem precedentes, e permanece para sempre como um «cume» espiritual.

Mas voltamos à sua vida. Agostinho nasceu em Tagaste, na província de Numídia, na África romana, em 13 de novembro de 354, filho de Patrício, um pagão que deopis chegou a ser catecúmeno, e de Mônica, fervorosa cristã.

Esta mulher apaixonada, venerada como santa, exerceu em seu filho uma enorme influência e o educou na fé cristã. Agostinho havia recebido também o sal, como sinal da acolhida no catecumenato. E sempre se fascinou pela figura de Jesus Cristo; e mais, diz que sempre amou Jesus, mas que se afastou cada vez mais da fé eclesial, da prática eclesial, como acontece também hoje com muitos jovens.

Agostinho tinha também um irmão, Navigio, e uma irmã, da qual desconhecemos o nome e que, após ficar viúva, converteu-se em superiora de um mosteiro feminino.

O rapaz, de agudíssima inteligência, recebeu uma boa educação, ainda que nem sempre foi estudante exemplar. De qualquer forma, aprendeu bem a Gramática, primeiro em sua cidade natal e depois em Madaura e, a partir do ano 370, Retórica, em Cartago, capital da África romana: chegou a dominar perfeitamente o Latim, mas não alcançou o mesmo nível em grego, nem aprendeu o púnico, língua que seus antepassados falavam.
Em Cartago, Agostinho leu pela primeira vez o «Hortensius», obra de Cícero que depois se perderia e que se marca no início de seu caminho rumo à conversão. O texto ciceroniano despertou nele o amor pela sabedoria, como escrevia já sendo bispo nas «Confissões»: «Aquele livro mudou meus sentimentos», até o ponto de que «de repente todas as minhas vãs esperanças envelheceram ante meus olhos e comecei a acender-me em um incrível ardor do coração por uma sabedoria imortal» (III, 4, 7).

Mas, dado que estava convencido de que sem Jesus não se pode dizer que se encontrou efetivamente a verdade, e dado que nesse livro apaixonante faltava esse nome, ao acabar de lê-lo começou a ler a Escritura, a Bíblia. Ficou decepcionado. Não só porque o estilo da tradução ao Latim da Sagrada Escritura era deficiente, mas também porque o mesmo conteúdo não lhe parecia satisfatório.

Nas narrações da Escritura sobre guerras e outras vicissitudes humanas, ele não encontrava a altura da filosofia, o esplendor da busca da verdade que lhe é próprio. Contudo, não queria viver sem Deus e buscava uma religião que respondesse a seu desejo de verdade e também a seu desejo de aproximar-se de Jesus.

Desta maneira, caiu na rede dos maniqueístas, que se apresentavam como cristãos e prometiam uma religião totalmente racional. Afirmavam que o mundo está dividido em dois princípios: o bem e o mal. E assim se explicaria toda a complexidade da história humana. A moral dualista também atraía Santo Agostinho, pois comportava uma moral muito elevada para os eleitos: e para quem, como ele, aderia à mesma era possível uma vida muito mais adequada à situação da época, especialmente se era jovem.

Tornou-se, portanto, maniqueísta, convencido nesse momento de que havia encontrado a síntese entre racionalidade, busca da verdade e amor a Jesus Cristo. E tirou uma vantagem concreta para sua vida: a adesão aos maniqueístas abria fáceis perspectivas de carreira. Aderir a essa religião, que contava com muitas personalidades influentes, permitia-lhe continuar sua relação com uma mulher e continuar com sua carreira.

Desta mulher teve um filho, Adeodato, a quem amava muito, sumamente inteligente, que depois estaria presente em sua preparação para o batismo no lago de Como, participando nesses «Diálogos» que Santo Agostinho nos deixou. Infelizmente, o rapaz faleceu prematuramente.

Sendo professor de Gramática, por volta dos vinte anos, em sua cidade natal, logo regressou a Cartago, onde se converteu em um brilhante e famoso professor de Retórica. Com o passar do tempo, contudo, Agostinho começou a afastar-se da fé dos maniqueístas, que o decepcionaram precisamente desde o ponto de vista intelectual, pois eram incapazes de resolver suas dúvidas, e se transferiu a Roma, depois a Milão, onde residia na corte imperial e onde havia obtido um cargo de prestígio, por recomendação do prefeito de Roma, o pagão Símaco, que era hostil ao bispo de Milão, Santo Ambrósio.

Em Milão, Agostinho se acostumou a escutar, em um primeiro momento com o objetivo de enriquecer sua bagagem retórica, as belíssimas pregações do bispo Ambrósio, que havia sido representante do imperador para a Itália do Norte. O retórico africano ficou fascinado pela palavra do grande prelado milanês, não só por sua retórica. O conteúdo foi tocando cada vez mais seu coração.

O grande problema do Antigo Testamento, a falta de beleza retórica, de nível filosófico, resolveu-se com as pregações de Santo Ambrósio, graças à interpretação tipológica do Antigo Testamento: Agostinho compreendeu que todo o Antigo Testamento é um caminho para Jesus Cristo. Deste modo, encontrou a chave para compreender a beleza, a profundidade inclusive filosófica do Antigo Testamento e compreendeu toda a unidade do mistério de Cristo na história, assim como a síntese entre filosofia, racionalidade e fé no Logos, em Cristo, Verbo eterno, que se fez carne.

Depois, Agostinho percebeu que a literatura alegórica da Escritura e a filosofia neoplatônica do bispo de Milão lhe permitiam resolver as dificuldades intelectuais que, quando era mais jovem, em seu primeiro contato com os textos bíblicos, haviam lhe parecido insuperáveis.

Agostinho continuou a leitura dos escritos dos filósofos com a da Escritura, e sobretudo das cartas de São Paulo. A conversão ao cristianismo, em 15 de agosto de 386, marcou portanto o final de um longo e agitado caminho interior, do qual continuaremos falando em outra catequese. O africano se mudou para o campo, ao norte de Milão, ao longo de Como, com sua mãe, Mônica, o filho Adeodato, e um pequeno grupo de amigos, para preparar-se para o batismo. Deste modo, aos 32 anos, Agostinho foi batizado por Ambrósio em 24 de abril de 387, durante a vigília pascoal na catedral de Milão.

Após o batismo, Agostinho decidiu regressar à África com seus amigos, com a idéia de levar vida em comum, de caráter monástico, ao serviço de Deus. Mas em Óstia, enquanto esperava para embarcar, sua mãe se enfermou e pouco depois morreu, destroçando o coração do filho.

Após regressar finalmente à sua pátria, o convertido se estabeleceu em Hipona para fundar um mosteiro. Nessa cidade da costa africana, apesar de resistir-se à idéia, foi ordenado presbítero no ano 391 e começou com alguns companheiros a vida monástica na qual estava pensando há algum tempo, dividindo seu tempo entre a oração, o estudo e a pregação.

Queria estar ao serviço da verdade, não se sentia chamado à vida pastoral, mas depois compreendeu que o chamado de Deus significava ser pastor entre os demais e assim oferecer o dom da verdade aos outros. Em Hipona, quatro anos depois, no ano 395, foi ordenado bispo.

Continuando com o aprofundamento no estudo das Escrituras e dos textos da tradição cristã, Agostinho se converteu em um bispo exemplar, com um incansável compromisso pastoral: pregava várias vezes por semana a seus fiéis, ajudava os pobres e os órfãos, atendia a formação do clero e a organização dos mosteiros femininos e masculinos.

Em pouco tempo, o antigo professor de Retórica se converteu em um dos expoentes mais importantes do cristianismo dessa época: sumamente ativo no governo de sua diocese, com notáveis implicações também civis, em seus mais de 35 anos de episcopado, o bispo de Hipona exerceu uma ampla influência na guia da Igreja Católica da África romana e mais em geral no cristianismo de sua época, enfrentando tendências religiosas e heresias tenazes e desagregadoras, como o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo, que colocavam em perigo a fé cristã no único Deus e rico em misericórdia.

Agostinho se confiou a Deus cada dia, até o final de sua vida: contraiu febre, enquanto a cidade de Hipona se encontrava assediada há quase três meses por vândalos invasores. O bispo, conta seu amigo Posídio na «Vita Augustini», pediu que transcrevessem com letra grande os salmos penitenciais «e pediu que colassem as folhas na parede, de maneira que desde a cama em sua enfermidade pudesse ver e ler, e chorava sem interrupção lágrimas quentes» (31, 2). Assim passaram os últimos dias da vida de Agostinho, que faleceu em 28 de agosto do ano 430, sem ter completado 76 anos. Dedicaremos os próximos encontros a suas obras, à sua mensagem e à sua experiência interior.

A CONVERSÃO

Após vermos sua vida, (…) hoje quero (…) recordar sua experiência interior, que fez dele um dos maiores convertidos da história cristã. A esta experiência dediquei em particular minha reflexão durante a peregrinação que fiz a Pavia, no ano passado, para venerar os restos mortais deste Padre da Igreja. Deste modo quis expressar a homenagem de toda a Igreja Católica, e ao mesmo tempo tornar visível minha pessoal devoção e reconhecimento por uma figura à qual me sinto sumamente unido pela importância que teve em minha vida de teólogo, de sacerdote e de pastor.

Ainda hoje é possível recorrer às vivências de Santo Agostinho, graças sobretudo às «Confissões», escritas para o louvor de Deus, que constituem a origem de uma das formas literárias mais específicas do Ocidente, a autobiografia, ou seja, a expressão do conhecimento de si mesmo. Quem quer que se aproxime deste extraordinário e fascinante livro, ainda hoje sumamente lido, percebe facilmente que a conversão de Agostinho não foi repentina nem aconteceu plenamente desde o início, mas que pode ser definida mais como um autêntico caminho, que continua sendo um modelo para cada um de nós.

Este itinerário culminou certamente com a conversão e depois com o batismo, mas não se concluiu com aquela vigília pascal do ano 387, quando em Milão o professor de retórica africano foi batizado pelo bispo Ambrósio. O caminho de conversão de Agostinho continuou humildemente até o final de sua vida, até o ponto de que se pode verdadeiramente dizer que suas diferentes etapas – podemos distinguir facilmente três – são uma única e grande conversão.

A primeira conversão

Santo Agostinho foi um buscador apaixonado da verdade: desde o início e depois durante toda a sua vida. A primeira etapa em seu caminho de conversão se realizou precisamente na aproximação progressiva ao cristianismo. Na realidade, ele havia recebido da mãe Mônica, com a qual sempre esteve muito unido, uma educação cristã e, apesar de que havia vivido nos anos de juventude uma vida desordenada, sempre sentiu uma profunda atração por Cristo, tendo bebido o amor pelo nome do Senhor com o leite materno, como ele mesmo sublinha (cf. «Confissões», III, 4, 8).

Mas a filosofia, sobretudo a de orientação platônica, também havia contribuído para aproximá-lo de Cristo, manifestando-lhe a existência do Logos, a razão criadora. Os livros dos filósofos lhe indicavam que existe a razão, da qual procede todo o mundo, mas não lhe diziam como alcançar este Logos, que parecia tão afastado. Só a leitura das cartas de São Paulo, na fé da Igreja Católica, revelou-lhe plenamente a verdade. Esta experiência foi sintetizada por Agostinho em uma das páginas mais famosas das «Confissões»: conta que, no tormento de suas reflexões, retirado em um jardim, escutou de repente uma voz infantil que repetia uma canção, nunca antes escutada: «tolle,, lege, tolle, lege», «toma, lê, toma, lê» (VIII, 12, 29). Então se lembrou da conversão de Antônio, pai do monaquismo, e com atenção voltou a tomar um livro de São Paulo que pouco antes tinha entre as mãos: abriu-o e o olhar se fixou na passagem da carta aos Romanos na qual o apóstolo exorta a abandonar as obras da carne e a revestir-se de Cristo (13, 13-14).

Ele havia compreendido que essa palavra, naquele momento, dirigia-se pessoalmente a ele, procedia de Deus através do apóstolo e lhe indicava o que ele tinha de fazer nesse momento. Deste modo sentiu como desapareciam as trevas da dúvida e era libertado para entregar-se totalmente a Cristo: «Havias convertido a ti meu ser», comenta («Confissões», VIII, 12, 30). Esta foi a primeira e decisiva conversão.

O professor de retórica africano chegou a esta etapa fundamental em seu longo caminho graças à sua paixão pelo homem e pela verdade, paixão que o levou a buscar a Deus, grande e inacessível. A fé em Cristo o fez compreender que Deus não estava tão afastado como parecia. Ele se havia feito próximo de nós, convertendo-se em um de nós. Neste sentido, a fé em Cristo levou a cumprimento a longa busca de Santo Agostinho no caminho da verdade. Só um Deus que se fez «tocável», um de nós, era, em última instância, um Deus ao qual se podia rezar, pelo qual se podia viver e com o qual se podia viver.

A segunda conversão

É um caminho que deve ser percorrido com valentia e ao mesmo tempo com humildade, abertos a uma purificação permanente, algo que cada um de nós sempre precisa. Mas o caminho de Agostinho não havia concluído com aquela vigília pascal do ano 387, como dissemos. Ao regressar à África, fundou um pequeno mosteiro e se retirou nele, junto a uns poucos amigos, para dedicar-se à vida contemplativa e de estudo. Este era o sonho de sua vida. Agora estava chamado a viver totalmente para a verdade, com a verdade, na amizade de Cristo, que é a verdade. Um lindo sonho que durou três anos, até que, apesar dele, foi consagrado sacerdote em Hipona e destinado a servir aos fiéis. Certamente continuou vivendo com Cristo e por Cristo, mas ao serviço de todos. Isso era muito difícil para ele, mas compreendeu desde o início que só vivendo para os demais, e não simplesmente para sua contemplação privada, podia realmente viver com Cristo e por Cristo.

Deste modo, renunciando a uma vida consagrada só à meditação, Agostinho aprendeu, às vezes com dificuldade, a pôr à disposição o fruto de sua inteligência para benefício dos demais. Aprendeu a comunicar sua fé às pessoas simples e a viver assim para ela naquela cidade que se converteu na sua, desempenhando sem cessar uma generosa atividade, que descreve com estas palavras em um de seus belíssimos sermões: «Pregar continuamente, discutir, repreender, edificar, estar à disposição de todos, é um ingente cargo e um grande peso, um enorme cansaço» («Sermões» 339, 4). Mas ele carregou este peso, compreendendo que precisamente deste modo podia estar mais próximo de Cristo. Sua segunda conversão consistiu em compreender que se chega aos demais com simplicidade e humildade.

A terceira conversão

Mas há uma última etapa no caminho de Agostinho, uma terceira conversão: é a que o levou cada dia de sua vida a pedir perdão a Deus. Ao início, havia pensado que uma vez batizado, na vida de comunhão com Cristo, nos sacramentos na celebração da Eucaristia, chegaria à vida proposta pelo Sermão da Montanha: a perfeição doada no batismo e reconfirmada pela Eucaristia.

Na última parte de sua vida, ele compreendeu que o que havia dito em suas primeiras pregações sobre o Sermão da Montanha – ou seja, que nós, como cristãos, vivemos agora este ideal permanentemente – estava errado. Só o próprio Cristo realiza verdadeira e completamente o Sermão da Montanha. Nós temos sempre necessidade de ser levados por Cristo, que nos lava os pés, e de ser renovados por Ele. Temos necessidade de conversão permanente. Até o final precisamos desta humildade que reconhece que somos pecadores em caminho, até que o Senhor nos dá a mão definitivamente e nos introduz na vida eterna. Agostinho morreu com esta última atitude de humildade, vivida dia-a-dia.

Esta atitude de humildade profunda ante o único Senhor Jesus o introduziu na experiência de uma humildade também intelectual. Agostinho, que é uma das maiores figuras na história do pensamento, quis, nos últimos anos de sua vida, submeter a um lúcido exame crítico suas numerosas obras. Surgiram assim as «Retractationes» («revisões»), que deste modo introduzem seu pensamento teológico, verdadeiramente grande, na fé humilde e santa daquela à qual chama simplesmente com o nome de Catholica, ou seja, a Igreja. «Compreendi – escreve precisamente neste originalíssimo livro (I, 19 1-3) – que só um é verdadeiramente perfeito e que as palavras do Sermão da Montanha só são realizadas totalmente por um só: no próprio Jesus Cristo. Toda a Igreja, pelo contrário, todos nós, inclusive os apóstolos, temos de rezar cada dia: ‘perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’».

Convertido a Cristo, que é verdade e amor, Agostinho o seguiu durante toda a vida e se converteu em um modelo para todo ser humano, para todos nós na busca de Deus. Por este motivo, eu quis concluir minha peregrinação a Pavia voltando a entregar espiritualmente à Igreja e ao mundo, ante o túmulo deste grande enamorado de Deus, minha primeira encíclica, Deus caritas est. Esta, de fato, tem uma grande dívida, sobretudo em sua primeira parte, com o pensamento de Santo Agostinho.

Também hoje, como em sua época, a humanidade tem necessidade de conhecer e sobretudo de viver esta realidade fundamental: Deus é amor, e o encontro com ele é a única resposta às inquietudes do coração humano. Um coração no qual vive a esperança – talvez ainda escura e inconsciente em muitos de nossos contemporâneos –, para nós, os cristãos, abre já hoje ao futuro, até o ponto de que São Paulo escreveu que «na esperança fomos salvos» (Romanos, 8, 24). À esperança quis dedicar minha segunda encíclica, Spe Salvi, que também contraiu uma grande dívida com Agostinho e seu encontro com Deus.

Um escrito sumamente lindo de Agostinho define a oração como expressão do desejo e afirma que Deus responde abrindo a ele o nosso coração. Por nossa parte, temos de purificar nossos desejos e nossas esperanças para acolher a doçura de Deus (cf. Santo Agostinho, «In Ioannis», 4, 6). Só esta nos salva, abrindo-nos também aos demais. Rezemos, portanto, para que em nossa vida nos seja concedido cada dia seguir o exemplo deste grande convertido, encontrando como ele, em todo momento de nossa vida, o Senhor Jesus, o único que nos salva, que nos purifica e nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira vida.

AS OBRAS

(…) É o padre da Igreja que deixou o maior número de obras, e destas quero falar brevemente. Alguns dos escritos de Agostinho são de importância capital, e não só para a história do cristianismo, mas também para a formação de toda a cultura ocidental: o exemplo mais claro está na obra «Confissões», sem dúvida um dos livros da antiguidade cristã mais lidos ainda hoje. Como vários padres da Igreja dos primeiros séculos, ainda que em uma medida incomparavelmente mais ampla, também o bispo de Hipona exerceu uma influência persistente, como se pode ver pela superabundante tradição manuscrita de suas obras, que são extraordinariamente numerosas.

Ele mesmo as revisou anos antes de morrer nas «Retratações» e pouco depois de sua morte foram cuidadosamente registradas no «Indiculus» (Índice), acrescentado pelo fiel amigo Posídio à biografia de Santo Agostinho, «Vita Augustini». A lista das obras de Agostinho foi realizada com o objetivo explícito de salvaguardar sua memória, enquanto a invasão dos vândalos se estendia por toda a África romana, e contabiliza 1.300 escritos numerados por seu autor, junto com outros «que não podem ser numerados porque não colocou nenhum número». Bispo de uma cidade próxima, Posídio ditava estas palavras precisamente em Hipona, onde se havia refugiado e onde havia assistido à morte de seu amigo, e quase seguramente se baseava no catálogo da biblioteca pessoal de Agostinho. Hoje sobreviveram mais de 300 cartas do bispo de Hipona, e quase 600 homilias, mas estas eram originalmente muitas mais, talvez inclusive entre 3.000 e 4.000, fruto de quatro décadas de pregação do antigo orador, que havia decidido seguir Jesus e deixar de falar aos grandes da corte imperial para dirigir-se à população simples de Hipona.

Em anos recentes, a descoberta de um grupo de cartas e de algumas homilias enriqueceram o conhecimento deste grande padre da Igreja. «Muitos livros – escreve Posídio – foram redigidos por ele e publicados, muitas pregações foram pronunciadas na igreja, transcritas e corrigidas, ora para refutar hereges, ora para interpretar as Sagradas Escrituras para edificação dos santos filhos da Igreja. Estas obras – sublinha o bispo amigo – são tão numerosas que dificilmente um estudioso tem a possibilidade de lê-las e aprender a conhecê-las.» («Vita Augustini», 18, 9)

Entre a produção literária de Agostinho, portanto, mais de mil publicações divididas em escritos filosóficos, apologéticos, doutrinais, morais, monásticos, exegéticos e contra os hereges, assim como as cartas e homilias, destacam algumas obras excepcionais de grande importância teológica e filosófica. Antes de tudo, devem-se recordar as «Confissões», antes mencionadas, escritas em treze livros entre os anos 397 e 400 para louvor de Deus. São uma espécie de autobiografia em forma de diálogo com Deus. Este gênero literário reflete a vida de Santo Agostinho, que não estava fechada em si mesma, perdida em mil coisas, mas vivida essencialmente como um diálogo com Deus e, deste modo, uma vida com os demais.

Por si só, o título «Confissões» indica o caráter específico desta biografia. Esta palavra «confissões», no latim cristão desenvolvido pela tradição dos Salmos, tem dois significados, que se entrecruzam. «Confissões» indica, em primeiro lugar, a confissão das próprias fraquezas, da miséria dos pecados; mas ao mesmo tempo, «confissões» significa louvor a Deus, reconhecimento de Deus. Ver a própria miséria à luz de Deus se converte em louvor de Deus e em ação de graças, pois Deus nos ama e nos aceita, transforma-nos e nos eleva para si mesmo.

Ele mesmo escreveu sobre estas «Confissões», que tiveram grande êxito já na vida de Santo Agostinho: «Exerceram sobre mim um grande impacto enquanto as escrevia e o continuam exercendo quando volto a lê-las. Há muitos irmãos que gostam destas obras («Retratações», II, 6): e tenho de reconhecer que eu também sou um destes ‘irmãos’». E graças às «Confissões», podemos acompanhar, passo a passo, o caminho interior desse homem extraordinário e apaixonado por Deus.

Menos difundidas, ainda que igualmente originais e muito importantes são também as «Retratações» [Revisões], redigidas em dois livros por volta do ano 427, nas quais Santo Agostinho, já idoso, faz uma «revisão» («retractatio») de toda sua obra escrita, deixando assim um documento literário singular e sumamente precioso, mas ao mesmo tempo um ensinamento de sinceridade e de humildade intelectual.

«De civitate Dei» [A Cidade de Deus], obra imponente e decisiva para o desenvolvimento do pensamento político ocidental e para a teologia cristã da história, foi escrita entre os anos 413 e 426, em 22 livros. A ocasião era o saque de Roma por parte dos godos no ano 410. Muitos pagãos, ainda em vida, assim como muitos cristãos, haviam dito: Roma caiu, agora o Deus cristão e os apóstolos já não podem proteger a cidade. Durante a presença das divindades pagãs, Roma era a «caput mundi», a grande capital, e ninguém podia imaginar que cairia nas mãos dos inimigos. Agora, com o Deus cristão, esta grande cidade já não parecia segura. Portanto, o Deus dos cristãos não protegia, não podia ser o Deus a quem se encomendar. A esta objeção, que também tocava profundamente o coração dos cristãos, Santo Agostinho responde com esta grandiosa obra, «De civitate Dei», declarando o que deveriam esperar de Deus e o que não podiam esperar d’Ele, qual é a relação entre a esfera política e a esfera da fé, da Igreja. Ainda hoje este livro é uma fonte para definir bem a autêntica laicidade e a competência da Igreja, a grande esperança que nos dá a fé.

Este grande livro é uma apresentação da história da humanidade governada pela Providência divina, mas atualmente dividida em dois amores. E este é o desígnio fundamental, sua interpretação da história, a luta entre dois amores: o amor próprio, «até chegar ao menosprezo de Deus» e o amor a Deus, «até chegar ao desprezo de si mesmo», («De civitate Dei», XIV, 28), à plena liberdade e si mesmo através dos demais à luz de Deus. Este é talvez o maior livro de Santo Agostinho, de uma importância permanente.

Igualmente, é importante o «De Trinitate» [Sobre a Trindade], obra em quinze livros sobre o núcleo principal da fé cristã, a fé no Deus trinitário, escrita em dois momentos: entre os anos 399 e 412 os primeiros doze livros, publicados sem que Agostinho soubesse, ele que os completou por volta do ano 420 e revisou a obra completa. Nele reflete sobre o rosto de Deus e trata de compreender este mistério de Deus que é único, o único criador do mundo, de todos nós, e que, contudo, este Deus único é trinitário, um círculo de amor. Ele procura compreender o mistério insondável: precisamente seu ser trinitário, em três Pessoas, é a unidade mais real e profunda do único Deus.

O «De doctrina Christiana» [Sobre a doutrina cristã] é uma autêntica introdução cultural à interpretação da Bíblia e, em definitivo, ao próprio cristianismo, que teve uma importância decisiva na formação da cultura ocidental.

Apesar de toda sua humildade, Agostinho foi certamente consciente de sua própria importância intelectual. Mas para ele era mais importante levar a mensagem cristã aos simples que redigir grandes obras de elevado nível teológico. Sua intenção mais profunda, que o guiou durante toda sua vida, pode-se ver em uma carta escrita ao colega Evódio, na qual lhe comunica a decisão de deixar de ditar por um tempo os livros do «De Trinitate», «pois são muito cansativos e creio que podem ser entendidos por poucos; são mais necessários textos que esperamos que sejam úteis para muitos» («Epistulae», 169, 1, 1). Portanto, para ele era mais útil comunicar a fé de maneira compreensível para todos que escrever grandes obras teológicas.

A responsabilidade agudamente experimentada pela divulgação da mensagem cristã se encontra na origem de escritos como o «De catechizandis rudibus», uma teoria e também uma aplicação da catequese, ou o «Psalmus contra partem Donati». Os donatistas eram o grande problema da África e de Santo Agostinho, um cisma que queria ser africano. Diziam: a autêntica cristandade é a africana. Opunham-se à unidade da Igreja. Contra este cisma, o grande bispo lutou durante toda sua vida, procurando convencer os donatistas de que só na unidade inclusive a africanidade pode ser verdadeira. E para que o entendessem os simples, que não podiam compreender o grande latim do orador, disse: tenho de escrever inclusive com erros gramaticais, em um latim muito simplificado. E o fez, sobretudo neste «Psalmus», uma espécie de simples poesia contra os donatistas para ajudar todos a compreender que só na unidade da Igreja se realiza realmente nossa relação com Deus e cresce a paz no mundo.

Nesta produção destinada a um grande público, tem particular importância o grande número de suas homilias, com freqüência improvisadas, transcritas por taquígrafos durante a pregação e imediatamente postas em circulação. Entre estas, destacam as belíssimas «Enarrationes in Psalmus», muito lidas na Idade Média. A publicação de milhares de homilias de Agostinho, com freqüência sem controle do autor, explica tanto sua ampla difusão como sua vitalidade. Imediatamente, as pregações do bispo de Hipona se convertiam, pela fama do autor, em textos sumamente requeridos e eram utilizados também pelos demais bispos e sacerdotes como modelos, adaptados sempre a novos contextos.

Na tradição iconográfica, um fresco de Latrão que se remonta ao século IV representa Santo Agostinho com um livro na mão, não só para expressar sua produção literária, que tanta influência teve no pensamento dos cristãos, mas também para expressar seu amor pelos livros, pela literatura e pelo conhecimento da grande cultura precedente. Ao morrer, não deixou nada, conta Posídio, mas «recomendava sempre que se conservasse para as futuras gerações a biblioteca da igreja com todos seus códices», sobretudo os de suas obras. Nestas, sublinha Posídio, Agostinho está «sempre vivo» e é de utilidade para quem lê seus escritos, ainda que, como ele diz, «creio que poderiam tirar mais proveito de seu contato os que puderam vê-lo e escutá-lo quando falava pessoalmente na igreja e sobretudo os que foram testemunhas de sua vida cotidiana entre as pessoas» («Vita Augustini», 31). Sim, também para nós seria maravilhoso poder senti-lo vivo. Mas ele está realmente vivo em seus escritos; está presente em nós e deste modo vemos também a permanente vitalidade da fé pela qual ele entregou toda a sua vida.

A MORTE

(…) Quatro anos antes de morrer, ele quis nomear seu sucessor. Por este motivo, em 26 de setembro do ano 426, reuniu o povo na Basílica da Paz, em Hipona, para apresentar aos fiéis quem havia designado para esta tarefa. Disse: «Nesta vida, todos somos mortais, mas o último dia desta vida é sempre incerto para cada indivíduo. De qualquer forma, na infância se espera chegar à adolescência; na adolescência, à juventude; na juventude, à idade adulta; na idade adulta, à idade madura; na idade madura, à velhice. Não se está seguro de que chegará, mas se espera. A velhice, pelo contrário, não tem ante si outro período no qual poder esperar; sua própria duração é incerta… Eu, por vontade de Deus, cheguei a esta cidade no vigor de minha vida; mas agora minha juventude passou e já sou velho» (Carta 213, 1).

Nesse momento, Agostinho pronunciou o nome de seu sucessor designado, o sacerdote Heráclio. A assembléia estourou em um aplauso de aprovação, repetindo 23 vezes: «Graças sejam dadas a Deus!». Com outras aclamações, os fiéis aprovaram também o que depois disse Agostinho sobre os propósitos para seu futuro: queria dedicar os anos que lhe restavam a um estudo mais intenso das Sagradas Escrituras (cf. Carta 213, 6).

De fato, seguiram quatro anos de extraordinária atividade intelectual: concluiu obras importantes, empreendeu outras não menos significativas, manteve debates públicos com os hereges – sempre buscava o diálogo –, promoveu a paz nas províncias africanas insidiadas pelas tribos bárbaras do sul.

Neste sentido, escreveu ao conde Dario, que foi à África para superar as diferenças entre o conde Bonifácio e a corte imperial, das que se aproveitavam as tribos dos vândalos para as suas invasões: «Título de grande glória é precisamente o de adiar a guerra com a palavra, em vez de matar os homens com a espada, e buscar ou manter a paz com a paz e não com a guerra. Certamente, inclusive aqueles que combatem, se são bons, buscam sem dúvida a paz, mas à custa de derramar sangue. Tu, pelo contrário, foste enviado precisamente para impedir que se derrame o sangue» (Carta 229, 2).

Infelizmente foi defraudada a esperança de uma pacificação dos territórios africanos: em maio do ano 429, os vândalos, enviados à África como vingança pelo próprio Bonifácio, passaram o Estreito de Gibraltar e penetraram na Mauritânia. A invasão se estendeu rapidamente por outras ricas províncias africanas. Em maio e em junho do ano 430, «os destruidores do império romano», como Possídio qualifica esses bárbaros (Vida, 30, 1), rodeavam Hipona, assediando-a.

Na cidade, também se havia refugiado Bonifácio, que, reconciliando-se tarde demais com a corte, tratava em vão de bloquear a passagem dos invasores. O biógrafo Possídio descreve a dor de Agostinho: «Mais que de costume, suas lágrimas eram seu pão dia e noite e, levando já ao final de sua vida, ele se arrastava mais que os outros, na amargura e no luto, sua velhice» (Vida, 28, 6). E explica: «Esse homem de Deus via as matanças e as destruições das cidades; as casas destruídas nos campos e os habitantes assassinados pelos inimigos ou expulsos; as igrejas sem sacerdotes ou ministros, as virgens consagradas e os religiosos dispersos por toda parte; entre eles, alguns haviam desfalecido ante as torturas, outros haviam sido assassinados com a espada, outros eram prisioneiros, perdendo a integridade da alma e do corpo e inclusive a fé, obrigados pelos inimigos a uma escravidão dolorosa e longa» (ibidem, 28,8).

Ainda que era ancião e estava cansado, Agostinho permaneceu em primeira linha, consolando a si mesmo e aos outros com a oração e com a meditação dos misteriosos desígnios da Providência. Falava da «velhice do mundo» – e era verdadeiramente velho este mundo romano –, falava desta velhice como já o havia feito anos antes para consolar os refugiados procedentes da Itália, quando no ano 410 os godos de Alarico invadiram a cidade de Roma.

Na velhice, dizia, abundam os ataques: tosse, catarro, remelas, ansiedade, esgotamento. Mas se o mundo envelhece, Cristo é sempre jovem. E lançava este convite: «não se deve negar-se a rejuvenescer com Cristo, que te diz: ‘Não temas, tua juventude se renovará como a da águia’» (cf.Sermão 81, 8). Por isso, o cristão não deve abater-se nas situações difíceis, mas procurar ajudar o necessitado.

É o que o grande doutor sugere respondendo ao bispo de Tiabe, Honorato, que lhe havia pedido se, sob a pressão das invasões bárbaras, um bispo ou um sacerdote ou qualquer homem de Igreja podia fugir para salvar a vida. «Quando o perigo é comum a todos, ou seja, para bispos, clérigos e leigos, quem tem necessidade dos outros não deve ser abandonado por aqueles de quem tem necessidade. Neste caso, todos devem refugiar-se em lugares seguros; mas se alguns têm necessidade de ficar, que não sejam abandonados por quem tem o dever de assisti-los com o ministério sagrado, de maneira que, ou se salvam juntos ou juntos suportam as calamidades que o Pai de família quer que sofram» (Carta 228, 2). E concluía: «Esta é a prova suprema da caridade» (ibidem, 3). Como não reconhecer nestas palavras a heróica mensagem que tantos sacerdotes, através dos séculos, acolheram e tornaram sua?

«No terceiro mês daquele assédio – narra – ficou com febre: era sua última doença» (Vida, 29, 3). O santo ancião aproveitou aquele momento, finalmente livre, para dedicar-se com mais intensidade à oração. Costumava dizer que ninguém, bispo, religioso ou leigo, por mais irrepreensível que possa parecer sua conduta, pode enfrentar a morte sem uma adequada penitência. Por este motivo, repetia continuamente entre lágrimas os salmos penitenciais, que tantas vezes havia recitado com o povo (cf. ibidem, 31, 2).

Quanto mais se agravava sua situação, mais necessidade o bispo sentia de solidão e de oração: «Para não ser perturbado por ninguém em seu recolhimento, aproximadamente dez dias antes de abandonar o corpo, ele nos pediu que não deixássemos ninguém entrar em seu quarto, com exceção dos momentos nos quais os médicos vinham para vê-lo ou quando lhe levavam a comida. Sua vontade foi cumprida fielmente e durante todo esse tempo ele aguardava em oração» (ibidem, 31, 3). Faleceu em 28 de agosto do ano 430: seu grande coração finalmente descansou em Deus.

«Por ocasião da inumação de seu corpo – informa Possídio –, ofereceu-se a Deus o sacrifício, ao qual assistimos, e depois ele foi sepultado» (Vida,31, 5). Seu corpo, em data incerta, foi trasladado à Cardenha e, no ano 725, a Pavia, à basílica de São Pedro no Céu de Ouro, onde descansa hoje. Seu primeiro biógrafo dá este juízo conclusivo: «Deixou à Igreja um clero muito numeroso, assim como mosteiros de homens e de mulheres cheios de pessoas dedicadas à continência e à obediência a seus superiores, junto com as bibliotecas que continham os livros e discursos dele e de outros santos, pelos que se conhece qual foi, por graça de Deus, seu mérito e sua grandeza na Igreja, e nos quais os fiéis sempre o encontram vivo» (Possídio, Vida, 31, 8).

É um juízo ao qual podemos associar-nos: em seus escritos também nós o «encontramos vivo». Quando leio os escritos de Santo Agostinho, não tenho a impressão de que seja um homem morto há mais ou menos 1.600 anos, mas o sinto como um homem de hoje: um amigo, um contemporâneo que me fala, que nos fala com sua fé fresca e atual.

Em Santo Agostinho que nos fala – fala a mim em seus escritos –, vemos a atualidade permanente de sua fé, da fé que vem de Cristo, do Verbo Eterno encarnado, Filho de Deus e Filho do homem. E podemos ver que esta fé não é de ontem, ainda que tenha sido pregada ontem; é sempre atual, porque realmente Cristo é ontem, hoje e sempre. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Deste modo, Santo Agostinho nos anima a confiar neste Cristo sempre vivo e a encontrar assim o caminho da vida.

FÉ E RAZÃO

(…) Meu querido predecessor João Paulo II lhe dedicou, em 1986, ou seja, no décimo sexto centenário de sua conversão, um longo e denso documento, a carta apostólica Augustinum Hipponensem. O próprio Papa quis definir este texto como «uma ação de graças a Deus pelo dom que fez à Igreja, e mediante ela à humanidade inteira, graças àquela admirável conversão». (Augustinum Hipponensem, 1). Quero enfrentar o tema da conversão em uma próxima audiência. É um tema fundamental não só para sua vida pessoal, mas também para a nossa. No Evangelho do domingo passado, o próprio Senhor resumiu sua pregação com a palavra: «Convertei-vos». Seguindo o caminho de Santo Agostinho, poderemos meditar sobre o que é esta conversão: é algo definitivo, decisivo, mas a decisão fundamental deve desenvolver-se, deve realizar-se em toda nossa vida.

A catequese de hoje está dedicada, pelo contrário, ao tema fé e razão, que é um tema determinante, ou melhor, o tema determinante da biografia de Santo Agostinho. Desde criança, havia aprendido de sua mãe, Mônica, a fé católica. Mas sendo adolescente, havia abandonado esta fé porque já não conseguia ver sua racionalidade e não queria uma religião que não fosse expressão da razão, ou seja, da verdade. Sua sede de verdade era radical e o levou a afastar-se da fé católica. Mas sua radicalidade era tal que não podia contentar-se com filosofias que não chegassem à própria verdade, que não chegassem até Deus. E a um Deus que não fosse só uma hipótese última cosmológica, mas que fosse o verdadeiro Deus, o Deus que dá a vida e que entra em nossa própria vida. Deste modo, todo o itinerário intelectual e espiritual de Santo Agostinho constitui um modelo válido também hoje na relação entre fé e razão, tema não só para homens crentes, mas para todo homem que busca a verdade, tema central para o equilíbrio e o destino de todo o ser humano.

Estas duas dimensões, fé e razão, não devem separar-se nem contrapor-se, mas devem estar sempre unidas. Como escreveu Agostinho após sua conversão, fé e razão são «as forças que nos levam a conhecer» (Contra Acadêmicos, III 20, 43). Neste sentido, continuam sendo famosas suas duas fórmulas (Sermões, 43, 9) com as quais expressa esta síntese coerente entre fé e razão: crede ut intelligas («crê para compreender») – crer abre o caminho para cruzar a porta da verdade –, mas também e de maneira inseparável, intellige ut credas («compreende para crer»), perscrutar a verdade para poder encontrar a Deus e crer.

As duas afirmações de Agostinho manifestam com eficácia e profundidade a síntese deste problema, em que a Igreja Católica vê seu caminho manifestado. Historicamente, esta síntese foi-se formando já antes da vinda de Cristo, no encontro entre a fé judaica e o pensamento grego no judaísmo helênico. Sucessivamente, na história esta síntese foi retomada e desenvolvida por muitos pensadores cristãos. A harmonia entre fé e razão significa sobretudo que Deus não está longe: não está longe de nossa razão, de nossa vida; está perto de todo ser humano, perto de nosso coração e de nossa razão, se realmente nos colocamos a caminho.

Precisamente esta proximidade de Deus do homem foi experimentada com extraordinária intensidade por Agostinho. A presença de Deus no homem é profunda e ao mesmo tempo misteriosa, mas pode reconhecer-se e descobrir-se na própria intimidade: não há que sair para fora – afirma o convertido –, «volte sobre ti mesmo. A verdade habita no homem interior. E se encontras que sua natureza é mutável, transcende-te a ti mesmo. Mas recorda ao fazê-lo assim que transcendes uma alma que raciocina. Assim, pois, dirige-te ali onde se acende a própria luz da razão» (De vera religione, 39, 72). Ele mesmo sublinha em uma afirmação famosíssima do início das Confissões, autobiografia espiritual escrita em louvor de Deus: «Nos fizeste, Senhor, para ti, e nosso coração está inquieto, até que descanse em ti» (I, 1,1).

A distância de Deus equivale, portanto, à distância de si mesmos. «Porque tu – reconhece Agostinho (Confissões III, 6, 11) – estavas dentro de mim, mais interior que o mais íntimo meu e mais elevado que o mais supremo meu», interior intimo meo et superior summo meo; até o ponto de que, em outra passagem, recordando o tempo precedente a sua conversão, acrescenta: «Tu estavas, certamente, diante de mim, mas eu me havia afastado de mim mesmo e não me encontrava» (Confissões V, 2, 2). Precisamente porque Agostinho viveu em primeira pessoa este itinerário intelectual e espiritual, soube apresentá-lo em suas obras com tanta proximidade, profundidade e sabedoria, reconhecendo em outras duas famosas passagens das Confissões(IV, 4, 9 e 14, 22) que o homem é «um grande enigma» (magna quaestio) e «um grande abismo» (grande profundum), enigma e abismo que só Cristo ilumina e preenche. Isto é importante: quem está longe de Deus também está longe de si mesmo, alienado de si mesmo, e só pode encontrar a si se se encontra com Deus. Deste modo, consegue chegar a seu verdadeiro eu, sua verdadeira identidade.

O ser humano, sublinha depois Agostinho no De civitate Dei (XIII, 27), é sociável por natureza mas anti-sociável por vício, e é salvo por Cristo, único mediador entre Deus e a humanidade, e «caminho universal da liberdade e da salvação», como repetiu meu predecessor João Paulo II (Augustinum Hipponensem, 21): foi deste caminho, que nunca faltou ao gênero humano, segue afirmando Agostinho nessa mesma obra, «ninguém foi libertado nunca, ninguém é libertado, ninguém será libertado» (De civitate Dei, X, 32, 2). Como único mediador da salvação, Cristo é cabeça da Igreja e está unido misticamente a ela de modo que Agostinho afirma: «Nos convertemos em Cristo. De fato, se ele é a cabeça, nós somos seus membros, o homem total é ele e nós» (In Iohannis evangelium tractatus, 21, 8).

Povo de Deus e casa de Deus, a Igreja, segundo a visão de Agostinho, está portanto ligada intimamente ao conceito de Corpo de Cristo, fundamentada na releitura cristológica do Antigo Testamento e na vida sacramental centrada na Eucaristia, na qual o Senhor nos dá seu Corpo e nos transforma em seu Corpo. Portanto, é fundamental que a Igreja, povo de Deus, em sentido cristológico e não em sentido sociológico, esteja verdadeiramente integrada em Cristo, que, segundo afirma Agostinho em uma página maravilhosa, «reza por nós, reza em nós, é rezado por nós como nosso Deus: reconhecemos portanto nele nossa voz e nós nele a sua» (Enarrationes in Psalmos, 85, 1).

Na conclusão da carta apostólica Augustinum Hipponensem, João Paulo II quis perguntar ao próprio santo o que podia dizer aos homens de hoje e responde sobretudo com as palavras que Agostinho confiou em uma carta ditada pouco depois de sua conversão: «Me parece que se deve levar aos homens a esperança de encontrar a verdade» (Epistulae, 1,1); essa verdade que é Cristo, Deus verdadeiro, a quem se dirige uma das orações mais lindas e famosas das Confissões (X, 27, 38): «Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro de mim e eu estava fora, e aí te procurava. Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Mas Tu me chamaste, clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e curaste a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz».

Deste modo, Agostinho encontrou a Deus e durante toda a sua vida fez sua experiência até o ponto de que esta realidade – que é antes de tudo o encontro com uma Pessoa, Jesus – mudou sua vida, como muda a de todos que, homens e mulheres, em todo tempo, têm a graça de encontrar-se com Ele. Peçamos ao Senhor que nos dê esta graça e nos faça encontrar assim sua paz.

O Banquete do Cordeiro (Parte 3)

“Passaram -me para trás!! cap.I
No céu agora mesmo!!
Os padres da igreja mostraram que essa descoberta não era de Scott!!.
Pregaram a respeito há mais de mil anos.
Scott, no entanto , estava convencido de que merecia o crédito pela redescoberta da relação entre missa e o livro do apocalípse!
Então, para sua surpresa, descobre que o Concílio Vaticano II o tinha passado para trás!
Reflitam nestas palavras da Constituição sobre a Sagrada Liturgia:
Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos.
Lá, Cristo está  sentado `a direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e , venerando a memória dos santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.  Até que ele, nossa vida se manifeste, e nós apareçamos com Ele na glória.
Espere um pouco. Isso é céu. Não, isso é missa. Não, é o livro do apocalípse.
Espere um pouco: Isso é tudo o que está acima!
Scott, se acalma, para não ir rápido demais, para evitar os perigos aos quais os convertidos são susceptíveis!
Pois, ele estava rapidamente se convertendo `a  fé católica!!
Contudo , essa descoberta não era produto de uma imaginação superexcitada; era o ensinamento solene de uma “concílio da igreja católica”.
Com o tempo , Scott descobre que essa era também a conclusão inevitável dos estudiosos protestantes mais rigorosos e honestos.
Um deles, Leonard Thompson, escreveu que “até mesmo uma leitura superficial do livro de apocalípse mostra a presença da linguagem litúrgica disposta em forma de culto..”.
Basta as imagens da liturgia para tornar esse extraordinário livro compreensível.
As figuras litúrgicas são essenciais para sua mensagem, escreve Thompson, e revelam “algo mais que visões de ‘coisas que estão por vir'”.

Atrações futuras  cap.I

O livro do Apocalípse tratava de Alguém que estava por vir.
Tratava de Jesus Cristo e sua “segunda vinda”, a forma como, em geral, os cristãos traduziram a palavra grega parousia .
Depois de passar horas e horas naquela capela, Scott aprende que aquele Alguém era o mesmo Jesus Cristo que o sacerdote católico erguia na hóstia.
Se os cristãos primitivos estavam certos, ele sabia que, naquele exato momento, o céu tocava a terra.
“Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”
Ainda assim, restavam muitas perguntas sérias na mente e no coração de Scott: Quanto à natureza do sacrifício.
Quanto aos fundamentos bíblicos da missa.
Quanto a continuidade da tradição da tradição católica.
Quanto a muitos dos pequenos detalhes do culto litúrgico.
Essas perguntas definiram suas investigações nos meses que levaram a sua admissão na Igreja Católica.
Em certo sentido, elas continuam a definir seu trabalho de hoje.
“Porem agora ele não faz mais perguntas como acusador ou curioso, mas como filho que se aproxima do pai, pedindo o impossível, pedindo para segurar na palma da mão uma estrela luminosa e distante.”
Scott não crê que Nosso Pai nos recuse , a sabedoria que buscamos a respeito de sua missa.
Ela é afinal de contas, o acontecimento no qual ele confirma sua aliança conosco e nos faz seus filhos.
Este livro é mais ou menos o que Scott descobriu enquanto investigava as riquezas de ” nossa tradição católica”.
Nossa herança inclui toda a Bíblia, o testemunho ininterrúpto da missa, os constantes ensinamentos dos santos, a pesquisa dos estudiosos, os métodos de oração contemplativa e o cuidado dos papas e bispos.
Na missa , você e eu temos o céu na terra.
As provas são prodigiosas.
A experiência é uma revelação!

O Banquete do Cordeiro (Parte 2)

No céu agora mesmo! Cap.I

Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos, Scott, encontra inúmeras referencias à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao “sacrifício”.

Foi então a santa missa (logicamente incógnito, visto que era um ministro protestante, calvinista), como um exercício acadêmico.

Como calvinista, foi instruído para acreditar que a missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. Pois para eles a missa era um ritual com o propósito de ” sacrificar Jesus Cristo outra vez”.

Entretanto a medida que a missa prosseguia, alguma coisa o toca.

A Bíblia estava diante dele! Nas palavras da missa!!..Isaías, Salmo, Paulo…Não obstante , manteve sua posição de espectador, à parte, até que ouve o sacerdote pronunciar as palavras da consagração:” Isto é o meu corpo…Este é o cálice do meu sangue”.

Então sentiu todas as suas dúvidas se esvaírem. Quando viu o sacerdote elevar a hóstia, percebeu que uma prece subia do seu coração em um sussurro: Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”

Quando não foi maior sua emoção ao ouvir toda a igreja orar:”Cordeiro de Deus..Cordeiro de Deus…Cordeiro de Deus” e o sacerdote dizer: “Eis o Cordeiro de Deus..”, enquanto elevava a hóstia.

Em menos de 1 min.a frase “Cordeiro de Deus ressoou 4 vezes. Graças a longos anos de estudo bíblicos, percebeu imediatamente onde estava. Estava no livro do Apocalípse, no qual Jesus é chamado de Cordeiro nada menos que 28 vezes em 22 capítulos.

Estava na festa de núpcias que João descreve no final do último livro da Bíblia.

Estava diante do trono do céu, onde Jesus é saudado para sempre como o Cordeiro.

Entretanto, não estava preparado para isso – Ele estava na MISSA!

Fumaça Santa! cap.I

Scott volta a missa por 2 semanas, e a cada dia “descobria” mais passagens das Escrituras consumadas diante de seus olhos.

Contudo, naquela capela , nenhum livro lhe era tão visível quanto o da revelação de Jesus Cristo, o Apocalípse, que descreve a adoração dos anjos e santos de céu.

Como no livro, ele vê naquela capela, sacerdotes paramentados, um altar,uma assembléia que entoava:”Santo,Santo ,Santo”.Viu a fumaça do incenso, ouviu a invocação de anjos e santos…ele mesmo entoava os aleluias, porque se sentia cada vez mais atraído a essa adoração.

A cada dia se desconcertava mais , e não sabia se voltava para o livro ou para a ação no altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma!

Mergulhou nos estudos do cristianismo antigo e descobriu que os 1ºs bispos, os Padres da igreja, tinham feito a mesma descoberta que ele fazia a cada manhã.

Eles consideravam o livro de Apocalípse a chave da liturgia e a liturgia a chave do livro do apocalípse.

Scott começa descobrir que o livro que ele mais achava desconcertante , agora elucidava as idéias mais fundamentais de sua fé:A idéia da aliança como elo sagrado da família de Deus.

Além disso, a ação que considerava a maior das blasfêmias – a missa – agora se revela o acontecimento que ratificou a aliança de Deus: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança”.

Scott estava aturdido, pois durante anos tentou compreender esse livro como uma esépécie de mensagem codificada a respeito do fim do mundo, a respeito do culto no céu distante, algo que os cristãos não poderiam experimentar aqui na terra!

Agora, queria gritar a todos dentro daquela capela durante a liturgia: “Ei, pessoal. Quero lhes mostrar onde vocês estão no livro do Apcalípse! Consultem o cap.4, vers.8.

Isso mesmo! AGORA mesmo vocês estão no céu!!!

Meus comentários: Esse livro é um livro muito bom até para os católicos que estão em converção ou mesmo que sempre foram criados dentro da Igreja, pois  ele nos esnsina o significado de muita coisas que estão na missa e passam despercebidos para gente e que tem um valor liturgico muito grande. Continuarei  a postar os capítulos do livro e esperem que gostem e adquiram o livro pois este livro é uma jóia preciosa para futuros catequistas ou bons evangelizadores!
Fiquem com Deus meus irmãos.

Salve Maria

01 – Marxismo Cultural e Revolução Cultural – Primeira Aula

Esta é uma série de palestras que busca compilar, de forma sistemática, o tema do Marxismo Cultural que se encontra difuso em diversos vídeos e palestras no site padrepauloricardo.org. O intuito é o de apresentar a revolução cultural dentro da Igreja ou, melhor dizendo, um estudo sistemático das raízes da Teologia da Libertação e de sua atuação dentro da Igreja Católica.

Como reflexão teológica, o objetivo é o de identificar o que está acontecendo com a teologia e a maneira como o pensamento revolucionário está influenciando a forma de pensar a teologia, Deus, a Igreja e o sacerdócio. Porém, para se chegar à teologia é importante conhecer as raízes desta revolução, que se encontram na filosofia.

O curso também irá abordar a razão pela qual a expressão teologia da libertação não é mais tema de discussão. Na realidade, ela já domina hegemonicamente o pensamento da própria Igreja. E é exatamente para desmascarar esse domínio velado que este curso é apresentado aos assinantes do site Christo Nihil Praeponere.

 

II Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria

“Apareceu no céu um Grande Sinal: uma Mulher Vestida de Sol, a lua debaixo dos Seus Pés, e na Cabeça, uma coroa de Doze Estrelas. (…) Foi então precipitado o grande Dragão, a Primitiva Serpente, chamado Demônio ou Satanás, o sedutor do mundo inteiro.” (Ap 12, 1; 9) “Quem é Essa que surge como a aurora, Bela como a lua, Brilhante como sol, Temível como um exército em ordem de batalha?” (Ct 6, 10).

“Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Coração Imaculado. Se fizerdes o que vos digo, muitos almas se salvarão e terão paz. (…) Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará.”(Nossa Mãe Santíssima em Fátima, 1917)

“Por Maria Jesus Cristo vem a nós, e por Ela devemos ir a Ele.” (São Luis Maria Montfort)

 

Em 2010, tivemos nossa I Campanha Nacional de Consagrações à Nossa Mãe Santíssima. Mais de 100 pessoas participaram, e fizeram a Consagração Total à Virgem Maria, pelo método que São Luis Maria Montfort nos ensina no seu maravilhoso “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.

Este foi o livro de cabeceira de nosso querido Bem-Aventurado João Paulo II, que sob o lema “Totus Tuus” (“Todo Teu”, Todo de Maria…), tão bem viveu e testemunhou esta Consagração!

Agora, neste ano de 2011, em que providencialmente o Bem-Aventurado João Paulo II foi elevado à Gloria dos Altares, tendo sido Beatificado pelo Santo Padre Bento XVI, teremos uma Campanha muito maior, que está sendo divulgada em vários de nossos sites e blogs católicos!

Queremos neste ano, de forma especial, nos unir também aos católicos de Portugal, país tão amado pela Virgem Maria, que em sua aparição em Fátima prometeu: “Em Portugal, se conservará sempre o dogma da fé.”

A abertura da nossa II Campanha Nacional de Consagrações se deu no dia 26 de Junho, no encontro “Consagra-te” em Várzea Grande-MT (ao lado de Cuiabá). Havia mais de 1000 pessoas presentes, e o evento contou com a pregação do Pe. Paulo Ricardo.

Para os que ainda não tiveram a graça de assistir, as 3 palestras do evento estão disponíveis aqui (o texto continua abaixo).

Consagra-te à Virgem Maria – Parte 1 de 3

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Consagra-te à Virgem Maria – Parte 2 de 3

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Consagra-te à Virgem Maria – Parte 3 de 3

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Convidamos, então, todos os católicos a se unirem conosco nesta Campanha, fazendo também a sua Consagração Total pelo método de São Luis Montfort, ou renovando a Sua Consagração, no dia 08 de Dezembro de 2011 (Solenidade da Imaculada Conceição).

A preparação e a Consagração poderão ser feitas em qualquer lugar, já que é um ato interior e espiritual.

São Luis Montfort recomenda que se faça 30 dias de preparação, com algumas orações simples, que poderão ser feitas individualmente ou em grupo, a começar então no dia 08 de Novembro de 2011 (elas são indicadas no próprio “Tratado” (n. 227, 233), e estaremos indicando via internet também (são 30 dias, se contarmos as 3 semanas de São Luis Montfort como “6 dias”, mas 33 dias se contarmos como “7 dias”; aqui seguiremos o planejamento dos 30 dias, pois muitos estarão se preparando conforme o livro de preparação editado pela Arca de Maria que segue o método dos 30 dias).

Duas recomendações importantes:

Primeira Recomendação

De forma geral, recomendamos que NÃO se Consagre, e NEM MESMO que se inicie os 30 dias de preparação sem a leitura completa do “Tratado”, pois como poderá preparar-se bem para a Consagração, sem a conhecê-la bem? Além do mais, a Consagração é feita uma vez na vida, e portanto, é importante que se faça com esta preparação.

Até porque a Consagração poderá ser feita em outro momento mais adiante, após a leitura do livro. Provavelmente organizaremos outras Campanhas para a Consagração em grupos em outras datas; e a Consagração também pode ser feita de forma individual, em uma data a livre escolha da pessoa.

Para quem ainda não tem o “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, ele poderá ser adquirido através dos links abaixo em versão PDF ou em versão impressa; os que desejarem, poderão também baixar as orações para os 30 dias de preparação (08 de Novembro a 08 de Dezembro).

Segunda Recomendação

Recomendamos que aqueles que puderem, participem de um grupo de preparação para a Consagração, que se reúna para estudar o “Tratado” e rezar juntos.

Este grupo poderá ser formado espontaneamente, por iniciativa de pessoas que desejam se consagrar, ou pessoas que já se consagraram e desejam ajudar a preparar outras para se consagrar (é importante a participação dos que já se consagraram no grupo, pelo seu testemunho a ser partilhado).

Temos, porém, representantes que estão à frente da nossa Campanha em várias cidades do Brasil e Portugal, e poderão ir formando Grupos de preparação à medida que forem procuradas para isso. Temos também o nosso grupo de estudos via internet, através de Facebook, Orkut e Chats no MSN (vide abaixo). Os que desejarem, convidamos a entrar em contato com nossos representantes nos e-mails que divulgamos a seguir, ao final desta postagem.

Também no mês de Outubro de 2011 o Pe. Paulo Ricardo estará, em seu programa semanal ao vivo no site padrepauloricardo.org, todas as terças-feiras às 21h (horário de Brasília), explicando o Tratado parte por parte.

Em relação à formação dos grupos, algumas sugestões:

– É importante que participem deste grupo somente pessoas que já tenham uma fé católica e uma busca de vivência cristã, caso contrário, o grupo poderá se tornar um local de debate, se afastar do seu objetivo atrapalhando as pessoas que querem se Consagrar (é claro que o diálogo é importante, mas há outros locais para isso).

Aqui não importa o número, e sim, aqueles que a Virgem enviar. Três pessoas já é um grupo!

– O estudo do Tratado deverá encerrar-se até a primeira semana de Novembro, pois no dia 08 iniciaremos as orações de preparação.

– A frequência dos encontros do grupo poderá ser feita conforme a disponibilidade: semanal ou quinzenal. Como o nosso tempo é relativamente curto, sugerimos que durante o mês de Setembro, reúnam-se as pessoas para os grupos, para que na primeira semana de Outubro iniciem-se os encontros semanais, até a primeira semana de Novembro (totalizando, portanto, 5 encontros) para no dia 08 de Novembro iniciarmos as orações de preparação.

– O local da reunião poderá ser em residências ou, na medida do possível, em paróquias, seminários, casas religiosas…

– O encontro poderá iniciar com a Oração do Santo Terço, seguida de um estudo de um ou dois capítulos do Tratado.

– Conforme o tempo disponível e o número de encontros, pode-se dividir para que em cada encontro se estude um ou dois capítulos do Tratado (o Tratado tem 8 capítulos, mais a Introdução). Se forem 5 encontros, sugerimos que no 1º se faça uma apresentação dos participantes e do Tratado, e nos demais o estudo de 2 capítulos do Tratado em cada encontro.

– Para cada encontro, todos lêem antes do encontro o(s) capítulo(s) estudado(s), e em cada encontro algumas pessoas do grupo podem ficar responsáveis em conduzir uma partilha, comentando sobre os pontos que mais lhe chamaram atenção, e oportunizando que todos do grupo comentem também. O fato de pessoas diferentes ficarem responsáveis pela condução propicia mais a participação envolvimento de todos.

– Muita atenção ao dia que se estudar o capítulo 4, pois a questão do oferecimento dos méritos e do valor de todas as obras passadas, presentes e futuras, que se faz na Consagração, faz parte da essência da mesma e isso precisa ser deixado muito claro  (ver as questões 1, 2, 3 e 4 do texto “13 perguntas sobre a Consagração Total”, presente na parte de baixo desta postagem).

– Recomenda-se que todos assistam as 3 palestras do Pe. Paulo Ricardo “Consagra-te à Virgem Maria”, que trazemos no início desta postagem. Havendo possibilidade, poderão assistir em grupo.

– No dia 08 de Dezembro de 2011, a Consagração poderá ser feita em grupo (seja participando da Santa Missa em Cuiabá-MT celebrada pelo Pe. Paulo Ricardo, ou reunindo-se em outro lugar, com Missa – de preferência! – ou não).

Importante

Os que desejarem participar da nossa Campanha, fazendo a sua Consagração Total ou renovando, presencialmente ou não, deverão enviar seus nomes para o seguinte e-mail: consagrate@hotmail.com, indicando:

  • – Nome completo
  • – Local onde mora
  • – Se está se Consagrando ou renovando a Consagração
  • – Se deseja ou não se consagrar presencialmente em Cuiabá-MT na Santa Missa celebrada pelo Pe. Paulo Ricardo (o prazo para enviar os nomes para se Consagrar presencialmente é 20 de Novembro de 2011, sem possibilidade de protelação, pois precisamos preparar o local).

As dúvidas de todos poderão ser respondidas também por este e-mail: consagrate@hotmail.com

Pedimos que esta postagem seja divulgada nos diversos sites e blogs católicos, bem como listas de e-mails, Twitter, Facebook, Orkut, e assim por diante… para formarmos uma grande rede de Consagração à Santíssima Virgem!

Blog de referência: http://www.consagrate.com

13 perguntas comuns à respeito da Consagração Total

1. Em que a Consagração proposta por São Luis Maria Montfort se diferencia das demais consagrações a Santíssima Virgem?

A Consagração proposta por São Luis é uma Consagração total, da pessoa inteira, como fala na própria fórmula da consagração, em “corpo, alma, bens exteriores, bens interiores, valor das obras boas passadas, presentes e futuras.”

E aqui é importante esclarecer: o que é este valor das boas obras?

Segundo o próprio São Luis explica, é o valor espiritual de todas as nossas obras de virtude, que se dá em 3 aspectos:

– Valor meritório: aumenta o nosso grau de glória no céu..

– Valor satisfatório: diminui a nossa eventual pena no purgatório

– Valor impetratório: é o valor que podemos “aplicar”, oferecendo uma obra de virtude por uma intensão em particular. Por esta consagração, nós nos entregamos inteiros a Virgem, e inclusive entregamos o valor das nossas boas obras, nos despojando daquilo que seria um “direito” nosso, para que Ela possa dispor deste valor livremente, e usar da forma como for melhor.

Por exemplo: por esta consagração à Virgem pode usar o valor de uma boa obra nossa para converter uma pessoa do outro lado do mundo, que nem conhecemos, que só conheceremos no céu! A explicação deste ponto encontra-se nos números 121 a 125 do Tratado.

2. Isto significa que esta consagração é superior as outras formas de consagração a Virgem?

Não necessariamente, se em outra forma de Consagração a pessoa se consagra com a consciëncia e a intensão de, entregando-se totalmente, consagrar também os seus bens espirituais, como explicamos acima, mesmo que a fórmula desta outra forma de consagração não explicite isso.

O diferencial da forma proposta por São Luis Montfort é que a fórmula expressa isso claramente, e a leitura do livro, bem como os 30 dias de preparação que ele propõe, tem como objetivo preparar a alma para este ato de Consagração Total.

3. Isso significa que, fazendo a Consagração, eu poderei me prejudicar no sentido de sofrer mais no purgatório, por ter renunciado aos meus bens espirituais?

São Luís responde sobre isso claramente no Tratado (n. 133), e diz que não!

Que Nosso Senhor e Sua Santíssima Mãe são mais generosos neste e no outro mundo, com aqueles que mais generosos lhe forem nesta vida… Ou não confiamos na Justiça e na Misericórdia de Deus?

Como acontecerá isso, não sabemos, é um mistério!

Pois está é a renúncia do Evangelho: é renunciar é ganhar cem vezes mais (Mc 10, 28-31). É perder pra ganhar.

Mais do que uma renúncia, poderia-mos dizer, a Consagração é um investimento; é colocar nossos bens mais preciosos nas Mãos Daquela que sabe administrá-los melhor do que nós, porque é a Grande Tesoureira de Deus; é colocar nossos bens na Arca do Imaculado Coração de Maria.

Alguns sugerem que Deus e Sua Mãe usem os bens espirituais de um consagrado para beneficiar outros consagrados.

Assim, os bens espirituais entregues nas Mãos Imaculadas da Virgem Maria multiplicam o seu valor, e os bens de um consagrado podem beneficiar muitos outros consagrados, e todos aqueles que Deus desejar.

4. Isso significa que, tendo feito a Consagração, eu não poderei mais fazer pedidos a Deus e a Virgem?

Poderei, sim, é o que São Luis responde no Tratado (n. 132).

O que eu não poderei mais é oferecer o valor das minhas obras por uma intensão particular (ex: fazer um jejum por uma determinada intensão), pois o valor das minhas obras, no ato de Consagração, já foi oferecido a Virgem, para que Ela, que sabe adminsitrar melhor do que, disponha livremente deste valor, para usa-lo segundo o Seu Coração.

Já fazer pedidos, eu posso; e com mais confiança ainda: pois serão os pedidos de um súdito que, por amor, entregou todos os seus bens a Sua Amada Rainha, e pede com a confiança de quem sabe que conta com toda a benevolência Dela.

Obs: São Luis ainda garante que essa Consagração é compatível com o estado de vida de cada um, e por isso não prejudica os deveres de estado de cada vocação; por exemplo, de um sacerdote que, por dever ou outro motivo, deve oferecer a Santa Missa por alguma intensão particular; pois a Consagração deve ser feita segundo a Ordem de Deus e os deveres de estado de cada vocação (n. 124).

5. Em que sentido se dá a “escravidão” à Virgem Maria? Parece algo tão estranho este termo…

É “estranho” porque precisa ser compreendido em seu significado espiritual. Se dá no mesmo sentido que a Virgem disse ao Arcanjo São Gabriel na Anunciação: “Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim conforme a Tua Palavra.” (Lc 1,38) Se dá também no sentido do que Jesus viveu, como diz São Paulo aos Filipenses (F2, 7): “Aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de Escravo”.

São Luis mostra que naquela época não existia “servos / empregados” como existe hoje, e existia apenas escravo. A diferença é que o servo não depende totalmente do seu senhor, o escravo depende! A Virgem, em sua liberdade, é Escrava por Amor, porque quis se entregar inteiramente ao Serviço do Seu Amado, do Deus que Ela ama! Por esta consagração total, seguimos o exemplo da Virgem, nos entregando, por amor, para sermos “escravos de Jesus”, ou “escravos de Jesus por Maria”, ou ainda “escravos de Maria”. Todos estes termos estão corretos, diz São Luis, entendendo bem o seu significado.

E por esta Consagração, seguimos também o exemplo de Jesus, que se submeteu totalmente a Sua Santíssima Mãe quando se encarnou e foi gerado por Ela!

As referências para este assunto estão nos números 68 a 77 do Tratado, e do número 139 a 143.

6. Há alguma prática exterior obrigatória para que a Consagração se efetive?

Não há no Tratado nenhuma evidência que ateste isso.

Pelo contrário: São Luis fala no Tratado (n. 226) que a Consagração é essencialmente interior.

E que as práticas exteriores (oração do Rosário, do Magnificat, prática da penitência, trazer junto de si um sinal externo da Consagração, ingresso em movimentos marianos, preparação de 30 dias de oração antes da Consagração, etc) são recomendáveis, mas não são moralmente obrigatórias para um consagrado (pois não se faz nenhum voto, nesse sentido, ao se fazer a Consagração), nem são necessárias para que a consagração seja válida.

Até porque São Luis Montfort, que propõe todo este método de Consagração, não criou a Consagração, nem é um rito que ele insituiu; inclusive ele fala de muitos santos que viveram essa Consagração antes dele.

O que São Luis nos dá é um método para nos ensinar e ajudar a se preparar e a viver esta Consagração.

7. A Consagração implica em voto de celibato?

Não. São Luis deixa claro que a Consagração é um ato interior, e não menciona o celibato quando fala dos práticas exteriores recomendáveis.

A consagração do corpo, que a Consagração implica enquanto entrega total da pessoa, pode ser vivida pela virtude da castidade no estado de vida de cada um: os casados vivendo a sexualidade de acordo com o projeto de Deus, os não-casados vivendo na continência, os celibatários entregando-se inteiramente a Nosso Senhor e sua Mãe Santíssima no seu celibato (ver Catecismo da Igreja Católica, n. 2348-2356).

8. Sou muito pecador! Isso é motivo para não fazer a Consagração?

Não, senão ninguém se consagraria!

É exatamente o contrário: a Consagração Total nos ajuda a sermos santos!

O que São Luis fala que é necessário (n.99), neste sentido, é a firme resolução de evitar o pecado mortal, o esforço para evitar outros pecados e a busca de uma autêntica vida de oração, penitência e apostolado.

O que, de alguma forma, é obrigação de todo o cristão…

9. Existe alguma data específica para que a Consagração seja feita?

Não há evidencias disso no “Tratado”, mas o costume é que seja em uma data mariana.

10. Como são estes 30 dias de preparação?

São orações simples, mas como uma intensão profunda, que São Luis propõe que se faça durante 30 dias, renovando todos os anos quando se renova a Consagração, da seguinte forma (n. 227-233):

A lista das orações e os textos delas encontram-se no apêndice do “Tratado”, ao menos na ediçào das Vozes, com as traduções para o português; as orações podem ser rezadas em português):
– 12 dias preliminares pedindo o desapego do mundo, rezando a cada dia “Veni, Creator Spiritus” e “Ave Maris Stela”.
– 1ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento de si mesmo, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo” e “Ladainha de Nossa Senhora”.
– 2ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento da Virgem Maria, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stela” e um Terço.
– 3ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento de Nosso Senhor, rezando a cada dia a “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stela”, “Oração de Santo Agostinho”, “Ladainha do Ssmo. Nome de Jesus” e “Ladainha do Sagrado Coração de Jesus”.

11. No dia da Consagração, o que se faz?

Se comunga (estando devidamente preparado, evidentemente; recomenda-se inclusive a confissão no próprio dia, se possível), se escreve a fórmula da consagração (se encontra no final do Tratado, chamada “Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria”) e se assina, atestando a consagração interior.

Recomenda-se ainda que neste dia se faça alguma forma de penitência (n. 231-232).

12. Não li o “Tratado” ainda. Posso me Consagrar, ou iniciar os 30 dias de preparação, mesmo assim?

A nível geral, recomendamos que não se Consagre, e nem mesmo que se inicie os 30 dias de preparação sem a leitura completa do Tratado, pois como se poderá preparar bem para a Consagração, sem a conhecê-la bem?
Além do mais, a Consagração é feita uma vez na vida, e portanto, é importante que se faça com esta preparação.

Até porque a Consagração poderá ser feito em outro momento mais para adiante, após a leitura do livro.

Provavelmente organizaremos outros “arrastões” para a Consagração em grupos em outras datas; e a Consagração também pode ser feita de forma de isolada, em uma data à livre escolha da pessoa.

Assim, recomendamos que iniciem os 30 dias de preparação aqueles que completarem a leitura do Tratado.

13. Falhei em algum exercício prático nos 30 dias ou no dia da própria Consagração, ou então cometi algum pecado mortal durante a preparação. Devo desistir de me consagrar no dia que propus?

Recomendamos, a nível geral, que não desista, e faça consagração!

Pois como dissemos, ela é um ato interior, não depende necessariamente dos atos exteriores de preparação, o demônio odeia a consagração, e poderá se utilizar de um escrúpulo nosso em não ter cumprido 100% a preparação para nos tentar a desistir de fazer.

Por isso, recomendamos que não se desista por algumas falhas nesse sentido.

No caso de uma queda em pecado mortal, que haja, evidentemente, arrependimento e se busque a Confissão o mais rápido possível.

Representantes da Campanha no Brasil e Portugal

Os contatos pessoas que estão à frente da nossa Campanha em várias cidades do Brasil, (e mais abaixo, Portugal); essas pessoas poderão ir formando os Grupos de Preparação, a medida que forem procuradas para isso pelos que desejarem. Temos também abaixo o nosso grupo de estudos via internet, através de Facebook, Orkut e chats no MSN.

Bahia

  • Salvador
    • Arca de Maria: casasantarosa_arca@yahoo.com.br / Tel: (71) 4114 0140
  • Vitória da Conquista
    • Bethânia Bettencourt: bethassa@hotmail.com

Distrito Federal

  • Brasília
    • Giselle Pereira da Silva (Equipe Rainha dos Apóstolos): gisellemariae@hotmail.com
    • Luíza (Movimento Escalada de Brasília): luiza@fidesdei.info

Ceará

  • Fortaleza
    • Magnólia Moura de Almeira: maguimalmeida@hotmail.com

Goiás

  • Anapolis
    • Arca de Maria: casasaojose_arca@yahoo.com.br ou casanossasenhoradospobres@yahoo.com.br (62) 3316 5841 ou (62) 3706 0991
  • Goiania
    • Aliança Mariana Parresia (Juninho): comparresia@gmail.com (62) 9914 9906

Mato Grosso

  • Cáceres
    • Carolina Della Chiesa: caroldellachiesao@hotmail.com
  • Cotriguaçu
    • Elivelton Ribeiro de Brito: elivelton-r.b@hotmail.com
  • Cuiabá
    • Angélica Remonatto (participante do “Namoro Sarado”, da “Missão Jovem” do “Enchei-vos”): angelica_remonatto@hotmail.com
    • Fabrícia Rodrigues (participante da Legião de Maria): rodfabricia@gmail.com
    • Kelly Santos (blog Cor Mariae): kelly_santos.arcanjos@hotmail.com
    • Nelmara Fabíola da Silva (participante do grupo Jovens Sarados): nell_fab@hotmail.com
    • Willian Vieira Ajala (participante do Ministério Universidades Renovadas): williankiomido@hotmail.com
  • Rondonópolis
    • Hiago Arruda: hiago.arruda@hotmail.com

Minas Gerais

  • Belo-Horizonte
    • Jefferson Maria (Missão Mater Rosarium): jefferson.sms@hotmail.com.br
  • Ituiutaba
    • Arca de Maria: casasantajuliana@yahoo.com.br / Tel:(34) 3262 0769
  • Monte Santo de Minas
    • Luciano Greggio:  lucianagreggio@hotmail.com
  • Sete Lagoas
    • Moisés Rocha (Comunidade Filhos de João Batista): resgatejoaobatista@ig.com.br

Paraíba

  • Campina Grande
    • Mateus Mota Lima: mateusmotalima@gmail.com
    • Pedro Augusto Silva: pedroapsilva@hotmail.com

Pernambuco

  • Recife
    • Arca de Maria: casanossasenhoradasgracas@yahoo.com.br / (81) 8509 9930 / (81) 8248 9916
  • Vitória do Santo Antão
    • Arca de Maria: arcademaria.brasil@gmail.com (81) 8509 9930

Rio de Janeiro

  • Capital
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Cristiane): fraternidademaededeus@yahoo.com.br
    • Roberto Amorim: amorim-msn@hotmail.com

Rio Grande do Norte

  • Ceará Mirim
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Ricardo): ricardocfdemaria@hotmail.com
  • Currais Novos
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Denise): denise.totustuus@hotmail.com
  • Lagoa Salgada
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (César): cesarasc@cardiol.br
  • Monte Alegre
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (César): cesarasc@cardiol.br
  • Mossoró
    • Comunidade Mariana Totus Tuus: cacildadsc@hotmail.com / Tel (84) 3318 0571 (Cacilda e Jeferson) e (84) 3318 5813 (Meire)
  • Natal
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Mara Maria): maramariacarvalho@hotmail.com
  • Parnamirim
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Isabelle): isabelledemaria@hotmail.com
  • Santa Cruz
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Pollyanderson): pollyanderson.mariano@gmail.com
  • São Gonçalo
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Ângelo): angelo.tricolor@hotmail.com
  • São Miguel do Gostozo
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Racquel): racquel.guimaraes@hotmail.com

Rio Grande do Sul

  • Porto Alegre
    • Marcos Ludwig: marcosludwig@gmail.com (participante de grupo de estudo do Prof. Olavo de Carvalho)
    • Vanessa Justen (site Reino da Virgem Mãe de Deus): vanessajusten_rs@yahoo.com.br

São Paulo

  • Guarulhos
    • Arca Maria: casasaoluis@yahoo.com.br / (11) 7499 3263 / (11) 8180 3046
  • Mirassol
    • Adolfo: ajosegc@yahoo.com.br
  • São Carlos
    • Marcelo Melo Barroso (Comunidade Totus Mariae): marcbarroso@gmail.com
  • São José do Rio Preto
    • Fernanda Maria: fernandomariajhs@hotmail.com

Portugal

  • Vila Viçosa
    • Arca de Maria: missaoportugal@yahoo.com.br

Japão

  • Anjo-shi
    • Ricardo Minamoto: rick_jp_@msn.com

Grupo de Estudos Via internet:

Fonte:http://padrepauloricardo.org/blog/ii-campanha-nacional-de-consagracoes-a-virgem-maria/

 

Católico e Espírita?

O Concílio Vaticano II chamou os leigos a participarem ativamente da vida da Igreja. Através do Decreto Apostolicam Actuositatem pede:

“Grassando na nossa época gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios cristãos” (AA,6).

Em que pese a doutrina da Igreja, bem como a sua Tradição e o seu Magistério, mostrarem a radical incompatibilidade entre o Cristianismo e o espiritismo, muitos “católicos”, fracos na fé e pouco conhecedores da doutrina, teimam em persistir neste sincretismo perigoso. Vão à missa e ao culto espírita, como se isto não fosse proibido pela fé católica.

É preciso ficar bem claro que o espiritismo (bem como suas derivações) contradiz “frontalmente” a doutrina católica em muitos pontos, sendo, portanto, impossível a um católico ser também espírita.

Em 1953, os Bispos do Brasil disseram que o espiritismo é o desvio doutrinário “mais perigoso” para o país, uma vez que “nega não apenas uma ou outra verdade da nossa fé, mas todas elas, tendo, no entanto, a cautela de dizer´se cristão, de modo a deixar , a católicos menos avisados, a impressão erradíssima de ser possível conciliar catolicismo com espiritismo” ( Espiritismo, orientação para os católicos, D.Boaventura Kloppenburg, Ed. Loyola, 5ªed, 1995,pag.11).

Muitas passagens da Bíblia comprovam o que está dito acima. A principal delas é a que está no livro do Deuteronômio:

“Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha [magia negra], nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feitichismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas…” (Deutr 18,9´13).

Essas palavras da Bíblia são muito claras e fortes e não deixam dúvida sobre a proibição “radical” de Deus a todas as formas de ocultismo e busca de poder ou de conhecimento fora da vontade de Deus. E isto é um perigo para a vida cristã, porque “contamina” a alma. Deus “abomina” aqueles que se dão a essas práticas, diz a Palavra de Deus. Abomina quer dizer, detesta, odeia, rejeita. Não consigo imaginar nada pior nesta vida do que uma pessoa ser abominável a Deus, por própria culpa.

O livro do Levítico traz a mesma condenação:

“Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis para que não sejais contaminados por eles” (Lev 19,31).

Essa “contaminação” espiritual é perigosa para o cristão. Por se tratar de um pecado grave, essa prática o coloca sob a influência e dependência do mundo tenebroso dos demônios.

A primeira consequência para a pessoa que se dá a essas práticas proibidas, é um “esfriamento” espiritual. Começa a esfriar na fé, deixa a oração, os sacramentos, e torna´se fraco na fé, na esperança e na caridade, até, digamos, morrer espiritualmente.

Se você entra num ambiente espírita, de macumba, candomblé, etc, mesmo que seja apenas por curiosidade, “sem maldade”, você está pecando e colocando´de sob o jugo do demônio. Neste assunto, é a “curiosidade” que leva muitos católicos ao pecado.

Sabemos que o demônio pode se fazer presente nesses ambientes, já que a Igreja nos garante que nenhum “espírito” dos mortos andam perambulando pelo mundo e, muito menos “baixando” em lugar algum. Os espíritos que baixam nesses “centros”, se baixam, são certamentes espíritos malignos.

Repete a Palavra de Deus, pelo livro do Levítico:

“Se alguém se dirigir aos espíritas ou aos adivinhos para fornicar com eles, voltarei o meu rosto contra esse homem…” (Lev 20,6).

Por “adivinhos” devemos entender todas as formas de se buscar o conhecimento de realidades ocultas, conhecer o futuro, etc. Entre essas práticas estão, entre outras, a invocação dos mortos ( necromancia ), a leitura das mãos (quiromancia), a astrologia, os búzios, cartomancia, consultas aos cristais, tarôs, numerologia, etc.

Uma verdade bíblica que todo católico precisa saber, é o que disse São Paulo aos coríntios:

“As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam´nas aos demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou quereis provocar a ira do Senhor?” (1 Cor 10,20´22).

Qual é o grande ensinamento que esta Palavra nos traz?

Que todo culto que se presta a uma entidade espiritual, é recebido ou por Deus ou por Satanás. Como os pagãos não prestam o seu culto a Deus, então, por exclusão, quem o recebe é o demônio. Daí podermos entender porque Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas pagãs já citadas. Neste caso, Deus é rejeitado, é traido. E daí podemos entender também porque o “ambiente” fica propício à presença e manifestação do Mal.

O Antigo Testamento está repleto da “fúria” de Deus para com o seu povo eleito, quando esse povo “prevaricava”, isto é, praticava a idolatria. Nessas situações, Deus abandonava o seu povo nas mãos dos seus inimigos, que os vencia nos combates, e muitas vezes os escravizava. O socorro de Deus só chegava depois que o povo se arrependia do mal que praticara. Pela boca do profeta Jeremias o Senhor diz:

“Eu os condenarei pelos males que cometeram, por me haverem abandonado, ofertando incenso a outros deuses e adorando a obra de suas mãos” (Jer 1,16).

“Ó céus, plasmai, tremei de espanto e horror …

Porque o meu povo cometeu uma grande perversidade: abandonou´me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retém a água”(Jer 2,11´13).

E o povo de Deus tinha plena consciência de que era a prática da idolatria que atraia sobre ele os castigos:

“Porque decretou o Senhor contra nós todos esses flagelos? Qual é o pecado, qual é o crime que cometemos contra o Senhor nosso Deus? Tu lhe dirás: É que vossos pais me abandonaram ´ oráculo do Senhor ´ para correr após outros deuses, rendendo´lhes um culto e diante deles se prosternando. E porque me abandonaram e deixaram de cumprir a minha lei, e porque vós mesmos fizestes pior que vossos pais, cada qual, sem me ouvir, obstinou´se em seguir as más tendências de seus corações. Assim, expulsar´vos´ei desta terra para vos lançar numa terra que não conhecestes, nem vós, nem vossos pais. Lá, dia e noite, rendereis culto aos deuses estranhos, porque eu não vos perdoarei”(Jer16,10´13).

Os Atos dos Apóstolos, escrito por S. Lucas, contam que S. Paulo expulsou um “espírito de adivinhação” de uma moça escrava que, com suas adivinhações dava muito lucro a seus senhores. Disse S. Paulo a esse espírito de adivinhação:

“Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela”. “E na mesma hora saiu” (At 16,16´18).

É óbvio que S. Paulo não falara a um “fantasma” ou a algo inexistente, apelando para a autoridade do Nome de Jesus. São Paulo expulsou da escrava um demônio, um espírito de adivinhação que estava na moça e dava´lhe o poder de adivinhar.

Isso muitas vezes ocorre nos centros espíritas e nos terreiros de macumba. O demônio sabe se “transfigurar em anjo de luz” (II Cor 11,14), como nos alerta São Paulo. E muito católico desavizado cai nas suas armadilhas. Como ele é um anjo, embora decaído, conserva os seus poderes superiores aos nossos. Sua inteligência é muito mais perfeita que a dos homens. E ele faz também os seus “milagres”. Para conferir isto com a Palavra de Deus, basta ler o que São Paulo fala na carta aos tessalonicenses:

“A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar” ( 2 Ts 2,9´10).

O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã:

  1. Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser comprendido e explicado.
  2. Nega a inspiração divina da Bíblia.
  3. Nega o milagre.
  4. Nega a autoridade do Magistério da Igreja.
  5. Nega a infalibilidade do Papa.
  6. Nega a instituição divina da Igreja.
  7. Nega a suficiência da Revelação.
  8. Nega o mistério da Santíssima Trindade.
  9. Nega a existência de um Deus Pessoal e distinto do mundo.
  10. Nega a liberdade de Deus.
  11. Nega a criação a partir do nada.
  12. Nega a criação da alma humana por Deus.
  13. Nega a criação do corpo humano.
  14. Nega a união substancial entre o corpo e a alma.
  15. Nega a espiritualidade da alma.
  16. Nega a unidade do gênero humano.
  17. Nega a existência dos anjos.
  18. Nega a existência dos demônios.
  19. Nega a divindade de Jesus.
  20. Nega os milagres de Cristo.
  21. Nega a humanidade de Cristo.
  22. Nega os dogmas de Nossa Senhora (Imaculada Conceição, Virgindade perpétua, Assunção, Maternidade divina).
  23. Nega nossa Redenção por Cristo (é o mais grave! ).
  24. Nega o pecado original.
  25. Nega a graça divina.
  26. Nega a possibilidade do perdão dos pecados.
  27. Nega o valor da vida contemplativa e ascética.
  28. Nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.
  29. Nega o valor dos Sacramentos.
  30. Nega a eficácia redentora do Batismo.
  31. Nega a presença real de Cristo na Eucaristia.
  32. Nega o valor da Confissão.
  33. Nega a indissolubilidade do Matrimônio.
  34. Nega a unicidade da vida terrestre.
  35. Nega o juízo particular depois da morte.
  36. Nega a existência do Purgatório.
  37. Nega a existência do Céu.
  38. Nega a existência do Inferno.
  39. Nega a ressurreição da carne.
  40. Nega o juízo final.

Apesar de tudo isso muitos continuam a proclamar que “o espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma coisa…”

Na verdade é o “joio no meio do trigo” (Mt 13,28), que o inimigo semeou na messe do Senhor. Nada como o espiritismo nega tão radicalmente a doutrina católica.

Ouçamos, finalmente, a palavra oficial da nossa Mãe Igreja, que tão bem nos ensina através do Catecismo:

“Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supoem “descobrir” o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia (leitura das mãos), a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão (bolas de cristais), o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus” (N° 2116).

“O espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá´lo” (N° 2117).

Os católicos que se deram a essas práticas condenadas pela Igreja podem e devem abandoná´las com urgência. Devem procurar um sacerdote, fazer uma confissão clara dos seus pecados e prometer a Deus nunca mais se dar a essas práticas.

É preciso também destruir todo material (livros, imagens, gravuras, vestes, etc) usadas e consagradas nesses cultos.

O pecado dessas práticas é contra o primeiro mandamento da Lei de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. A gravidade está no fato da pessoa ir buscar poder, fama, dinheiro, consolação, etc, num lugar e numa prática não permitida por Deus e pela Igreja. Isto ofende a Deus.

Essas práticas eram usadas na Mesopotâmia antiga, no Egito, entre os povos de Canãa, enfim, entre os pagãos, e eram terminantemente proibidas por Deus ao seu povo.

Parece que hoje, grande parte do povo, volta ao paganismo e às suas práticas idolátricas. Isto nega o Cristianismo. A Igreja, como Mãe bondosa e cautelosa não quer que os seus filhos se percam.

 

Prof. Felipe Aquino

 

Fonte: http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=SEITA&id=sei0850

Mitos litúrgicos ( Parte 4 de 4 )

Mito 25: “Cada comunidade deve ter a Missa do seu jeito”

Não deve e não pode ter a Missa do seu jeito, e sim do jeito católico.

O Concílio Vaticano II já dizia (Sacrossanctum Concilium, 22): “Ninguém mais, absolutamente, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica.”

Escreveu o saudoso Papa João Paulo II : (Ecclesia de Eucharistia, n. 52) “Atualmente também deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia. O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade, que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso mas expressivo o seu amor à Igreja. (…) A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos: é demasiado grande para que alguém possa permitir-se de tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu caráter sagrado nem a sua dimensão universal.”

Também a Instrução Inaestimabile Donum, de 1980, afirma: “Aquele que oferece culto a Deus em nome da Igreja, de um modo contrário ao qual foi estabelecido pela própria Igreja com a autoridade dada por Deus e o qual é também a tradição da Igreja, é culpado de falsificação.”

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, afirmou: “É preciso que volte a ser claro que a ciência da liturgia não existe para produzir constantemente novos modelos, como é próprio da indústria automobilística. (…) A Liturgia é algo diferente da invenção de textos e ritos, porque vive, precisamente, do que não é manipulável.” (“O Sal da Terra”)

 

Mito 26: “Pode-se fazer tudo o que o Missal não proíbe”

Não se pode.

O Concílio Vaticano II proíbe acréscimos na Sagrada Liturgia, como foi dito acima (Sacrossanctum Concílium, n.22). A interpretação do Missal é estrita: assim, na Santa Missa, faz-se somente o que o Missal determina e nada mais do que isso.

Esta é uma diferença entre a Santa Missa e os grupos de oração, os encontros de evangelização e outros momentos fora da Sagrada Liturgia, onde pode-se usar de uma espontaneidade que não tem lugar dentro da Missa.

O Rito, por sua própria essência, prima pela unidade. Diz a Instrução Redemptionis Sacramentum (n.11) :

“O Mistério da Eucaristia é demasiado grande «para que alguém possa permitir tratá-lo ao seu arbítrio pessoal, pois não respeitaria nem seu caráter sagrado, nem sua dimensão universal. Quem age contra isto, cedendo às suas próprias inspirações, embora seja sacerdote, atenta contra a unidade substancial do Rito romano, que se deve cuidar com decisão (…) Além disso, introduzem na mesma celebração da Eucaristia elementos de discórdia e de deformação, quando ela tem, por sua própria natureza e de forma eminente, de significar e de realizar admiravelmente a Comunhão com a vida divina e a unidade do povo de Deus.”

Também o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, juntamente o Messori, no livro “A Fé em Crise?”, publicado em 1985, afirma: “A liturgia não vive de surpresas `simpáticas’, de intervenções `cativantes’, mas de repetições solenes (…) Também por isso ela deve ser `predeterminada’, `imperturbável’, porque através do rito se manifesta a santidade de Deus. Ao contrário, a revolta contra aquilo que foi chamado `a velha rigidez rubricista’, (…) arrastou a liturgia ao vórtice do `faça-você-mesmo’, banalizando-a, porque reduzindo-a à nossa medíocre medida” .

 

Mito 27: “O padre é autoridade, por isso deve-se obedecê-lo em tudo”

Não se deve.

A Santa Igreja é hierárquica, e uma determinação de um sacerdote que vá contra uma determinação de Roma é automaticamente nula.

O Concílio Vaticano II, como foi dito acima, deixa claro que nem mesmo os sacerdotes podem alterar a Sagrada Liturgia (Sacrossanctum Concilium, n. 22)

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, é incisivo em dizer (“O Sal da Terra”) : “Do que precisamos é de uma nova educação litúrgica, especialmente também os padres.”

A Instrução Redemptionis Sacramentum afirma ainda que todos tem responsabilidade em procurar corrigir os abusos litúrgicos, mesmo quando isso implica em expor queixa aos superiores. Diz o documento (n. 183-184):

“De forma muito especial, todos procurem, de acordo com seus meios, que o santíssimo sacramento da Eucaristia seja defendido de toda irreverência e deformação, e todos os abusos sejam completamente corrigidos. Isto, portanto, é uma tarefa gravíssima para todos e cada um, excluída toda acepção de pessoas, todos estão obrigados a cumprir este trabalho. Qualquer católico, seja sacerdote, seja diácono, seja fiel leigo, tem direito a expor uma queixa por um abuso litúrgico, ante ao Bispo diocesano e ao Ordinário competente que se lhe equipara em direito, ante à Sé apostólica, em virtude do primado do Romano Pontífice. Convém, sem dúvida, que, na medida do possível, a reclamação ou queixa seja exposta primeiro ao Bispo diocesano. Para isso se faça sempre com veracidade e caridade.”

 

Mito 28: “Procurar obedecer à leis é farisaísmo”

Não é, se essas leis forem leis instituídas por Deus ou por quem Deus delega tal poder.

O que Nosso Senhor censurou nos fariseus NÃO foi a preocupação em obedecer em santas leis de Deus. O próprio Senhor disse: “Se guardardes os Meus Mandamentos, sereis constantes no Meu Amor, como também Eu guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto no Seu Amor.” (Jo 15, 10-11) E ainda: “Não julgueis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdades vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aqueles que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus.” (Mt 5, 17-19)

A lei divina precisa ser obedecida. Os erros que Nosso Senhor condenou nos fariseus foram dois: o fato de eles ensinarem uma coisa e viverem outra (“Este povo somente Me honra com os lábios; mas seu coração está longe de Mim” – Mc 7,6); e o fato de eles interpretarem a lei de forma errada em algumas ocasiões (“Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens” – Mc 7,8), como no caso da proibição deles em relação às curas realizadas em dia de Sábado.

Não existe distinção entre obedecer diretamente a Deus e obedecer a lei da Santa Igreja. Nosso Senhor confiou a São Pedro, o primeiro Papa (Mateus 16,18-19), o poder de ligar e desligar. O Catecismo da Igreja Católica explica que “o poder de ligar e desligar” significa a autoridade de absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja.” (n. 553) Por isso, recusa de sujeição à lei da Santa Igreja é pecado contra o 1º mandamento (Cat., n. 2088-2089)

Obedecer à lei da Santa Igreja é obedecer à Deus; obedecer à Deus é obedecer também a lei da Santa Igreja.

 

Mito 29: “O que importa é o coração”

Não exclusivamente.

Aos que afirmam que “o que importa é o coração”, vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, flores, incenso, gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica a respeito do que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro.

A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: “De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (…) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo.” (Mane Nobiscum Domine, 18)

O ser humano é corpo e alma, e faz parte da natureza humana manifestar a disposição interior por meio de gestos (abraçar, dar presente, se vestir bem, arrumar a mesa para uma festa). E a Sagrada Liturgia é perfeitamente compatível com a natureza e as necessidades do ser humano.

É preciso haver um equilíbrio no sentido de que a disposição interna é expressa pelos gestos externos, e os gestos externos, por sua vez, reforçam a disposição interna. É um círculo vicioso.

Os gestos externos sem a disposição interior são um erro (farisaísmo); a disposição interior sem a atenção aos gestos externos também é um erro, pois se contrapõe à elementos fundamentais da Sagrada Liturgia (afinal, somos alma e corpo, não somos o “Gasparzinho”).

Por exemplo: como vamos convencer o mundo que Nosso Senhor Jesus Cristo está verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento, se tratarmos a Hóstia Consagrada como um alimento qualquer?

É preciso frizar aqui a importância do vestir-se com solenidade na Sagrada Liturgia. O Catecismo da Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: “A atitude corporal – gestos, roupa – há de se traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede.”

É preciso evitar, então, primeiramente as roupas que expõe o corpo de forma escandalosa, como decotes profundos, shorts curtos ou blusas que mostrem a barriga. Mas convém que se evite também tudo o que contraria, como afirma o Catecismo, a alegria, a solenidade e o respeito – isto é, banaliza o momento sagrado.

O bom senso nos mostra, por exemplo, que partindo d princípio da solenidade, é melhor que se use uma calça do que uma bermuda. Ora, na nossa cultura, não se vai a um encontro social solene usando uma bermuda!

O bom senso nos mostra também que, partido do princípio do respeito e da não-banalização do sagrado, é melhor que se evite roupas que chamam atenção para o corpo ou para elementos não relacionados com a Sagrada Liturgia. É melhor que uma mulher, por exemplo, utilize uma blusa com mangas do que um blusa de alcinha; é melhor que utilize uma calça discreta, saia ou vestido do que uma calça “mulher-gato” (isto é, apertadíssima); também é melhor que se utilize, por exemplo, uma camisa ou camiseta discreta do que uma camiseta do Internacional ou do Grêmio.

São Josemaria Escrivá, em um de suas fantásticas homilias, recorda seus tempos de infância, dizendo: “”Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor.” Afirma ainda: “Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?” (“Homilias sobre a Eucaristia”, Ed. Quadrante)

Vivemos em uma sociedade de imagens, e uma imagem fala mais do que mil palavras…

 

Mito 30: “A Missa Tridentina é antiquada”

Não é.

A Missa Tridentina é o Rito Romano celebrado na sua forma tradicional, promulgada pelo Papa São Pio V no Concílio de Trento. As diferenças entre a Missa Tridentina e a forma do Rito Romano aprovada pelo Papa Paulo VI NÃO são somente a posição do sacerdote e a língua litúrgica (pois como foi dito acima, também na forma moderna do Rito Romano é lícito celebrar em latim e com o sacerdote e povo voltados na mesma direção). As diferenças vão além: dizem respeito principalmente ao conjunto de ações do sacerdote, dos demais ministros e do povo que participa, bem como às orações previstas no Rito.

Com o Motu Próprio Summorum Pontificum, publicado em 2007, o Santo Padre demonstrou que essas duas formas do Rito Romano não são apenas duas formas válidas e lícitas, mas também duas formas autenticamente católicas de celebrar, e por isso mesmo, não há contradição entre elas. Escreveu o Santo Padre: “Estas duas expressões da lei da oração (lex orandi) da Igreja de maneira nenhuma levam a uma divisão na lei da oração (lex orandi ) da Igreja, pois são dois usos do único Rito Romano.” (Summorum Pontificum) E ainda: “As duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente (…) Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum.” (Carta aos Bispos, que acompanhou o Motu Próprio)

O Santo Padre ainda fez questão de mostrar que a Missa Tridentina NÃO se contrapõe ao Concílio Vaticano II: “”Há o temor de que seja aqui afectada a autoridade do Concílio Vaticano II e que uma das suas decisões essenciais – a reforma litúrgica – seja posta em dúvida. Tal receio não tem fundamento.” (Carta aos Bispos)

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, já havia escrito (em “O Sal da Terra): “A meu ver, devia-se se deixar seguir o rito antigo com muito mais generosidade àqueles que o desejam. Não se compreende o que nele possa ser perigoso ou inaceitável. Uma comunidade põe-se em xeque quando declara como estritamente proibido o que até então tinha tido como o mais sagrado e elevado, e quando considera, por assim dizer, impróprio o desejo desse elemento. Pois em que se poderá acreditar ainda do que ela diz? Não voltará a proibir amanhã o que hoje prescreve? (…) Infelizmente, entre nós, a tolerância de experiências aventureiras é quase ilimitada; contudo, a tolerância a liturgia antiga é praticamente inexistente. Desse modo, está-se certamente no caminho errado.”

 

Mito 31: “Para celebrar a Missa Tridentina é preciso autorização do Bispo local”

Não precisa, nem o Bispo local pode exigir isso.

Com o Motu Próprio Summorum Pontificum, o Santo Padre Bento XVI liberou universalmente a celebração da Missa Tridentina (antes, ela estava restrita à autorização dos bispos locais).

 

Mito 32: “Ir à Missa dominical não é obrigação”

É moralmente obrigado aos católicos participarem da Santa Missa Dominical, sim.

Muitos relativizam isso falando coisas como “não se visita um amigo por obrigação, mas por amor”.

Evidentemente, Deus é Aquele que nos amou primeiro, precisa ser nosso melhor amigo e é digno de todo nosso amor e de todo nossa adoração. Porém, não estamos falando aqui de um “amiguinho qualquer”, mas de Deus!

E é Justo que se obedeça as Suas Leis, que inclui a Lei da Santa Igreja, como foi explicado acima. Estamos moralmente obrigado a isso. Isso é dar a Deus o que é de Deus (Mateus 22, 21).

Diz o Catecismo: “O Mandamento da Igreja determina e especifica a Lei do Senhor. Aos Domingos e nos outros dias de festa preceito, os fiéis tem a obrigação de participar da Missa. Satisfaz ao preceito de participar da Missa quem assista à Missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia ou na tarde do dia anterior.” (n. 2180) A participação na Santa Missa no Sábado à tarde, portanto, cumpre o preceito dominical.

Além disso, devem ser guardados como dia de festa de preceito o “dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e Sangue de risto, de Santa Maria, Mãe de Deus, de sua Imaculada Conceição e Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos os santos.” (n 2177). Os fiéis católicos tem, portanto, obrigação de participar da Santa Missa também nos dias de cada uma dessas festas ou nas tardes dos dias anteriores à cada uma delas.

No Brasil, para facilitar o cumprimento do preceito, várias destas festas são transferidas para o Domingo, por determinação da CNBB com a aprovação da Santa Sé. As únicas que permaneceram no calendário litúrgico além dos Domingo são: Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo (25 de dezembro), Santa Maria, Mãe de Deus (01 de Janeiro), Corpus Christi (data móvel) e Imaculada Conceição da Virgem Maria (08 de Dezembro) – ver comentário do Pe. Jesús Hortal sobre o cânon 1246, no Código de Direito Canônico editado pela Loyola.

Ainda em relação à participação da Santa Missa nos dias de preceito, o Catecismo deixa claro: “Os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado mortal.” (n. 2181) O cânon 1245 afirma que o pároco pode conceder ao fiel, por razão justa, a dispensa da obrigação de guardar uma festa de preceito.

Importa dar a Deus o que é de Deus (Mateus 22, 21).

“Amor com amor se paga”, diz São João da Cruz, doutor da Santa Igreja.

Persevera no amor quem vive os mandamentos de Deus (Jo 15,10).

 

Referências Bibliográficas

BENTO XVI, Papa. Carta aos Bispos que acompanha o Motu Próprio Summorum Pontificum. Disponível digitalizado em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2007/documents/hf_ben-xvi_let_20070707_lettera-vescovi_po.html

BENTO XVI, Papa. Carta apostólica Motu proprio datae Summorum Pontificum sobre o uso da Liturgia Romana anterior a reforma de 1970. Disponível digitalizado (tradução não-oficial para o português) em: http://www.zenit.org/article-15585?l=portuguese e (original em latim) em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/motu_proprio/documents/hf_ben-xvi_motu-proprio_20070707_summorum-pontificum_lt.html

BENTO XVI, Papa. Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e da Missão da Igreja. Disponível digitalizado em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20070222_sacramentum-caritatis_po.html

BETTENCOURT, Estêvão, OSB. Comungar de Joelhos ou em pé? In: Revista “Pergunte e Responderemos”. Nº 493 – Ano : 2003 – Pág. 330. Disponível digitalizado em: http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESTEVAO&id=deb0108

CONCÍLIO DE TRENTO. Documentos das sessões do Concílio tridentino. Parte da documentação conciliar tridentina pode ser encontrada digitalizada (em espanhol) em: http://multimedios.org/docs/d000436/

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JOÃO PAULO II, Papa. Carta Apostólica Ordinatio Sacredotalis sobre a ordenação sacerdotal reservada somente aos homens. Disponível digitalizado em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_22051994_ordinatio-sacerdotalis_po.html

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VATICANO, Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Redemptionis Sacramentum sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia. Digitalizado disponível em: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_20040423_redemptionis-sacramentum_po.html

 

Fonte: http://www.reinodavirgem.com.br/liturgia/mitos-liturgicos.html